No fim do século XIX a cidade do Porto vivia na ressaca de um século de intensas lutas políticas e revoluções que tinham colocado a «capital do norte» na liderança dos movimentos políticos do país.
Fazendo jus à sua fama de pioneiro, o FC Porto venceu também a primeira edição da I Liga em 1934/45, e a primeira época do Campeonato da 1ª Divisão, disputado quatro anos depois. Orientados pelo húngaro Siska e contando com Pinga e Costuras na frente, o FC Porto foi bicampeão nacional.
Em 1948 o FC Porto recebe e vence o Arsenal de Londres, considerado então o melhor clube do mundo por 3x2. Para comemorar o feito, os adeptos do FC Porto fizeram uma coleta para comprar um troféu que imortalizasse o feito.
Uma taça com mais de 130 kg de Prata, madeira fina, vidro, veludo, esmalte, ouro e pedras preciosas num peso total de 300 kg, é ainda hoje um dos mais imponentes troféus que o FC Porto guarda na sua posse.
Após esses três títulos em seis anos os dragões entraram num período de letargia, não conseguindo vencer nenhum campeonato durante quinze anos, não obstante, contarem com alguns dos melhores executantes do futebol nacional como o guarda-redes Barrigana, o defesa Virgílio, o médio Araújo e o “mago” HernâniSeria só em 1955/56, ainda com Virgílio e Hernâni em campo, secundado por outros mais jovens como Osvaldo Silva, José Maria Pedroto, Acúrsio e Miguel Arcanjo, que os azuis-e-brancos chegam à última jornada e sagram-se campeões com os mesmos pontos que o Benfica. Para completar uma época de sonho o FC Porto conquistou a primeira Taça de Portugal do seu historial à 16ª presença na competição.
Contra tudo e contra todos...
Em 1958/59 os azuis e brancos chegam à última jornada novamente empatados com os benfiquistas. Em Torres Vedras contra o Torreense o FC Porto entrou em campo com quatro golos de vantagem sobre os lisboetas. O FC Porto venceu por 0-3 enquanto em Lisboa o Benfica vencia a CUF por 7-1 num jogo que terminou 10 minutos depois de Torres Vedras para desespero dos adeptos e jogadores portistas. Quando Inocêncio Calabote apitou para o fim da partida em Lisboa, dispararam-se os foguetes em Torres Vedras e na Invicta.
Depois da festa veio nova longa travessia do deserto... Durante os anos 60 os azuis-e-brancos acumularam frustrações, apenas conquistando uma Taça em 1967/68, batendo o Setúbal na final do Jamor. De permeio, os dragões perderam uma final da casa disputada no Estádio das Antas com o Leixões 0x2 para surpresa do país desportivo.
No início dos anos setenta, com o despontar de uma nova geração de jogadores que contava com promessas como o malogrado Pavão, que faleceria a 16 de dezembro de 1973, num jogo contra o Vitória de Setúbal em pleno Estádio das Antas, os azuis-e-brancos prometiam novas façanhas que iam sendo continuamente adiadas, mesmo depois da contratação de Cubillas, o mago peruano que à época era o jogador mais caro de sempre do futebol nacional.
De pombinhos a falcões
No pós-25 de Abril, com a chegada da dupla José Maria Pedroto (treinador) e Pinto da Costa (Chefe Dep. Futebol) os dragões conquistaram o título 19 anos depois, numa das vitórias mais festejadas da história do clube. A cidade literalmente parou e a festa foi longa e duradoura, ultrapassando na folia o próprio São João.
Depois do bicampeonato em 1979, Pedroto e Pinto da Costa saíram do clube em desavença pública. Após o verão quente azul-e-branco, meia equipa do FC Porto deserta em solidariedade com ambos e em 1982 um grupo de sócios convence Jorge Nuno Pinto da Costa a candidatar-se a Presidente e a história do FC Porto muda definitivamente...
Após uma vitória na Taça em 1984, o primeiro título de Campeão do consulado de PC chega no ano seguinte. Um ano antes, além da vitória na Taça os dragões chegam à final da Taça das Taças, a primeira final europeia da história, quebrando um monopólio europeu dos rivais de Lisboa.
Da tristeza de Berna à glória de Viena
Com uma leva de grandes jogadores nacionais como Frasco, Inácio, Jaime Pacheco, Fernando Gomes, João Pinto, António Sousa, Jaime Magalhães.. Os dragões lançam-se à conquista da liderança do futebol nacional discutindo com os benfiquistas campeonato a campeonato.
A 27 de maio de 1987 chega um momento nunca antes sonhado por muitos portistas... Após uma carreira de mérito onde se destacou uma histórica vitória em Kiev, os dragões chegam à final da Taça dos Campeões contra o todo-poderoso Bayen München.No Pratter em Viena, a mais bela valsa azul-e-branca foi criada com a arte magistral do calcanhar de Madjer, a finalização mortífera de Juary e o deambular genial de Paulo Futre. O Porto era campeão da Europa, Portugal estava em festa 25 anos depois e João Pinto prometia nunca mais largar aquela Taça...
Meses depois, na neve de Tóquio, o FC Porto vencia o Peñarol, novamente com um golo de Madjer, e um clube português conquistava o Mundo pela primeira vez na história.
Os anos continuaram com o FC Porto a assumir aos poucos a liderança nacional que ficou vincada decididamente a partir de 1994/95, quando Bobby Robson guiou a geração dourada de Baía, Couto, Jorge Costa e companhia ao primeiro dos cinco títulos do pentacampeonato que marcou uma fase no futebol nacional com os golos incontáveis do «Supermário» Jardel.
Mourinho: a Europa aos pés do Porto
Após um interregno de três épocas no virar do século, que serviram para abrir a ideia de que o Porto perdera a hegemonia do futebol nacional, Pinto da Costa foi buscar ao Leiria o jovem José Mourinho que o Benfica tinha dispensado e o Sporting desistira de contratar.
Com Mourinho ao leme o FC Porto entrou em nova era dourada, conquistando tudo que havia para conquistar: bicampeão nacional, vencedor da Taça de Portugal e da Taça UEFA conquistada na canícula de Sevilha após um dramático prolongamento contra o Celtic...
Após a saída de Mourinho e o despoletar do caso Apito Dourado, o FC Porto passou por um período de incerteza e viu o título fugir para Lisboa e para o rival Benfica, mas rapidamente a equipa encontrou-se e reconquistou o campeonato, iniciando a conquista de um tetra sob a batuta de Jesualdo Ferreira.
De novo a glória europeia em Dublin
Em 2011, depois de o Benfica ter conseguido por um ano, interromper a supremacia azul-e-branca, os dragões guiados pelo jovem André Villas-Boas partiram para uma época de sonho conquistando Campeonato sem derrotas e apenas três empates (com um 5-0 ao Benfica e título conquistado na Luz pelo meio) – novo recorde portista -, vencendo ainda a Taça com um 6-2 sobre o Vitória e conquistando a Supertaça contra o Benfica.
Para coroar uma época para ficar na antologia portista, os azuis-e-brancos viram Hulk, Falcao, Moutinho e companhia conquistarem a segunda Liga Europa do seu historial, batendo na final o vizinho Sporting de Braga.
O primeiro título acabaria por ser conquistado de forma "natural", com o Benfica a dar luta até às últimas jornadas, mas foi o segundo que (mais) ficou na história.
O campeonato estava a ser disputado jogo a jogo, ponto a ponto. No Dragão, na penúltima ronda, jogava-se o título entre FC Porto e Benfica. Tudo o que não fosse a vitória dos portistas "dava" o título às águias. E surgiu Kelvin, com um mítico minuto 92' que colocou os decibéis do Dragão no nível mais alto da história e que ajoelhou Jorge Jesus. Terminavam assim dois anos com apenas uma derrota em 60 jogos de campeonato...
O título era azul e branco, mas era evidente que a hegemonia estava em causa. O Benfica apresentava-se cada vez mais imponente - como principal adversário - e Vítor Pereira não resistiu à tal desconfiança, depois de dois anos.
Pinto da Costa apostou em Paulo Fonseca para liderar os destinos dos dragões - após o terceiro lugar histórico com o Paços de Ferreira - mas correu tudo mal. Seguiram-se Luís Castro, Lopetegui, Rui Barros, José Peseiro e Nuno Espírito Santo, nas épocas que coincidiram com o primeiro tetra do Benfica e com o período mais negro (em termos de títulos) no que à presidência de Pinto da Costa diz respeito (quase cinco anos). Até que chegou...
Sérgio Conceição fez o FC Porto campeão
A época 2017/18 tinha tudo para ser uma das importantes da história do FC Porto. Em causa estavam vários aspetos decisivos para os anos que se avizinhavam. Os quase cinco anos sem ganhar um único título e a possibilidade do eterno rival Benfica chegar ao penta. Um "título" que apenas o FC Porto havia conquistado.
Para isso, Pinto da Costa voltou a apostar num treinador com escola portista. Nuno Espírito Santo não resultou e Sérgio Conceição era a nova cartada do mítico presidente. E com ele trouxe toda a garra e ADN FC Porto que havia faltado nos anos sem títulos. Deu em título nacional e em «Penta Xau» para o Benfica...
A segunda temporada de Conceição no comando dos azuis e brancos viu o FC Porto chegar aos quartos de final da Liga dos Campeões, onde foi derrotado por um Liverpool que acabaria por conquistar o troféu na final desse mesmo ano, por um agregado de 6-1.
Esse registo, no entanto, acabou por ser bastante diferente na época seguinte, em 2021/22. Numa temporada onde a aposta na prata da casa foi forte - com jogadores como Vitinha, Diogo Costa e Fábio Vieira em destaque -, ao qual se juntou um grande poderio ofensivo - Taremi e Evanilson os melhores marcadores -, os dragões estiveram em grande no campeonato e sagraram-se campeões nacionais pela 30ª vez na história, celebrando em pleno Estádio da Luz, na penúltima jornada da Liga.
Internacionalmente, contudo, a época foi desilusão, não tendo o dragão conseguido passar da fase de grupos da Champions, nem a temporada seguinte a nível doméstico, com o Benfica a agigantar-se e a voltar aos títulos, ainda que um FC Porto ferido pelas várias vendas do verão tenha levado a decisão até ao último dia.