Depois de fazer o seu trajeto nos escalões jovens do clube, Moore estreou-se na equipa principal a 8 de setembro de 1958, substituindo o seu mentor, Malcom Allison - esse mesmo, o do
Sporting - que se encontrava de baixa, com tuberculose, que assim deixou vaga a camisola «seis» que Moore ajudaria a tornar mítica.
O mais jovem capitão
A precocidade do seu futebol e a segurança que incutia no jogo dos hammers, levou o selecionador Walter Winterbottom a convocá-lo para a seleção, chamando-o para a equipa que foi disputar o mundial do Chile em 1962, o primeiro dos três que disputou. Viajou com a equipa sem contar nenhuma internacionalização, estreando-se num amigável com o Peru, que os ingleses venceram por 4x0.
Com Michael Caine, com quem contracenou em «Fuga para a Vitória», em 1981.
Uma exibição de grande quilate, impressionou treinador e a imprensa, ao ponto de Moore nunca mais perder um lugar no «onze», jogando os quatro jogos da Inglaterra no mundial (5).
A 29 de maio de 1963, um
Bobby Moore com apenas 22 anos, capitaneava pela primeira vez a equipa inglesa, tornando-se no mais jovem jogador a envergar a braçadeira na seleção dos «três leões». Desde esse dia, e até à data em que pendurou as botas, a braçadeira tornou-se uma peça indispensável do seu equipamento.
Wembley, o talismã
A sua carreira nos
hammers (1958-74), onde vestiu a camisola azul-bordeaux por 544 vezes, acabou por só lhe valer dois títulos, conquistados no espaço de um ano, sendo o primeiro deles a
FA Cup, a Taça de Inglaterra, a competição que os ingleses consideram a mãe de todas as competições.
Nessa tarde de 2 de maio de 1964, perante cem mil pessoas, Moore capitaneou o «onze» desenhado por Ron Greenwood, ajudando o West Ham a levar de vencida o Preston North End por 3x2, com o golo da vitória a ser apontado por Ronnie Boyce ao nonagésimo minuto.
Esta foi a primeira de três taças levantadas pelo «
old captain» num espaço de dois anos. Curiosamente, todas elas conquistadas em
Wembley. O segundo passo dessa tripla conquista, seria a Taça dos Vencedores das Taças, a 19 de maio de 1965, quando o West Ham bateu o 1860 Munique por duas bolas a zero.
Pouco mais de um ano depois, voltaria a
Wembley para jogar uma final, desta feita, a final das finais, a decisão do Campeonato do Mundo. Depois de ter eliminado
Portugal nas meias-finais, a Inglaterra encontrava agora pela frente a R.F.A. O favoritismo pendia para os da casa, com uma equipa de sonho, liderada por Moore, mas onde brilhava outro Bobby, o Charlton, além do goleador Hurst e do guarda-redes Banks.
A Inglaterra sofreu para vencer, mas acabaria por bater os alemães por
4x2 após prolongamento, não sem muita polémica à mistura, com o famoso golo que não se sabe se entrou, assinalado pelo fiscal de linha, o azeri - então soviético - Tofiq Bahramov, e validado pelo suíço Gottfried Dienst.
Réplica de Subbuteo do histórico momento em que Moore foi carregado pelos colegas no relvado de Wembley, no fim da final de 1966.
Depois da glória
Após 1966, Moore tornou-se num símbolo de Inglaterra, ao nível dos grandes vultos da cultura pop como Sandie Shaw, os Rolling Stones, os Beatles ou Marianne Faithfull, com quem convivia diariamente na capa de revistas e tabloides. Presença constante em eventos publicitários, representado em selos, continuou a brilhar também dentro do campo, comandando a Inglaterra no Euro 68 em Itália, onde os «súbditos de Sua Majestade» foram semifinalistas, e no México 70, onde os ingleses defendiam o cetro, num grupo com romenos, checoslovacos e brasileiros.
Na estreia, Hurst fez a diferença com a Roménia, assim como Clarke no último jogo contra a Checoslováquia. Pelo meio, os ingleses enfrentaram a fabulosa «canarinha» de Pelé e companhia. Vencidos pelo golo de Jairzinho, os ingleses deixaram uma boa imagem em campo, ficando para sempre na memória a famosa defesa de Banks ao cabeceamento de Pelé, uma defesa impossível, em que Moore picou Banks, lembrando-o que era desnecessário ceder cantos sem motivo. Seguiu-se o já citado jogo com a Alemanha Ocidental em que os ingleses vingaram a
derrota de 1966.
Jogaria na seleção até 1973, mas a Inglaterra falharia a qualificação tanto para o Euro 1972, como para o Mundial da Alemanha em 1974, ano em que Moore abandonou o seu West Ham United, mudando-se para o também londrino Fulham, antes de embarcar numa "reforma dourada" em terras de Tio Sam, defendendo clubes como os San Antonio Thunder, os Seattle Sounders e o Herning Freemad.
Abraçou ainda a carreira de treinador - Oxford City, Eastern AA (Hong Kong) e Southend United - sem grande sucesso, incapaz de atingir o brilho que conseguira como jogador, o que o levou a abandonar a carreira.
Recebendo a Taça Jules Rimet das mãos da Rainha, o momento mais alto da sua gloriosa carreira.
Fora do futebol, ganhou ainda mais visibilidade, participando no filme «A Fuga Para a Vitória» ao lado de Michael Caine e Sylvester Stalone, além de outras estrelas do futebol como Pelé e Osvaldo Ardilles.
Terminado o seu casamento com Tina Dean, com quem casara em 1960, conheceu a felicidade ao lado de Stephanie Parlane-Moore, com quem casou em dezembro de 1991. Meses antes, fora-lhe diagnosticado um cancro no cólon, que apesar da operação e tratamentos, acabou por se espalhar, provocando a sua morte a 26 de fevereiro de 1993, naquela que foi a mais dura das suas derrotas, ceifando-lhe a vida quando contava apenas 51 anos.
Em 2004, a UEFA elegeu-o como o melhor jogador inglês, no seu 50º aniversário, batendo a concorrência do seu velho rival e colega,
Bobby Charlton. A 11 de maio de 2007, a sua estátua foi inaugurada na entrada principal do novo Estádio de
Wembley, homenageando para a posteridade, o «capitão», o maior símbolo do futebol inglês.