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Atlético Madrid

Texto por João Pedro Silveira
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Ramón de Arancibia y Lebario, Ignacio Gortázar y Manso e Manuel de Goyarrola y Aldecoa, todos estudantes bascos da Escuela Especial de Ingenieros de Minas (Madrid), sonhavam fundar um clube basco na capital espanhola.  Na noite de 25 de abril de 1903, o trio juntou-se a alguns companheiros madrilenos na Sociedad Vasco-Navarra de Madrid, com sede no número 25 de la Calle La Cruz. A reunião durou até altas horas da manhã e foi já na madrugada do dia 26 que os jovens decidiram fundar uma sucursal do Athletic Club de Bilbao em Madrid.

Nascia, assim, o Athletic Club Sucursal de Madrid. Enrique Allende tornou-se o primeiro presidente do clube, liderando a nova agremiação durante o seu primeiro ano, até ser substituído por Eduardo de Acha. O grupo fundador escolheu um equipamento idêntico ao do Athletic de Bilbao (azul e branco) e para o emblema elegeram um círculo branco e azul, com as iniciais no centro do escudo, em tudo idêntico ao da camisola original da casa mãe. Nos estatutos do clube encontrava-se uma alínea em que se destacava que o Athletic de Madrid estava proibido de defrontar ou competir contra a casa-mãe, o que naturalmente impediu os madrilenos de participarem em competições nacionais, como a Copa del Rey, durante muito tempo. 
 
Nova roupagem
 
Até 1911, ambos os Athletic equipavam à Blackburn Rovers, com camisola dividida em duas partes iguais em azul e branco, e calções azuis. Nesse ano, Juanit Elorduy, um ex-jogador da sucursal madrilena, deslocou-se a Inglaterra para adquirir novo conjunto de kits para os dois Athletic, mas na impossibilidade de comprar equipamentos idênticos aos do Rovers, resolveu trazer para Espanha equipamentos como os do Southampton FC: camisola com listas verticais em vermelho e branco, calções pretos. Na chegada a Bilbau, Elorduy levou os equipamentos a San Mamés e o Athletic passou a equipar como o Southampton. Já os kits que sobraram seguiram para Madrid.

No entanto, embora não se saiba a razão, o Atlhletic de Madrid optou por utilizar calções azuis, em vez dos pretos usados por Athletic Bilbao e Southampton. A única certeza é que, a partir dessa data, o futuro Atlético de Madrid e a sua casa-mãe de Bilbau nunca mais voltaram a equipar da mesma forma. O novo equipamento com as famosas riscas horizontais vermelhas e brancas em tudo a fazer lembrar um tipo de colchões muito famoso que se usava em Espanha, o que valeu aos jogadores e adeptos do Athletic Madrid a alcunha de colchoneros e também a de rojiblancos.
 
Identidade e rivalidade
 
O primeiro campo do Atlético, a Ronda de Vallecas, ficava situado no bairro com o mesmo nome, a sul da urbe madrilena, numa zona de ampla densidade populacional e esmagadoramente habitada pela classe operária. Isso ajudou a identificar o clube com os trabalhadores e os mais humildes, por oposição ao Real Madrid, localizado na zona nobre da cidade, desde cedo colhendo a simpatia da burguesia e aristocracia, ao ponto de merecer a própria distinção real. Nascia, assim, baseada na ancestral dicotomia entre o povo e as elites, a rivalidade entre colchoneros e merengues.  Em 1904, um grupo de dissidentes do Madrid CF, atual Real Madrid, juntou-se ao Athletic Madrid, ajudando a reforçar a então incipiente equipa atlétista... e a rivalidade.
 
Em 1921, após algumas peripécias, os sócios do clube resolveram separar-se da casa-mãe, cortando definitivamente os últimos laços que uniam o clube de Madrid aos bilbaínos. Livres, os atlétistas puderam então crescer de acordo com a ambição da sua crescente afición. Apoiados pela Compañía Urbanizadora Metropolitana, que geria o metro de Madrid, as obras do Estádio Metropolitano, futura casa dos colchoneros, começaram. Um terreno livre na periferia da Cidade Universitária viu então crescer um estádio majestoso com 35 800 lugares, um dos estádios mais modernos e impressionantes de toda a Espanha. O Metropolitano foi a casa do clube até 1966, data em que este se mudou para o Vicente Calderón. 
 
Dores de crescimento e a Guerra
 
Durante a década de 20, o Athletic Madrid venceu o Campeonato do Centro por três vezes, tendo chegado à final da Taça do Rei em 1920/21 e 1925/26. Numa daquelas ironias em que a história é profícua, nessa primeira final, o Athletic Madrid defrontou nada mais nada menos que o Athletic Bilbao. Graças aos bons resultados atingidos durante este período, os rojiblancos foram convidados a disputar a edição inaugural da La Liga em 1927/28, onde se mantiveram durante duas épocas, até caírem na II Divisão.
 
O regresso ao topo aconteceu em 1935/36, seguido de nova despromoção, pouco tempo antes de começar a Guerra Civil Espanhola. Com o país a 'ferro e fogo', os colchoneros tiveram uma segunda oportunidade, quando o Real Oviedo viu o seu estádio ser destruído pelos bombardeamentos, ficando incapaz de participar na prova. A Federação Espanhola resolveu então repescar o Athletic Madrid, mas a Liga acabou por ser adiada até ao fim do conflito, tendo os madrilenos batido o Osasuna numa liguilha e garantido assim a permanência.
 
Athletic Aviación 
 
Quando as tropas franquistas entraram em Madrid e foram acolhidas pela 'Quinta Coluna', o país era uma manta de retalhos e a capital era uma cidade em escombros. Foi no meio dessa destruição que o General Franco reergueu a sua nova Espanha, transformando a sociedade até ao mais ínfimo detalhe. O futebol não foi exceção e o Athletic Madrid também não. Ainda em 1939, quando a Liga regressou, o clube madrileno fundiu-se com o Aviación Nacional de Zaragoza, um clube fundado por membros da Força Aérea Espanhola. 
 
Foi prometida ao clube aragonês e aos seus oficiais fundadores a presença na I Divisão 1939/40, contudo a RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol) rejeitou essa promoção. Militares e políticos entraram então em cena e convenceram os dirigentes federativos a aceitar uma fusão entre Aviación e Athletic Madrid, com base no facto de os madrilenos terem perdido oito atletas durante a guerra.  A fusão foi aceite, os aviadores mudaram-se para a capital e o Athletic Aviación de Madrid substituiu o Real Oviedo na Primera División.
 
Primeiras conquistas
 
Com o lendário Ricardo Zamora como treinador, os rojiblancos surpreenderam a concorrência e conquistaram o primeiro título de campeão nacional da sua história, feito que repetiram no ano seguinte. Em campo, os colchoneros eram liderados pelo mágico Germán Gómez, que chegou a Madrid em 1939, proveniente do Racing Santander. O cerebral e tecnicamente dotado Germán Gómez, que esteve nos madrilenos durante oito épocas, formou um lendário meio campo com Francisco Machín e Ramón Gabilondo, um trio que ainda hoje é recordado com carinho pela afición atlétista.
 
Em 1941, um decreto assinado pelo General Franco proibiu os clubes de usarem nomes estrangeiros e o Athletic Aviación passou a chamar-se de Atlético Aviación (1), nome que manteve até 1947. Nesse ano, o clube cortou a sua ligação aos militares e deixou cair o 'Aviación', passando a ser conhecido como Club Atlético de Madrid. Já sob a nova denominação, os adeptos colchoneros viram o seu Atlético esmagar o Real Madrid por 5x0, no Estádio Metropolitano, naquela que se tornou a maior goleada dos rojiblancos sobre o velho rival até aos nossos dias. 
 
Edad de Oro
 
Com o treinador Helenio Herrera, o Atlético Madrid iniciou uma nova era de conquistas, sagrando-se novamente bicampeão (1949/50 e 1950/51) e conquistando ainda a Copa Eva Duarte (2). Com a partida do técnico argentino, o Atlético começou a perder a corrida pelo trono do futebol espanhol e foi relegado para uma terceira posição por merengues e culés, em termos de importância, adeptos e conquistas. 
 
Contudo, no fim da década de 50 e até à primeira metade da década de 70, os colchoneros  aproveitaram uma crise de resultados do FC Barcelona e assumiram o papel de principal adversário interno do Real Madrid, com quem disputaram inclusive o acesso à final da Taça dos Campeões Europeus 1958/59. O blancos levaram a melhor no Santiago Bernabéu (2x1), o Atlético venceu por 1x0 no Metropolitano e, como na altura não havia ainda a regra do golo fora, houve lugar a um jogo de desempate. Em Saragoça, os campeões europeus acabaram por levar a melhor, vencendo por 2x1. 
 
Lances Capitais
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Em 1959/60 e 1960/61, colchoneros e merengues disputaram as finais da Taça do Rei, com a vitória a sorrir às cores atlétistas em ambas as ocasiões. Os sucessos nas Copas valeram o acesso à Taça dos Vencedores das Taças, conquistada em 1961/62, graças a uma vitória no jogo de desempate, por 3x0, sobre os italianos da Fiorentina. Um ano mais tarde, o Atlético regressou à final, mas foi dizimado pelos ingleses do Tottenham Hotspur (5x1).
 
Apesar do sucesso dentro do campo, o clube viveu momentos difíceis, com a crise a chegar à tesouraria no fim do ano. Em janeiro de 1964, com contas por pagar e sem dinheiro para contratações, os sócios forçaram a demissão de Javier Barroso. Então, a 17 de março do mesmo ano, Vicente Calderón foi eleito para o seu primeiro mandato, iniciando uma presidência que durou até junho de 1980 (3), marcando para sempre a história do clube. Prova disso foi a vontade dos sócios honrarem a sua memória, ainda em vida, atribuindo o seu nome ao Estádio inaugurado em 1966, inicialmente conhecido como Estádio de Manzanares, por culpa do rio que corre na vizinhança.
 
Quase...
 
Durante os anos que se seguiram, o Atlético foi o grande adversário do Real Madrid, conquistando quatro Ligas (1965/66, 1969/70, 1972/73 e 1976/77) e três Taças do Rei (1964/65, 1971/72 e 1975/76). Em 1965, os colchoneros tornaram-se no primeiro clube a vencer o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu, após oito anos de invencibilidade merengue
 
Este período marcou uma era no clube, que ainda lembra com saudade nomes como Adelardo, Javier Irueta, José Eulogio Gárate ou os argentinos Rubén Ayala, Panadero Díaz e Ramón 'Cacho' Heredia, não esquecendo ainda o incontornável Luis Aragonés, líder da grande equipa que, em 1973/74, brilhou na Taça dos Campeões. Nessa campanha, os madrilenos eliminaram Galatasaray, Dinamo Bucareste, Estrela Vermelha e Celtic, antes da grande final jogada no Estádio do Heysel. Nesse fim de tarde em Bruxelas, o Atlético teve pela frente o Bayern, um então clube emergente do futebol alemão e europeu, onde se destacavam Franz Beckenbauer, Sepp Maier, Paul Breitner, Uli Hoeness e o goleador Gerd Muller.
 
Mesmo sem contar com Rubén Ayala, Panadero Díaz e Quique, o Atlético encostou os bávaros às cordas. Incansável na procura do golo, a equipa espanhola conquistou as bancadas, onde os espetadores belgas apoiavam deliberadamente a equipa madrilena. A fiesta explodiu quando, já nos minutos finais do prolongamento, Luis Aragonés cobrou um livre de forma soberba, fazendo a bola sobrevoar a barreira e anichar-se no fundo das redes de Sepp Maier. Todos acreditavam que tinha sido o golo da vitória, mas no último minuto, Hans-Georg Schwarzenbeck  disparou um fabuloso remate a uns bons 40 metros da baliza, batendo um atónito Miguel Reina, que nada pôde fazer.
 
Visivelmente abalados, os espanhóis compareceram três dias depois no jogo de desempate cabisbaixos. Sem reação, amorfos e descrentes, os colchoneros foram esmagados pelo rolo compressor alemão (4x0). O mesmo relvado do Heysel, onde o Atlético brilhou, viu a máquina alemã afinada na perfeição vencer com dois golos Gerd Muller e outros dois de Uli Hoeness. Com a orelhuda conquistada, os alemães seguiriam para estágio, onde se juntaram aos colegas da Seleção que conquistou o Mundial desse ano. Nas duas épocas seguintes, o Bayern conquistou a Taça dos Campeões, alcançando um inédito tri.
 
Por seu lado, o Atlético entrou numa depressão que se tornou uma identidade do próprio clube. Depois dessa noite maldita em Bruxelas, o Atlético tornou-se o clube do quase, como sendo quase uma antítese do Bayern, o clube conquistador que todos conhecemos. Só nos resta perguntar como seria a história do futebol se o remate de Hans-Georg Schwarzenbeck tivesse sido travado por MIguel Reina? 

Os anos de Aragonés
 
Após a derrota em Bruxelas, o presidente Vicente Calderón dispensou o técnico argentino Juan Carlos Lorenzo e convidou Luis Aragonés, que tinha acabado de pendurar as botas, para o seu lugar. Foi já com o espanhol no leme que o Atlético conquistou o troféu mais importante do seu historial: a Taça Intercontinental, na qual o Atlético pôde participar por desistência do Bayern, que temeu o jogo duro e o violento dos sul-americanos. Sem medo da dureza argentina, o Atlético foi a Buenos Aires perder por 1x0 com o Independiente, mas no jogo da segunda mão bateu os argentinos por 2x0, coroando-se como campeão do mundo.
 
Em 1975/76, os rojiblancos conquistaram nova Copa del Rey e, na época seguinte, a La Liga. Com o passar da década, o Atlético Madrid não conseguiu competir com Real Madrid e FC Barcelona, sendo inclusivamente ultrapassado por Athletic Bilbao e Real Sociedad, campeões já na primeira metade da década de 80. Luis Aragonés, que entretanto saiu para o Betis e, mais tarde, FC Barcelona, regressou a tempo de conduzir os colchoneros à conquista da Taça do Rei 1984/85 e a subsequente Supertaça. Na Taça das Taças 1985/86, os rojiblancos chegaram à final, perdida para os soviéticos do Dynamo Kyiv (3x0), para desespero dos adeptos, que assistiram à terceira final europeia perdida pelo clube.
 
Gil superstar
 
Em 1987, o polémico empresário Jesus Gil y Gil tornou-se presidente do clube, apresentando o português Paulo Futre como o seu 'Ás de trunfo'. Desesperado por entregar um título de campeão, que escapava há 10 anos, à afición, Gil bateu recordes de contratação e despedimento de treinadores, cada um mais conceituado que o outro: César Luis Menotti, Ron Atkinson, Javier Clemente, Tomislav Ivic, Francisco Maturana, Alfio Basile, assim como o regressado Luis Aragonés.
 
Em 1990/91, chegou finalmente o primeiro troféu do seu consulado. No Santiago Bernabéu, o Atlético bateu o Mallorca na final da Taça do Rei (1x0, após prolongamento). Um ano depois, debaixo de muita polémica, o Atlético defrontou o Real Madrid, novamente no Santiago Bernabéu, para desespero de Gil. Contra todas as expectativas, os colchoneros bateram os merengues por 2x0, com golos de Bernd Schuster e Paulo Futre, e levaram a Taça para o Vicente Calderón. 
 
O fim do jejum e a queda
 
Em 1992, Gil ordenou o fecho da academia do Atlético Madrid, provocando a deserção de futuras estrelas, entre elas, um rapaz de 15 anos de seu nome Raúl González, eternizado na história do rival Real Madrid. No meio de tantas transformações e despedimentos, o Atlético quase desceu de divisão, evitando a catástrofe na última jornada. Gil resolveu então fazer mais uma revolução no Vicente Calderón: chegou o técnico Radomir Antic para liderar um plantel que manteve nomes como Toni Muñoz, José Luis Caminero, Diego Simeone e Kiko, e aos quais se juntaram Milinko Pantic, Lyuboslav Penev e José Molina.
 
No começo da época, as expetativas não eram maiores, mas jogo a jogo, os colchoneros foram vencendo os adversários até chegarem à conquista da Liga 1995/96, à qual somaram a Supertaça (no início da temporada) e a Copa del Rey. Estava assim consumado o histórico triplete interno. Em 1996/97, a estreia rojiblanca na Liga dos Campeões terminou com a eliminação nos quartos de final, no prolongamento, numa eliminatória discutida até ao fim com o Ajax
 
Posteriormente, as contratações de craques como Juninho Paulista e Christian Vieri fizeram disparar os custos do clube, não melhorados pelos resultados desportivos. A crise chegou e Radomir Antic não resistiu aos resultados, sendo dispensado do Atlético após três épocas ao leme da equipa, um recorde na era Gil y Gil. Seguiram-se os italianos Arrigo Sacchi e Claudio Ranieri, mas em 1999/00 o clube teve de chamar de volta Radomir Antic para tentar evitar a despromoção. Lamentavelmente para as cores rojiblancas, o Atlético desceu, deixando a sua massa associativa em estado de profunda depressão. 
 
Regresso
 
Com Gil y Gil afastado, Luis Aragonés voltou mais uma vez para salvar o clube, garantindo a promoção à Primera Liga, após duas épocas no inferno da II Divisão. Passo a passo, o Atlético ergueu-se, contratando jogadores de renome como os portugueses Maniche, Costinha e, mais tarde, Simão Sabrosa, assim como o Sergio Aguero, Diego Forlán e José Antonio Reyes, que ajudaram a levar o Atlético Madrid de novo ao topo do futebol espanhol e europeu. Já com Diego Simeone ao leme, os colchoneros venceram duas Ligas Europas (2009/10 e 2011/12), uma Supertaça europeia (2012) e encurtaram a distância competitiva que os separava de FC Barcelona e Real Madrid. Os rivais foram olhados nos olhos e o histórico estatuto de candidatos a vencerem todas as provas que disputavam regressou. 
 
Para surpresa dos rivais, a equipa de Simeone começou a época 2013/14 a vencer jogo atrás de jogo. Courtois na baliza e Godín e Miranda no centro da defesa davam segurança. Lá para frente Diego, Tiago e Turan pautavam o jogo. No ataque Diego Costa e David Villa resolviam. O Atlético acabou por pôr cobro ao jejum do título de campeão, arrancando um empate a uma bola na "final" de Nou Camp, que segurou a liderança. Dias depois, o Atlético jogou em Lisboa a final da Champions League, encontrando o velho rival Real Madrid no anfiteatro benfiquista. Godín colou os colchoneros na frente, mas ao cair do pano Sérgio Ramos repetiu 1974 e roubou a coroa europeia do Atlético nos instantes finais. No prolongamento, a força do Real veio ao de cima e o Atlético, que estivera outra vez tão perto de conquistar o mais sonhado dos troféus, acabou goleado por 1x4.
 
A partir daqui, os colchoneros foram sempre encarados como sérios candidatos à vitória em todas as competições que participaram. A equipa competitiva e aguerrida, muito à imagem do seu treinador, voltou às conquistas europeias em 2018, logo em dose dupla: uma Liga Europa e uma Supertaça Europeia.
 
Nos anos mais recentes, o Atlético de Madrid também foi um verdadeiro colosso... no mercado. Com polémica à mistura, os homens da capital espanhola venderam a sua estrela Antoine Griezmann ao rival FC Barcelona por 120 milhões de euros. A resposta também cifrou-se nesse valor: João Félix trocou o Benfica pelos colchoneros por 120 milhões de euros, um valor recorde para ambos os clubes (venda e compra).

Atlético foi campeão em 2020/21 @Getty /
Esse investimento acabou por ter retorno a nível desportivo na época 2020/21, uma vez que passados sete anos, o Atlético de Madrid voltou a conseguir sagrar-se campeão espanhol. Numa época marcada pelos efeitos da pandemia de covid-19 nos campeonatos europeus, o Barcelona e o Real Madrid ficaram muito aquém do desejado a nível exibicional e quem aproveitou foram os colchoneros.
 
A turma comandada por Diego Simeone dominou no arranque da liga, foi a mais consistente e chegou a ter 11 pontos de vantagem para o segundo classificado, mas uma série de resultados menos positivos a meio da temporada deixaram tudo em aberto e à entrada para as jornadas havia quatro possíveis campeões - Real Madrid, Atlético de Madrid, Barcelona e Sevilla. Contudo, os colchoneros aguentaram a pressão dos rivais e sagraram-se campeões mesmo na última jornada, terminando com mais dois pontos que o rival Real e conquistando a 11ª La Liga da sua história.
 
A época seguinte, 2021/22, foi, no entanto, de domínio praticamente total por parte do rival Real Madrid, que acabou por ter uma temporada tranquila em Espanha e acabou por sagrar-se campeão espanhol com 13 pontos de avanço para o 2º classificado Barcelona e 15 para o rival madridista Atlético, que terminou em 3º lugar, numa temporada marcada por alguma irregularidade exibicional e onde surgiram novamente vozes de contestação para com Diego Simeone e o seu estilo de jogo. Menos ajudou o facto dos colchoneros terem ficado pelos «quartos» da Champions, «meias» da Supertaça e «oitavos» da Copa del Rey. Uma temporada para esquecer.
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(1) O mesmo decreto-lei obrigou entre outros, o Athletic Bilbao a passar a Atlético Bilbao, e o Football Club Barcelona a mudar para Club de Fútbol ##Barcelona.
(2) Troféu precursor da Supertaça, organizado pela RFEF, com o nome da Primeira Dama argentina, María Eva Duarte de Perón (Los Toldos, 7 Maio de 1919 – Buenos Aires, 26 Julho de 1952), que opunha os vencedores da Liga e da Copa del Generalíssimo - atualmente Taça do Rei. 
(3) Vicente Calderón Pérez-Cavada (Santander, 27 de Maio de 1913 – Madrid, 24 de Março de 1987) voltaria à presidência do clube num segundo período que durou entre 23 de Julho de 1982 e 24 de Março de 1987.

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TH
Atlético
2014-05-01 10h05m por the_king_1
GRANDE HISTÓRIA