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    História
    Clubes

    Royal Antwerp

    Texto por Ricardo Miguel Gonçalves
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    Na célebre região de Flandres, ou mais especificamente em Antuérpia, a maior cidade da Bélgica, nasceu o clube que hoje conhecemos como Royal Antwerp Football Club. Um verdadeiro histórico do futebol. 

    Embora não possa afirmar-se como o melhor - pelo menos de forma objetiva -, por hoje existirem no país vários clubes mais titulados, a verdade é que é um dos emblemas que se sagraram campeões mais do que uma vez, com títulos separados por quase uma centena de anos. O que o agiganta ainda mais, pelo menos em termos de reputação, é o facto de ser o clube mais antigo da Bélgica.

    O literal n.º1 da Bélgica

    Foi no distante ano de 1880 que tudo começou, com um grupo de estudantes ingleses que residiam em Antuérpia. Foi fundado com o nome de Antwerp Cricket Club, por ser a maior das várias modalidades com que o clube iniciou a sua história. 

    As principais modalidades também alternavam pela via sazonal. Enquanto o críquete e o ténis eram jogados principalmente no verão, o râguebi e o futebol ganhavam protagonismo no inverno. Foi só sete anos mais tarde, em 1887, que o futebol agarrou protagonismo de vez, tornando-se cada vez mais conhecido como Antwerp Football Club.

    Tudo isto aconteceu antes do nascimento da Royal Belgian Football Association (RBFA), a federação de futebol deste país. Essa só surgiu em 1895, no seguimento de uma explosão na fundação de vários clubes pelo país fora. Nessa altura, o Antwerp disputava o rótulo de clube mais antigo com o Brussels Football Club, uma vez que esse emblema da capital, apesar de só ter iniciado atividade no futebol em 1889, tinha sido fundado no ano de 1875... também como um clube de críquete.

    O símbolo antigo, antes da inclusão da matrícula @Royal Antwerp FC
    Apesar do Antwerp ter sido o primeiro clube a registar-se com a nova federação, em 18895, a dúvida e disputa persistiu durante anos. Se hoje é considerado o clube mais antigo de forma unânime, é por dois motivos: primeiro porque o homónimo de Bruxelas já não existe; e segundo porque bem mais tarde, em 1926, a RBFA introduziu números de registo, ou matrículas, para mais facilmente distinguir as centenas de clubes no país, eternizando o Antwerp com o número 1.

    Pode não parecer, mas esse é um dado relevante num país em que essas matrículas são símbolos importantes para os respetivos clubes, muitas vezes integrando o símbolo ou até o nome dos mesmos. É este o caso do Royal Antwerp, que hoje ostenta esse algarismo no símbolo que carrega.

    Primeiras vezes

    Há marcos inesquecíveis na cronologia de clubes com longas e densas histórias. Entre eles, estão acontecimentos como o nascimento e desenrolar de uma primeira rivalidade ou, ainda mais marcante, a conquista do primeiro título.

    No que à rivalidade diz respeito, o nome chave é Beerschot AC. Foi em maio do redondinho ano de 1900, já depois do Antwerp ter desapontado nas primeiras cinco edições do campeonato nacional (três para o RFC Liége e duas conquistadas pelo RRC Bruxelles), que o conflito começou como um verdadeiro filme: o Beerschot, acabado de fundar, roubou um número muito grande de jogadores ao Antwerp.

    Isso foi como um atalho para o topo, do ponto de vista desse novo clube na cidade. O Beerschot tornou-se imediatamente numa força a ter em conta a nível nacional e começou a história como vice-campeão em dois anos consecutivos. Enquanto isso, o Antwerp desceu voluntariamente ao segundo escalão, numa tentativa de recuperar dessa perda de tantos atletas importantes. 

    Bastou uma temporada para garantir o regresso ao principal escalão, embora tenha passado muitos anos longe de competir pelo título. Foi só depois da Primeira Guerra Mundial que os clubes de Antuérpia começaram a carburar a sério, ainda que tenha sido o Beerschot o primeiro clube a celebrar a conquista de um título nacional, em 1922. O Antwerp terminou em terceiro lugar nessa mesma temporada.

    Foi também pouco antes disso, no ano de 1920, que o clube recebeu o título real. A partir daí passou a ser conhecido pelo nome que dura até hoje: Royal Antwerp FC.

    Talvez por ser altura de mudanças ambiciosas, o ano de 1923 trouxe também a mudança para o Estádio de Bosuil. O reduto com capacidade para 40 mil espetadores foi inaugurado nesse mesmo ano, num duelo entre a seleção da Bélgica e Inglaterra.

    Ao longo desses anos 20, o clube viu os rivais sagrarem-se campeões mais quatro vezes, incluindo um tricampeonato entre 1924 e 1926, até que na época de 1928/29, ano em que ainda estava longe dos favoritos ao título, o Royal Antwerp sagrou-se campeão pela primeira vez na história! Curiosamente, terminaram o campeonato em igualdade pontual com o próprio Beerschot, o que empurrou a decisão para uma «final» improvisada.

    Nesse dérbi histórico, o clube mais antigo venceu por 2-0. No ano seguinte estiveram próximos do bicampeonato, terminando a apenas um ponto do campeão Cercle Brugge. Foi só uma temporada depois, em 1930/31, que o Royal Antwerp foi campeão nacional pela segunda vez. Finalmente no topo.

    Dos títulos à despromoção

    História repetiu-se com o bicampeonato a ficar a um ponto de distância, mas depois disso o título fugiu durante bastantes anos. O clube manteve-se entre a elite, mas só conseguiu voltar a sagrar-se campeão da Bélgica durante a Segunda Guerra Mundial. O conflito impediu que a competição se disputasse em três temporadas distintas, mas jogou-se em 1943/44, para que o Royal Antwerp festejasse pela terceira vez na sua vida.

    Novos anos de vice seguiram-se, no que parecia ser cada vez mais uma malapata do clube, mas esses tempos até deixaram saudade quando a equipa começou a deslizar para o meio da tabela. 

    Duelo com o Real Madrid de Di Stéfano @Royal Antwerp FC
    Tudo aparentemente contornado em 1955, quando, no ano do seu 75º aniversário, o Royal Antwerp venceu a Taça da Bélgica pela primeira vez, com um 4-0 sobre o Waterschei na final. No ano seguinte voltaram a terminar em segundo, numa espécie de preparação para que, em 1956/57, se sagrassem campeões! à semelhança dos outros, esse quarto título foi seguido por um ano de vice-campeonato, mas o mais duro de todos por ter sido em igualdade pontual com o Standard Liége. Não houve jogo de desempate, uma vez que o Standard, campeão pela primeira vez, tinha menos uma derrota no registo da época.

    Foi depois de tudo isto, em 1958, que o Royal Antwerp pisou pela primeira vez os palcos europeus. O adversário foi o poderoso Real Madrid, que venceu por 6-0 depois de uma primeira mão em que 55 mil adeptos belgas viram a sua equipa perder por apenas 1-2.

    Depois disso, veio a penúria. Apesar de ter continuado nos lugares cimeiros do futebol belga, a equipa deixou o nível cair e só não foi despromovida ao segundo escalão no ano de 1965 por dois pontos, conquistados no último dia. Esse destino estava guardado para três anos depois, quando terminou em penúltimo.

    Regressariam ao principal escalão nos anos 70, onde o máximo foi um segundo lugar que deu acesso à Taça UEFA e, mais tarde, uma final perdida na Taça da Bélgica. Nos anos 80, a mediocridade instalou-se ainda mais.

    Royal Antwerp disputou (e perdeu) uma final europeia @Getty /

    Auge europeu, antes da mediocridade

    Foi já nos anos 90, especificamente em 1992, que prata voltou a entrar no museu. 35 anos depois do último troféu, o Royal Antwerp celebrou a conquista da Taça da Bélgica ao bater o KV Mechelen ao fim de 22 grandes penalidades.

    Essa conquista permitiu o acesso aos palcos europeus, pela via da Taça das Taças. Seria esse o grande auge continental do clube, que eliminou o Glenavon (Irlanda do Norte), o Admira/Wacker (Áustria), Steaua de Bucareste (Roménia) e, nas meias finais, o Spartak de Moscovo (Rússia). De uma forma que ninguém esperava, chegou à grande final, em Wembley, mas acabou por perder 3-1 frente aos italianos do Parma.

    O desaire europeu foi, durante muito tempo, o último vislumbre do Royal Antwerp como um dos melhores clubes da Bélgica. Entre problemas com o estádio e constantes subidas e descidas, o clube começou a ficar cada vez menos conhecido por si próprio e mais por uma parceria com o Manchester United, que emprestava jovens jogadores ao clube.

    Foi através dessa relação com os red devils que lendas como Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney, Paul Scholes, Van Nistelrooy e outros visitaram o Bosuil para um amigável de celebração dos 125 anos do Royal Antwerp, mas esse jogo precedeu uma temporada infeliz, em que, entre episódios como confrontos entre adeptos, a equipa não conseguiu ir além de um sétimo lugar... no segundo escalão.

    Vitória frente ao Tottenham de Mourinho no regresso à Europa @Getty / Dean Mouhtaropoulos
    A estadia no segundo escalão foi a mais longa na história do clube - 13 anos - e só foi contornada em 2016/17, quando conseguiram a subida. O regresso à elite consumou-se com alguns nomes conhecidos de Portugal em cena. Primeiro, foi contratado para treinador Lazlo Boloni, campeão com o Sporting, depois porque, através de uma parceria dos belgas com o FC Porto, chegaram ao clube nomes como Sinan Bolat e Ivo Rodrigues. Aurélio Buta, também português, chegou do Benfica e viria ter grande sucesso em Antuérpia.

    Esse regresso ao principal escalão foi um lento repetir de todas as anteriores primeiras vezes...

    Em 18/19, segunda temporada, a equipa terminou em 6º e, via play-offs conseguiu um lugar nas competições europeias. Não chegaria à fase de grupos da Liga Europa, por cair perante o AZ Alkmaar na qualificação, mas teria a oportunidade de voltar a tentar esse regresso ao futebol continental, uma vez que terminou essa mesma campanha com a conquista da Taça da Bélgica, pela terceira vez na história. Foi em agosto de 2020, já depois de uma interrupção causada pela pandemia que marcou esse ano e os seguintes, que o Royal Antwerp, perante um estádio vazio, surpreendeu e bateu o favorito Club Brugge por 1-0.

    Já sem Boloni ao leme, a formação belga conseguiu o segundo lugar no seu grupo da Liga Europa, chegando a bater o Tottenham de José Mourinho nessa fase. Seria eliminada pelo Rangers mais tarde, numa temporada em que domesticamente terminou em terceiro e voltou a ter acesso à Europa. Nessa segunda tentativa, ficaram em último lugar do respetivo grupo.

    O mais épico dos títulos

    Em março de 2022 chegou Marc Overmars, antiga lenda como jogador, para desempenhar as funções de diretor desportivo. Foi um ato polémico, uma vez que o neerlandês tinha acabado de deixar o Ajax por alegado assédio sexual ainda em investigação, mas foi, também, um ato que iniciou uma das páginas mais douradas na história do clube!

    Os festejos de um título impensável @Getty /

    Ora, para 2022/23 chegou outro ex-jogador dos Países Baixos, Marc van Bommel, para ser o treinador. O mercado neerlandês também foi usado para jogadores e nomes como Vincent Jansson, Ekkelenkamp e Calvin Stengs assinaram, sendo que a contratação mais sonante foi Toby Alderweireld. O defesa central de 33 anos, experiente cara da geração dourada da seleção belga (127 internacionalizações...), chegou ao futebol do seu país natal para ser imediatamente capitão... e herói!

    Já se construía como uma temporada francamente boa, uma vez que foi conquistada a Taça da Bélgica pela quarta vez, mas foi só ao cair do pano que 2022/23 virou absolutamente épico (veja o vídeo abaixo) e ganhou lugar no folclore flamengo. Não estamos a exagerar...

    A equipa terminou em terceiro lugar na fase regular da Jupiler Pro League, a três pontos do Genk e do também surpreendente Union Saint-Gilloise , mas recuperou essa diferença nos play-offs de apuramento do campeão e quando chegou o último dia haviam três equipas com uma mão no troféu.

    Royal Antwerp campeão pela quinta vez @Getty /
    A vantagem estava em Antuérpia, pois esta equipa seria campeã se ganhasse, mas o jogo era na casa do Genk, que estava a apenas um ponto. Ao marcar primeiro, o Genk chegou ao intervalo como favorito para o título, mas na segunda parte houve reviravoltas... o Union SG marcou ao Club Brugge e saltou para a frente, onde esteve até aos 89... mas sofreu o empate (eventualmente também a derrota) e devolveu a coroa à cidade de Genk, que celebrou assim que a informação chegou aos telemóveis dos adeptos.

    Tudo apontava para o quinto título da história do Genk, mas tudo mudou quando, aos 90+4 minutos, Alderweireld encheu o pé e fez um golaço que apertou os corações da Bélgica e muitos pelo Mundo fora. O Royal Antwerp festejava um golo que valia o título! O clube mais antigo da Bélgica era campeão pela primeira vez em 66 anos!

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