O caminho
Se alguém havia apostado no início da época que a final da Liga dos Campeões seria entre o Monaco e o FC Porto, por certo que ganhou uma fortuna. A caminhada não foi fácil. Os monegascos começaram por eliminar o Lokomotiv de Moscovo nos oitavos, antes de deixarem pelo caminho o todo-poderoso Real Madrid e o Chelsea na meia-final.
Por sua vez, o FC Porto começou por eliminar o Manchester United com uma vitória caseira e um precioso empate forasteiro, graças ao golo marcado por Costinha no último minuto. Seguiram-se os franceses do Lyon antes de eliminar o Deportivo que no caminho para meia-final eliminara a Juventus e recuperara de uma derrota por 4x1 na primeira mão disputada fora para vencer o Milan, no Riazor, por um histórico 4x0.
A grande final
No dia da grande final, na nova e espetacular Arena Auf Schalke em Gelsenkirchen, 52 mil espetadores sentados na bancada presenciaram uma final inédita entre um clube português e um francês.
O FC Porto conquistara a competição - quando ela ainda era a Taça dos Campeões - em 1987 e vencera a última edição da Taça UEFA. Já os monegascos nunca tinham vencido uma competição europeia e só tinham disputado uma final da extinta Taça das Taças, em 1992, curiosamente em Portugal, no Estádio da Luz.
Pelo historial, os dragões eram os grandes favoritos a vencer o jogo, mas os monegascos não queriam a perder a segunda oportunidade de chegar ao sucesso e os primeiros minutos depois do apito inicial de Kim Milton Nielsen foram da turma gaulesa, que criou mais perigo.
O francês Ludovic Giuly, que estivera em dúvida até à hora do jogo, ameaçou a área portista por quatro vezes nos primeiros três minutos. Se a experiência de Jorge Costa travou as avançadas do ex-Barcelona em três ocasiões, a última, um passe de Luca Bernardi que isolou o capitão monegasco, só não chegou ao golo porque Vitor Baía, precavido, saiu antecipadamente da baliza para cortar a jogada.
Os adeptos portistas sentiram um arrepio, mas o perigo tinha passado. O francês acabaria por sair do campo aos 22 minutos e, aos poucos, o ímpeto monegasco foi esmorecendo. O FC Porto foi pegando no jogo e, mesmo sem criar nenhuma jogada de muito perigo, chegou ao golo aos 39 minutos por intermédio do brasileiro Carlos Alberto.
Ao intervalo, o FC Porto caminhava seguro para segunda vitória na competição. Mas os pessimistas lembravam que, em 1987, era o Porto que perdia por 0x1 ao intervalo e no regresso o jogo levou a volta que todos conheciam...
Segunda parte: a confirmação
Os monegascos acusaram o golo e entraram na segunda parte receosos, a acusarem a falta de inspiração e a saída de Giuly. Na frente, o espanhol Morientes estava muito sozinho para fazer estragos perante a segurança de Jorge Costa e Ricardo Carvalho.
Aos 64', Deschamps mandou avançar Nonda para o lugar de Cissé, tentando levar o perigo pelas alas para perto da área portista, mas correndo o risco do contra-ataque azul e branco.
E foi num desses rápidos contra-ataques que Deco serviu primorosamente na ala o russo Alenichev que devolveu a bola ao meio para o «Mágico» fazer o 2x0. Quatro minutos mais tarde, Derlei colocou a bola em Alenichev e o russo colocou uma pedra no assunto, fazendo o 3x0 final.
A partir daí, o FC Porto só teve de fazer o tempo correr, gerindo o resultado. Mourinho fez avançar Pedro Emanuel e McCarthy para retirar Derlei e Deco. Quando o dinamarquês apitou pela última vez, os portistas começaram a festa, enquanto José Mourinho se retirava de cena, não participando nos festejos, para ir cumprimentar a família. Dias depois saía do Porto, seduzido pelas libras do magnata russo Abramovich e uma nova experiência no Chelsea. Para trás ficava o impressionante legado de dois anos e meio à frente da «nau» portista.
0-3 | ||
Carlos Alberto 39' Deco 71' Dmitri Alenichev 75' |