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História da edição

Champions 97/98: Europa Blanca, 32 anos depois

Texto por Vasco Sousa
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24 equipas. O sucesso (desportivo e financeiro) da Champions era evidente e a UEFA tomou uma decisão histórica, alargando o número de equipas participantes na fase da grupo de provas, permitindo que, pela primeira vez, equipas não campeãs participassem na competição. Em apenas cinco anos, a Champions triplicou o número de participantes. E a edição de 1997/98 marcou o regresso, mais de 30 anos depois, do Real Madrid ao trono do futebol europeu.

Os olhares estavam em cima das equipas alemãs. Pela primeira vez, um país tinha três equipas a participar na Liga dos Campeões, e a fase de grupos mostrou a força do futebol germânico. Agora orientado pelo italiano Nevio Scala, o campeão europeu Borussia Dortmund não sentiu dificuldades na fase de grupos, curiosamente defrontando a ex-equipa do técnico da equipa alemã, o Parma. O Bayern, que apostou nas contratações de Lizarazu e Élber, seguiu igualmente em frente, enquanto o Bayer Leverkusen, a fazer a estreia na competição, foi um dos melhores segundos classificados e avançou para os quartos de final, na companhia do Mónaco (que contava com Barthez, Henry e Trezeguet, que seriam campeões do mundo pela França no final da temporada), num grupo onde o Sporting (em estreia na Champions) até começou com uma categórica vitória sobre os monegascos por 3x0, mas acabou por não ter hipóteses frente à dupla constituída por franceses e alemães.

Vicecampeão europeu, a Juventus foi igualmente um dos melhores segundos classificados, num grupo dominado pelo Manchester United. Mas a grande deceção da fase de grupos foi o Barcelona: a equipa catalã ficou em último lugar, sofrendo duas pesadas derrotas frente ao Dynamo Kyiv (3x0 na Ucrânia e 0x4 no Camp Nou) – os ucranianos venceram o agrupamento e mostravam à Europa do futebol um jovem de seu nome Shevchenko.

Sporting com grande vitória sobre o Mónaco @Getty / Matthew Ashton - EMPICS
Ambicionando um título que lhe escapava há 32 anos, o Real Madrid era um dos mais fortes candidatos à vitória final na competição e não sentiu dificuldades num grupo onde o FC Porto foi a grande deceção, somando apenas quatro pontos, naquela que foi a pior prestação dos portistas na competição.

Nos quartos de final, houve duelo alemão: Borussia Dortmund e Bayern protagonizaram um eliminatória bastante equilibrada, decidida com um golo de Chapuisat no prolongamento. Depois de ter surpreendido na fase de grupos, o Dynamo Kyiv voltou a mostrar qualidade ao empatar na primeira-mão em Turim, mas não teve hipóteses na segunda-mão, com Inzaghi (reforço dessa temporada da equipa de Turim) a brilhar, ao apontar um hat-trick. O Real Madrid não sentiu grandes dificuldades para afastar o Leverkuen, numa eliminatória em que Karembeu, reforço de inverno dos merengues, brilhou.

Já a grande surpresa dos quartos de final foi a eliminação do Manchester United, em pleno Old Trafford, frente ao Mónaco. O jovem Trezeguet marcou o golo decisivo, que permitiu aos monegascos seguirem em frente pela regra dos golos de fora, depois de dois empates.

Nas meias-finais, o Real Madrid eliminou o campeão europeu Borussia Dortmund de forma tranquila (2x0 em Madrid, 0x0 na Alemanha), uma vez mais com Karembeu a marcar. Na outra semifinal, a Juventus confirmou o favoritismo frente ao Mónaco, resolvendo a eliminatória logo na primeira-mão, com uma vitória por 4x1, com Del Piero a assinar um hat-trick e a fazer uma assistência, e Costinha a apontar o golo dos monegascos. Na segunda-mão, o Mónaco venceu por 3x2 e os italianos festejaram a terceira presença consecutiva na final da Champions.

Chegávamos, então, ao jogo decisivo da prova. Em Amesterdão, o Real Madrid disputava uma final da Liga dos Campeões 17 anos depois e procurava terminar com um jejum de 32 anos sem levantar o troféu. Ainda assim, a Juventus apresentava um ligeiro favoritismo: havia a experiência de já ter disputado duas finais da prova, tinha-se sagrado campeã italiana, numa fantástica luta contra o Inter de Ronaldo, e tinha Zidane e Del Piero, a realizarem uma época espetacular.

Para o Real Madrid, era a oportunidade de se reafirmar na Europa e apagar uma época que tinha corrido muito mal na Liga: 4.º classificado, a 11 pontos do campeão Barcelona.

O jogo foi equilibrado, e decidido a meio da segunda parte: Roberto Carlos rematou, a bola ressaltou nos defensores da equipa italiana e sobrou para Mijatovic que, com muita calma e categoria, ultrapassou Peruzzi e marcou. Os merengues defenderam-se até ao final do jogo e puderam festejar a conquista do troféu.

Illgner, Panucci, Hierro, Sanchis, Roberto Carlos, Redondo, Karembeu, Seedorf (que já tinha vencido a Champions pelo Ajax), Raúl, Mijatovic, Suker ou Morientes: estes craques entraram na história do Real Madrid, ao levarem os madrilenos a terminarem com o seu maior jejum na Champions. Era o sétimo título para o Real Madrid, e o início de mais um domínio na Liga dos Campeões.

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U Quarta, 20 Maio 1998 - 19:45
Johan Cruyff Arena
Hellmut Krug
1-0
Predrag Mijatović 67'
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Johan Cruyff Arena
Lotação53748
Medidas105 x 68 m
Inauguração1996