Há dias em que nada corre bem. Dias que começam mal e que, por muito que tentemos, só tendem a piorar e não há nada que possamos fazer para os mudar. Este domingo foi um desses dias para o Braga, que sofreu o terceiro desaire consecutivo. Os gverreiros tentaram, tentaram e voltaram a tentar, porém, ficaram presos na muralha transmontana de um Chaves que entrou muito bem e que teve na coesão defensiva, no sacrifício e em alguma sorte os segredos para o triunfo por 0-1.
Após dois desaires e sem os castigados Matheus e Fabiano, titulares habituais, Artur Jorge operou uma pequena revolução no onze do Braga, com cinco alterações. Do outro lado, Vítor Campelos manteve-se fiel ao onze base, com apenas duas alterações, uma das quais a estreia a titular de Issah Abass, que não demorou a justificar a escolha. Com menos de dois minutos volvidos, foi nele que começou o desenho do primeiro golo, que passou também pelos pés de João Teixeira e terminou nos de Héctor Hernández, o goleador de serviço dos flavienses.
… só deu Braga. Os gverreiros começaram por tentar responder de imediato ao golo sofrido, só que se a vontade era muita, a arte nem por isso. A muralha transmontana estava intransponível e a meia distância também não foi antídoto – o lance mais perigoso foi um cruzamento que quase deu em golo olímpico. Contudo, com o passar do relógio, a pressão transformou-se em sufoco para o Chaves e os buracos começaram a surgir. De tal forma que o último quarto de hora da primeira parte foi um massacre dos gverreiros. Tentou Ricardo Horta (duas vezes), tentou André Horta, tentou Simon Banza, tentou Lainez… tentaram quase todos e vários ficaram muito perto de festejar, mas a bola teimou em não entrar.
Até foi um remate de fora da grande área do Chaves a abrir as hostes da segunda parte, mas não demorou até que o jogo voltasse a um cenário em tudo idêntico ao do final da primeira metade. Foi uma questão de poucos minutos até que um Braga sufocante voltasse a criar perigo. Contudo, a pontaria e alguma sorte, diga-se, teimava em não aparecer – um remate de Abel Ruiz, junto à pequena área, que saiu a centímetros do poste, deixou bem claro que este era um daqueles dias.
Os últimos minutos trouxeram o tudo por tudo do Braga – se é que esse modo já não estava ativado – e novas oportunidades, a melhor das quais protagonizada, mais uma vez, por Abel Ruiz, mas o desfecho foi sempre o mesmo, sendo que até foi o Chaves, num dos únicos ataques da segunda parte, quem ficou mais perto do golo, num remate de João Teixeira ao poste. No fim das contas, o Braga somou mesmo a terceira derrota consecutiva e o Chaves conseguiu o salto para os dez primeiros da Liga bwin.
Pode parecer mentira, mas o Chaves só não sofreu em dois jogos esta temporada e foram frente a Sporting e Braga. Sempre que a muralha transmontana funcionou, o Chaves venceu e este domingo foi exatamente o que voltou a acontecer. É verdade que houve sorte à mistura, mas é igualmente verdade que a defensiva liderada por Steven Vitória se manteve coesa ao longo de todo o encontro, com grande espírito de sacrifício, que acabou por compensar no final.
O Braga tentou, tentou e voltou a tentar. Disso não há dúvidas. Fizeram por merecer até mais do que um golo, mas não marcaram nenhum e é impossível negar que, para além da falta de sorte, também houve falta de pontaria e de lucidez em vários momentos. Por muita ânsia que se tenha, quem tanto cria tem de conseguir marcar mais golos e o Braga não conseguiu.
O jogo quezilento e teve várias reclamações de grande penalidade, mas Cláudio Pereira realizou uma arbitragem segura e decidiu bem nos lances capitais. Nota positiva para o árbitro de 35 anos.