Senhoras e senhoras, o jogo mais alucinante da época em Portugal! Em Guimarães, a tarde foi de enxurrada de golos e uma vitória expressiva do Vitória SC (5x2) sobre o Tondela. No entanto, os números estão longe de contar a história toda. A equipa beirã esteve a vencer por 0x2, mas erros individuais foram permitindo a reabilitação vitoriana assente em três grandes penalidades.
Os 90 minutos no estádio D. Afonso Henriques encheram-se de múltiplos ingredientes que transformam um jogo numa experiência vertiginosa. Oportunidades fabricadas, erros infantis e parada-resposta. Foram poucos os minutos «mortos» na cidade-berço, onde Pepa e Pako Aystarán terão seguramente esgotado as folhas nos respetivos blocos de notas. Com o bom e com o mau.
Primeiro, Pepa. Tem um problema (pelo menos) para resolver. A equipa reage mal, muito mal, à adversidade contra a maré. Já em Paços de Ferreira o Vitória SC teve um «apagão» de mais de 15 minutos que o obrigou a calcorrear metros à procura da redenção. O mesmo aconteceu este sábado, depois de uma entrada corajosa e criativa, sobretudo pelos pés de Marcus Edwards.
O inglês teve dois rasgos madrugadores que podiam ter feito pender o resultado para o seu lado, mas se no primeiro Óscar Estupiñán atirou à figura de Trigueira, no segundo faltaram poucos centímetros para a felicidade, depois de uma jogada individual maravilhosa. E a seguir, o «blackout» que deixou o Tondela a vencer por 0x2 aos 27 minutos.
Foi demasiado simples. Primeiro com Jhon Murillo a escapar em velocidade a Mumin - péssima abordagem à bola – e Borevkovic a «arrancar» o extremo do Tondela pelo pé de apoio dentro da grande área vitoriana. João Pedro, o «filho da casa», mostrou frieza da marca dos 11 metros quando o coração lhe bateria seguramente mais forte.
Seguiu-se uma avalanche beirã com bolas à trave (Murillo) e muito desnorte entre a linha defensiva do Vitória. O castigo foi o 0x2, por Iker Undabarrena, na sequência de um canto que resultou de um erro de Rafa Soares. O jogo tinha perdido o meio-campo e vivia de ataques rápidos, sobretudo por parte da equipa de Pako Ayestarán.
Na alucinação do «caos», o Vitória SC regressou ao jogo. Khacef cometeu uma falta infantil sobre Estipiñán e Tiago Silva reduziu de grande penalidade, já depois de Marcus Edwards ter acertado em cheio no poste instantes antes. E seria de penálti em penálti que continuaria a história, no 2x2 com Eduardo Quaresma a derrubar Rochinha junto à linha de fundo. O Tondela deitava a vantagem fora com dois erros desnecessários e o ponta de lança colombiano dos vitorianos restabelecia o empate.
Pako Ayestarán analisou e aos 56 minutos mexeu. Saíram Khacef e Eduardo Quaresma, curiosamente - ou não - os dois que tinham permitido ao Vitória SC reentrar no jogo com as suas faltas. O treinador espanhol queria mais fiabilidade defensiva, mas o «tiro» sair-lhe-ia pela culatra, porque Manu Hernando, que tinha entrado para o lugar de Eduardo Quaresma, foi expulso cinco minutos depois... causando uma grande penalidade! Ao terceiro penálti, o terceiro batedor: Edwards não falhou e o Vitória selava a reviravolta.
No jogo dos penáltis ainda houve espaço para duas perdidas maiores (Tiago Dantas e Rafa Soares) e para novo momento de VAR que acabou por confirmar o quarto golo para a equipa de Pepa. O lance nasce em Quaresma, tem defesa de Trigueira a remate de Bruno Duarte e finalização na recarga de Marcus Edwards, sem direito a irregularidades pelo meio. Com 10 e dois golos para anular, o Tondela rendeu-se e ainda sofreu o 5x2, apontado por Rúben Lameiras numa caminhada solitária em direção à baliza beirã.
Um jogo com sete golos será sempre um grande espetáculo, independentemente da génese de cada um. Vitória SC e Tondela nem sempre jogaram o melhor futebol, mas o 5x2 final enche a «alma» de qualquer adepto (à exceção dos tondelenses, claro).
A ideia não era má mas Pako Ayestarán terá seguramente imaginado algo bem diferente quando tirou Eduardo Quaresma e Khacef. Manu Hernandes entrou, fez penálti e foi expulso e a partir daí o Tondela ruiu como um baralho de cartas.
Tarde de imenso trabalho para Fábio Melo e seus pares. Foram quatro grandes penalidades assinaladas (todas elas aceitáveis) e uma expulsão. No geral, as decisões acabaram por se justificar e, por isso, a atuação foi positiva.