Ao fim de 13 jornadas, eis a primeira vitória fora do Tondela. Por ser dia de celebração religiosa, até pode ser considerado um milagre de Páscoa, mas engane-se quem pensar que os beirões roubaram os três pontos. Com uma estratégia bem montada e uma Mario González sublime, o Tondela bateu o Vitória SC (1x2) de forma justa.
A sequência de derrotas começa a pesar em Guimarães, que começa a ser pressionado pelas equipas na perseguição os lugares europeus, com apenas uma vitória nas últimas dez jornadas.
O Tondela não é propriamente a equipa mais perigosa a jogar fora de casa e os (apenas) dois pontos em doze deslocações à entrada para esta jornada falam por si. O Vitória, que chegava na pior fase da temporada, sabia que tinha oportunidade de aproveitar a derrota do Santa Clara, adversário mais perto no sexto lugar, e pressionar o Paços de Ferreira na luta europeia. Deduzia-se que uma entrada bem viva seria o mínimo exigido por João Henriques.
A passagem dos minutos veio confirmar a ideia inicial. O Tondela queria aproveitar a profundidade e beneficiar da velocidade dos seus homens da frente para atacar as costas de uma defesa que, por querer construir de forma apoiada, avançada no terreno e deixava muito espaço nas costas. Mário González era constantemente solicitado e dava a ideia de que, a qualquer momento, poderia causar verdadeiro perigo. O momento chegou aos 27 minutos. Jorge Fernandes falhou o corte e o avançado espanhol finalizou por baixo de Bruno Varela.
Nem o golo sofrido conseguiu mexer com um Vitória demasiado lento e previsível, que insistia na construção desde os centrais, mas que raramente chegava com critério ao último terço. Os beirões não também não abdicaram da estratégia, que ia resultando.
Só que, num daqueles lances em que a tática vale pouco, Sacko correu todo o corredor e atirou a bola para o centro da área. Estupiñán, aquele que tem sido a maior surpresa da temporada, saltou e deu a direção correta à bola para igualar o marcador. A justiça não foi simpática para o Tondela, que saiu para os balneários abatido pelo duro golpe.
Era de esperar que o Vitória subisse de rendimento, mas isso também obrigaria à defesa a ficar ainda mais exposta. Com muito jogo lateralizado (que ainda aumentou com a entrada de Quaresma), a equipa de João Henriques foi tentando várias vezes, com Lameiras a beneficiar da melhor das oportunidades.
Como já tem sido habitual nos últimos jogos, a equipa do Vitória foi obrigada a procurar reagir a um resultado nos momentos finais frente a um adversário que cada vez fecha mais os espaços e menos necessidade tem de subir no terreno. As oportunidades apareceram, mas Trigueira decidiu estragar os planos, para desespero de João Henriques e companhia.
Sem capacidade para chegar ao golo, o Vitória acabou por somar a quarta derrota consecutiva. Já o Tondela saiu pela primeira vez de um estádio adversário com os três pontos.
É a grande figura deste Tondela e, tal como os grandes jogadores fazem, Mario González apareceu em grande forma quando a equipa mais precisava. Frio à frente da baliza, o espanhol marcou dois e foi decisivo num jogo que se pode revelar decisivo para os objetivos do Tondela.
Depois de uma primeira volta em que o Vitória pareceu ser um sério candidato ao quinto lugar e lutar com o Paços até ao final, um início desastroso da segunda metade deitou por terra esse objetivo. Com apenas uma vitória em dez jogos, os perseguidores estão cada vez mais perto enquanto a equipa parece ter estagnado.
Ficam dúvidas num lance de disputa entre Quaresma e Olabe que o VAR analisou e mandou jogar. O extremo do Vitória parece agredir o adversário com o cotovelo.