Foi mesmo até ao último suspiro. O Benfica falhou o ataque à liderança e quase saiu do Estádio do Restelo sem qualquer ponto. Uma exibição apagada dos encarnados, com pouca capacidade de pressão, permitiu ao Belenenses ser superior durante praticamente toda a primeira parte. Depois de bastante desperdício encarnado, o Belenenses conseguiu mesmo chegar ao golo já perto dos descontos. Jonas, no último suspiro, ainda conseguiu o empate. Um mal menor para as Águias.
Belenenses e Benfica foram duas equipas diferentes do habitual, quer se queira quer não. Silas veio trazer outra visão à equipa da Cruz de Cristo, enquanto os encarnados tiveram, no Restelo, o primeiro jogo pós-Krovinovic. O croata foi influenciando o futebol dos encarnados e durante largos períodos sentiu-se a ausência da agressividade que o ex-Rio Ave veio dar ao meio-campo encarnado.
A equipa de Rui Vitória teve períodos de grandes dificuldades e apesar de algumas perdas de bola por parte do Belenenses, não havia um aproveitamento que causasse perigo para Filipe Mendes. Fo um Belenenses bastante superior na primeira meia hora de jogo, faltou materializar essa superioridade em situações de perigo. A equipa estava a conseguir ter bola, aproximar-se da baliza, mas foi na definição atacante que pareceu faltar a melhor interpretação das ideias do seu treinador.
Por força das suas individualidades, até foi o Benfica a ir por cima no final da primeira parte - Cervi teve excelente oportunidade para inaugurar o marcador -, mas os encarnados, com a liderança em jogo (FC Porto e Sporting jogam mais tarde) foram para os balneários a saber que era preciso fazer muito mais para conseguir subir ao topo do campeonato. A agressividade defensiva era o principal pecado dos benfiquistas.
Voltou melhor dos balneários a equipa de Rui Vitória. Aqui e ali continuou a ter falhas na pressão que permitiam o Belenenses conseguir trocar a bola, mesmo de forma algo atabalhoada. Mas a melhoria foi clara e tinha em Cervi o principal culpado. O argentino foi várias vezes ao lado oposto do campo para criar desequilíbrios, ganhar bolas, basicamente "mostrar como se faz".
Sem fulgor físico - Belenenses quebrou a partir da hora de jogo - a equipa de Silas começou a parecer bastante partida e a permitir espaço para os ataques benfiquistas. O espaço foi aproveitado, até certo ponto. Cervi conseguiu isolar-se na cara de Filipe Mendes e atirou por cima, pouco depois foi Jiménez a desperdiçar e a velha máxima pairava no ar: "Quem não marca sofre".
A faltar quatro minutos para o final, balde de água fria para os milhares de adeptos benfiquistas que se deslocaram ao Restelo. Excelente remate de Nathan, reforço de inverno do Belenenses, Bruno Varela batido já muito perto do final do encontro. Os encarnados continuaram a carregar, despejaram várias bolas para a área e na sequência de um livre direto à entrada da área, Jonas resgatou um ponto para as Àguias. O brasileiro voltou a ser herói depois de uma grande penalidade desperdiçada. Um livre que valeu um ponto e isso, nas contas finais do campeonato, pode muito bem fazer a diferença.
Foram 30 minutos de muita desconcentração e apatia na equipa de Rui Vitória. Os encarnados tiveram longos períodos de desconcentração e foram permitindo à equipa de Silas trocar a bola à vontade. Um adormecimento que só não trouxe mais problemas porque o Belenenses teve dificuldades em aproveitar a falta de agressividade defensiva dos encarnados.