* com Alexandre Ribeiro
Paulinho, Slimani ou os dois? Esta é uma das questões que paira sobre o universo leonino. Há quem prefira a ligação que Paulinho dá ao jogo e há quem não dispense a raça de Slimani. Dois jogadores com alguns pontos em comum, mas, sobretudo, com características diferentes.
Para falar melhor sobre ambos, o zerozero foi à procura de alguém que conhecesse as qualidades de Slimani e Paulinho. Jefferson foi o nome perfeito. O brasileiro não só jogou com Slimani no Sporting e com Paulinho no Sporting de Braga, como é, ainda, o melhor assistente de sempre para o argelino, com 10 passes para golo.
O lateral, atualmente a jogar no Brasil, foi pronto na resposta e a conversa evoluiu com naturalidade. O sucesso de Slimani também passou muito pelos pé do esquerdo de Jefferson e por isso começamos a conversa mesmo por aí.
Comecemos pelo momento atual. Jefferson tem seguido o Sporting com atenção. Já o fazia em Portugal, mas a distância não impediu que a ligação ao emblema de Alvalade arrefecesse: «Sempre que posso, estou ligado.»
Carinho pelo Sporting e carinho por Slimani. Assim sendo, não surpreendeu que Jefferson tivesse assistido com agradado ao regresso do argelino ao emblema leonino.
«Fiquei muito feliz. É um jogador que se identifica muito com o clube, jogou muitos jogos, fez muitos golos e é um jogador que os adeptos gostam. Para além de ter ficado feliz pelo regresso dele, estou feliz por estar a voltar a ser o Slimani de alguns anos atrás.»
E o que é isso do «Slimani de alguns anos atrás»? Jefferson explica para quem não viu ou não se lembra.
«É um jogador que luta muito, que ganha várias bolas de cabeça. Podes meter a bola na área e contar com ele. Também é forte sem bola, pode pressionar. É um avançado muito bom.»
Apesar da satisfação por ver o antigo colega de volta a Alvalade, Jefferson admite que não tem tido muito contacto com Slimani desde que o argelino rumou ao Leicester. Ainda assim, não esquece os golos que ofereceu ao avançado leonino e até aproveita para tirar alguns méritos para si.
«Antes conversava com ele, mas as coisas foram mudando. São países diferentes, horários diferentes, mas sempre que dá mando mensagem e conversamos um pouco», conta.
«Ele é um avançado em quem podes confiar, que ele vai e luta. Às vezes, até podes falhar o cruzamento que ele mesmo assim marca. Esforça-se muito. Tem fome de golo e isso facilitou muito. Lógico que com a qualidade de cruzamento, isso facilitou bastante. O mérito [do sucesso] é meu, que lhe metia a bola sempre lá [risos].», atirou, lembrando a apetência de Slimani para marcar em jogos grandes.
«Agora mais a sério. A diferença é que ele tinha uma vontade muito grande para fazer golo e, quando chegavam esses jogos, corria, batalhava, lutava, para poder estar sempre a marcar. Isso foi algo muito importante.»
Com 10 passes para golo (o jogador que mais vezes assistiu em toda a carreira) quando jogavam juntos em Alvalade, Jefferson lembra até algumas apostas que foi fazendo com o argelino e explica o porquê de ser tão fácil fazer passes para os golos de Slimani.
«Eu costumo dizer que ele só ficou conhecido por causa de mim [risos]. Lógico que, com a minha qualidade de cruzamento, isso facilitou bastante. De vez em quando, antes dos jogos ele dizia-me: 'Jefferson, uma assistência, um ténis Gucci'. Já ganhei vários ténis pelas assistências. Também houve alturas em que eu dizia: 'Hoje, eu quero uns Louis Vuitton'. E ele dizia-me logo que não, porque sabia que estávamos numa boa fase e fazia golo em todos os jogos.», recorda.
Por um momento, deixamos Slimani de parte, mas não por muito tempo, até porque a ligação com o argelino e a importância de Slimani na carreira de Jefferson acaba por ser estatisticamente superior à de Paulinho, para quem o brasileiro nunca fez qualquer assistência.
O esquerdino conta-nos que as diferenças entre os dois avançados passam os limites das quatro linhas.
«O Slimani era brincalhão nos momentos que tinha de ser, mas uma pessoa que, quando perde, fica muito chateada. O Paulinho é uma pessoa mais tranquila, fala mais baixo, mas é uma excelente pessoa e um bom jogador. Gostei muito de trabalhar com ele. Excelente pessoa, muito bom nos grupos, é tranquilo, não é tão brincalhão, mas não sei como está agora.»
«São grandes avançados, de muita qualidade e com certeza podem jogar juntos. O Paulinho é mais técnico, tem muita qualidade com a bola no pé e ajuda na construção. O Slimani é um avançado que discute mais, que cabeceia, que é lutador. Os dois juntos vão dar muito trabalho aos adversários. O Sporting tem grandes alas e bons avançados na frente, então acho que vai ser bom, tanto que, contra o Moreirense, os dois marcaram os golos. Vão ser uma boa dupla», vaticinou.
«Joguei com vários avançados bons: o Slimani, o Paulinho, o Bas Dost, o Teo [Gutierrez]. São jogadores com características muito diferentes e todos com muita qualidade.»
Para Jefferson, o rótulo de «contratação mais cara da história» do Sporting, que ainda pertence a Paulinho, não pesou na cabeça do ex-Sporting de Braga, até porque, para o brasileiro, Paulinho já está na história do clube de Alvalade por outros motivos.
«Estamos a falar de um jogador que saiu de um clube grande para outro. Chegou, foi campeão nacional e já ganhou várias taças. Ainda tem muito para dar e vai fazer muitos golos. Espero que ganhe muitos títulos pelo Sporting.»
«O Slimani fez vários golos e, por ser um jogador aguerrido, os adeptos do Sporting gostam muito dele. O Paulinho ainda nem está há dois anos no Sporting, tem muita qualidade, marcou o golo do título. Vai ficar na história do clube. Os adeptos até já têm música para ele. São dois grandes jogadores e essa dupla ainda vai dar que falar.»