Tozé Marreco, jogador que iniciou a época ao serviço do Tondela, pediu ao presidente Gilberto Coimbra para sair no mercado de janeiro, só que, 23 dias depois, continua sem encontrar um clube que se enquadre com a sua ambição. Em entrevista ao zerozero.pt, o avançado deu conta do grande objetivo de jogar na Liga ZON Sagres, onde apenas regista 40 minutos ao longo de uma carreira que lhe sorriu sobretudo no estrangeiro.
«A época estava a ser muito boa para mim, mas decidi sair do Tondela. Guardo as razões para mim, porque sou um homem de palavra e a conversa que tive com o presidente fica entre nós. Ele deixou-me sair, apesar de eu ter contrato até final da época, porque percebeu os meus motivos. Agora estamos numa fase de decisão. No mercado já se sabe que as coisas decidem-se mais na última semana, queria resolver o meu futuro mais cedo, mas vamos ver o que será melhor para mim», começou por dizer o avançado, nesta entrevista ao zerozero.pt.
A Taça da Liga entra agora na altura decisiva na segunda fase de grupos, que vai apurar os semi-finalistas. O melhor marcador da competição é... Tozé Marreco. Ou melhor, são vários os jogadores com três golos, só que o ex-tondelense tem o melhor registo, pois alcançou a marca em apenas três partidas.
Nesta entrevista, o atleta confessou que nem estava a par dessa situação, embora mostrando natural agrado. Falando em números, o próprio até tinha dos registos mais interessantes da Liga2 Cabovisão quando saiu, só que ainda não conseguiu convencer um clube ou treinador do primeiro escalão a apostar claramente em si. Afinal, o que falta?
«Falta alguém que aposte em mim. Eu nunca fui uma promessa do futebol português, pois não era daqueles que tinham 60 ou 70 internacionalizações pelas seleções mais jovens. Eu tive que ir à procura do meu espaço fora e consegui-o. Não foi fácil regressar a Portugal para ingressar na Segunda Liga, mas consegui mostrar qualidade onde tive oportunidade», reclamou.
É que Tozé Marreco, que fez a formação em clubes como o União de Coimbra, o Mirandense ou a Académica, emigrou muito cedo e passou por quatro países (Holanda, Espanha, Bulgária e Suíça), sempre com muitos golos na carteira. Por falar em Académica, o seu nome foi, no início do mês, apontado ao clube conimbricense, que entretanto optou por Moussa Gueye e Rafael Lopes.
«Também li essas notícias, mas comigo diretamente ninguém falou, por parte da Académica. Da Primeira Liga apenas existiram conversas, não houve nada em concreto. Sempre disse que seria a minha prioridade, mas sinceramente não acredito que o meu futuro passe pela Liga ZON Sagres, acredito bem mais que seja no estrangeiro», revelou o dianteiro.
«Todos os dias me ligam clubes da Liga2 Cabovisão»
Consciente das dificuldades, mas também do seu valor, o avançado mostrou, durante a entrevista, bastante clareza na forma como entende a realidade do panorama atual, se bem que não deixou de 'pedir' uma oportunidade para jogar no primeiro escalão.
«Da mesma forma, irei mostrá-lo se chegar à primeira. Só preciso de oportunidades, porque, se as tiver, tenho a certeza de que vou conseguir mostrar serviço». Portanto, há desconfiança? «Tem que haver. Há efetivamente desconfiança, senão já me tinham aberto a porta, mas sei claramente que, no dia em que tiver uma oportunidade, vou agarrá-la», garantiu.
A determinação confunde-se, a certa altura, com alguma amargura pela falta de aposta em Portugal no seu faro goleador, ele que tem sido um crítico da fraca aposta no jogador português. Novamente sobre o seu futuro, o jogador revelou as duas faces da esperança e revelou que as abordagens do exterior até são mais elevadas.
«No futebol tudo muda rapidamente. Até dia 31, tudo é possível, mas sou uma pessoa consciente e que analisa as coisas friamente e, realisticamente, é difícil eu vir a jogar na Primeira Liga. Se não for assim, o futuro passará pelo estrangeiro ou por um projeto que seja ambicioso na Segunda Liga. Para ser sincero, tenho muito mais mercado lá fora do que cá em Portugal», confessou.
Não conseguindo o objetivo primordial da Liga ZON Sagres e não tendo uma proposta verdadeiramente aliciante vinda do estrangeiro, há ainda o segundo escalão do futebol português. Desportivo das Aves, União da Madeira, Naval e Tondela já o tiveram do seu lado e os adversários bem o conhecem, pelo que o facto de ter duas propostas em carteira não é algo que surpreenda.
«Todos os dias me ligam clubes da Liga2. Tenho propostas concretas de dois clubes que estão na luta pela subida de divisão e essas propostas estão de pé». Os nomes? Não quis revelar...