Não são bons os tempos que se vivem pelo Estádio do Dragão. Apesar da vitória expressiva, apesar dos aplausos finais, apesar dos cânticos, continuam a faltar os títulos. Os adeptos, na sua exigência, procuram culpas.
Era uma das expectativas para este jogo, depois de consumado o tetra para o Benfica (que significa o maior jejum da era Pinto da Costa), e foi possível absorver várias sensações. Desde logo, o incómodo.
Foi curioso observar o adepto portista esta tarde. Triste como a tarde nublada, de semblante fechado e com um olhar para o relvado que era bem mais evasivo do que aparentava. Certamente, por entre alguma linguagem à Porto que não devemos escrever, existirão muitos «porquês» sobre o momento atual.
Porque não se é campeão com apenas uma derrota? Porque não se é campeão com o melhor ataque e a melhor defesa? Porque é que a equipa tropeçou em tantos empates? Porque é que, em certos momentos, não houve a melhor decisão da equipa de arbitragem? Porque é que a estrelinha da sorte está noutro lado? Porquê? Porquê?
Nesta nossa tentativa de descodificar o desagrado portista, não encontramos respostas, mas vemos indícios de dedos a apontar culpas.
A equipa foi a primeira: depois do fortuito golo do Paços de Ferreira, foram muitos os assobios, entretanto camuflados com aplausos e depois respondidos com golos. Nuno Espírito Santo livrou-se de qualquer acusação, embora, caso a equipa não vencesse, fosse crível que se exibissem lenços brancos, a avaliar pelo que se lê pelas páginas e blogosfera. Mas, mais audível que tudo, a última meia hora deu mais sinais: de um lado da bancada, reiterados cânticos contra o Benfica e manifestações relativas às arbitragens (apesar de Soares Dias ter estado muito bem); do outro lado, uma claque a abandonar o estádio em protesto, com cânticos contra a SAD e a fazer ouvir a sua voz fora do recinto, onde ficou a tarja «O espírito de campeão vive… apenas nos nossos adeptos», que a segurança não permitiu que entrasse no estádio.
No fundo, vários focos de alguma insatisfação, apesar de pacífica, por parte de um Dragão ferido no orgulho e ansioso por inverter um cenário de posição secundária à qual não se consegue adaptar. Resta perceber que soluções trará o fim de época.
4-1 | ||
Héctor Herrera 35' Yacine Brahimi 38' (g.p.) Diogo Jota 46' André Silva 88' (g.p.) | Andrézinho 31' |