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    Athletic volta a vencer a Copa del Rey

    Bilbau em festa: o Rey volta a sentar-se no trono de San Mamés

    Longos dias têm cem anos. Ou então 40, se falarmos do Athletic Club e da Copa del Rey. Segundo emblema com mais títulos na competição, apenas superado pelo FC Barcelona, o conjunto do País Basco voltou a ser feliz. Um longo interregno foi interrompido e, ao fim de 40 anos, os leones de San Mamés voltaram a sentar-se no trono.

    Clube particular, de cariz especial por todas as caraterísticas únicas que possui, o Athletic Club deu tons dourados a uma temporada, até ver, de tremendo sucesso. Para além da conquista da taça, o clube está em quinto lugar no campeonato e com possibilidades reais de chegar a um lugar de Champions.

    San Mamés, recinto com capacidade para receber mais de 50 mil pessoas, apresentou lotação esgotada no dia da final. Jogou-se ali? Não propriamente. A partida foi jogada em Sevilha, mas as portas do anfiteatro basco abriram e os adeptos puderam assistir ao duelo pelos ecrãs colocados no centro do relvado. Reforçamos: lotação esgotada.

    A hipótese de voltar a erguer a Copa del Rey após 40 anos fez de San Mamés um vulcão, daqueles sob tamanha pressão que se torna uma questão de tempo até entrar numa explosiva erupção. Minuto 21, golo do Mallorca. Nervosismo, o sentimento de que o troféu pode continuar a fugir. Minuto 50, o empate pelos pés de Ohian Sancet. A respiração torna-se novamente mais leve, mas a ansiedade ainda não foi embora na totalidade. Empate no fim do tempo regulamentar, a mesma coisa no prolongamento. Seguem-se as grandes penalidades. Álex Berenguer converte o castigo máximo decisivo e, agora sim, grita-se a plenos pulmões, a mais de 800km de distância de La Cartuja: o Athletic é novamente Rey.

    A segunda vida de Valverde

    O obreiro do título é alguém que já conhece muito bem a casa. Na terceira passagem pelo banco do Athletic, Ernesto Valverde devolveu o caminho da glória ao clube basco e deu provas de que ainda tem vida depois da passagem pelo FC Barcelona.

    @Getty /

    O técnico de 60 anos passou pela Cidade Condal com sucesso, tendo conquistado um bicampeonato, mas os mais desatentos ao plano geral podem sentir-se tentados a julgar a estadia de Valverde em Camp Nou pelo plano particular. Embora tenha ganho 97 dos 145 jogos em que orientou o emblema blaugrana e conquistado dois campeonatos, uma Copa del Rey e uma Supercopa, o treinador fica ligado a duas das mais traumáticas noites europeias do clube: as reviravoltas sofridas em anos consecutivos frente a AS Roma (derrota por 3-0, em Roma, depois de uma vitória por 4-1 em casa) e Liverpool (os célebres 4-0 de Anfield, depois de um 3-0 em Camp Nou).

    2023/24 é a temporada em que, ao leme do seu Athletic, volta a despertar a atenção da Europa do futebol. 23 vitórias em 38 jogos realizados até ao momento, quinto lugar no campeonato, a dois pontos de um lugar de Liga dos Campeões, e uma Copa del Rey conquistada. A segunda vida de Ernesto Valverde, ressuscitado depois do final atribulado em Barcelona.

    Um amor sem olhar à carteira

    Não é preciso ser o maior entendido no que diz respeito à realidade do Athletic para saber da relação especial entre clube e adeptos. É quase cultura geral. Apaixonados, verdadeiramente loucos pelo emblema das listas vermelhas e brancas, ao ponto de até alugar uma varanda por 1.500€.

    Confuso? Explicamos: esta quinta-feira, a Gabarra está de volta. Trata-se de uma embarcação que vai percorrer a ria de Bilbau para festejar a conquista da 24.ª Copa del Rey do clube. Se tem dúvidas em relação ao peso que esta vitória tem para o clube espanhol, fique sabendo que será apenas a terceira vez na história do Athletic que a tradição da Gabarra é cumprida.

    Em 1982/83, Javier Clemente conquistou o campeonato com o clube basco e inaugurou a tradição. Apenas um ano depois, a tradição realizou-se pela última vez, de forma a celebrar a conquista da dobradinha (campeonato e taça). 40 anos depois, a tradição é recuperada e as celebrações estão a levar a região à loucura: há quem esteja a alugar a varanda de casa para ver a Gabarra, sendo que os preços vão dos 700 aos 1.500 euros.

    História resistente aos tempos modernos

    @Getty /

    Num futebol moderno governado por cheques em branco e projetos megalómanos, em Bilbau mora uma equipa que não abdica dos valores que a trouxeram até aqui. Símbolo de toda uma região, o Athletic é o quarto clube mais antigo em Espanha e é um de apenas três que nunca foram despromovidos do primeiro escalão. Os outros dois? Real Madrid e FC Barcelona, pois claro.

    Mas nem são estes os dados que tornam o clube realmente especial. O que ajuda a conferir esse toque romântico ao emblema é a regra interna, mais uma espécie de filosofia, que o Athletic continua a adotar religiosamente e de forma orgulhosa: o clube constrói o plantel apenas com jogadores de origem basca.

    Portanto, não é de estranhar a popularidade do clube na região. Quando o Athletic entra em campo, leva consigo o País Basco e tudo o que este tem para oferecer em termos futebolísticos. Um projeto ímpar numa era onde o ímpar é cada vez mais fora da caixa.

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