Costuma-se dizer que o melhor está guardado para o fim e o fecho da 25ª jornada fez jus à expressão. Em Vila de Conde, Rio Ave e Paços de Ferreira protagonizaram um duelo emocionante, com cinco golos, vento à mistura, duas expulsões e grandes defesas. No fim, sorriu o Paços, que deu um passo importante na luta pela manutenção, e sorriram os espetadores, que assistiram a uma bela partida de futebol.
Por vezes achamos que depois de ver cinco minutos de um qualquer jogo já sabemos tudo o que vai acontecer e em alguns desses casos até pode bater certo, mas o embate no Estádio dos Arcos não foi, de todo, um desses jogos. Carvalhal e Pepa não surpreenderam nos onzes, mas as surpresas estavam guardadas para o relvado.
Depois de uns primeiros minutos a medo por parte das duas equipas, foi com relativa naturalidade que o Rio Ave assumiu a iniciativa de jogo. Mas se essa iniciativa já era esperada, o que se seguiu, nem por isso. Num livre lateral ainda distante da baliza defendida por Kieszek, João Amaral, a meias com o vento e com uma ajudinha do mau posicionamento do guardião polaco, viu aquilo que parecia ser um cruzamento chegado à baliza, terminar no fundo das redes, inaugurando assim o marcador.
Amaral tentou surpreender de novo Kieszek pouco depois com um remate de muito longe, mas, desta vez, o guardião estava atento e defendeu para canto. Só que desse canto nasceu o segundo golo da partida, agora por intermédio de Douglas Tanque que, após alguma insistência, dilatou a vantagem para 0x2, ainda antes de estar completado o primeiro quarto de hora.
O resultado podia já apontar para um desfecho de surpresa, mas, à entrada para a reta final da primeira metade, Carvalhal trocou de posição os três homens que apoiavam Taremi no ataque e a equipa recuperou o finalmente o domínio com bola. No entanto, continuava sem conseguir ultrapassar a barreira dos castores, mas a primeira vez que o conseguiu fazer, fê-lo com eficácia máxima. Diego Lopes aproveitou uma defesa incompleta de Ricardo Ribeiro a remate de Piazón e reduziu a desvantagem.
O jogo estava muito bom e antes do intervalo houve novo condimento para animar ainda mais a partida, com Bruno Teles a receber ordem de expulsão depois de travar Taremi quando o avançado se preparava para ficar na cara do golo.
Ao intervalo, Pepa reforçou a defesa com a entrada de Bruno Santos para o ocupar a vaga deixada livre por Bruno Teles, mas os efeitos não foram bem os esperados… foram melhores! Depois de uma primeira ameaça de Taremi, o lateral brasileiro pegou na bola, arrancou, driblou vários adversários e finalizou rasteiro. Um golo daqueles que, noutras circunstâncias seria de fazer levantar o estádio.
Carvalhal respondeu de imediato com as entradas de Carlos Mané e Gelson Dala e os efeitos foram praticamente imediatos. Ricardo Ribeiro não conseguiu socar e afastar o perigo num lance de insistência e a bola sobrou para o avançado angolano, que não se fez de rogado e voltou a reduzir a desvantagem.
O jogo estava de loucos e quase teve novo capítulo nos pés de Taremi, mas o golo do avançado iraniano foi anulado por posição irregular. Isto, numa altura em que o Rio Ave estava claramente por cima perante um recuado Paços, que procurava a todo o custo segurar a vantagem.
Mas se era verdade que o domínio com bola estava do lado do Rio Ave, era igualmente verdade que a defesa pacense pareceu ter sempre a situação controlada. De resto, a única surpresa até final foi mesmo não haver mais nenhuma surpresa!
Numa altura em que muito se tem discutido o lado físico do jogo e Rio Ave e Paços de Ferreira mostraram-se em forma e deram espetáculo. Não havia adeptos, é verdade, mas não faltou emoção dentro do relvado para aquecer a noite fria que fazia sentir em Vila do Conde.
Num jogo bastante animado, houve também más decisões, com destaque para a expulsão de Matheus Reis. O lateral envolveu-se com um adversário sem qualquer necessidade e acabou expulso, anulando aquilo que podia ser uma vantagem importante para os vilacondenses, a vantagem numérica.
Arbitragem segura de Tiago Martins, que esteve bem nas duas expulsões, embora a de Bruno Teles seja mais duvidosa, e no golo anulado por fora de jogo.