Chegou ao fim o sonho do SC Braga na Liga dos Campeões, mas há mais alívio do que tristeza para os minhotos, que sabiam da dificuldade das dificuldades para chegar aos oitavos e chegaram a ter um pé e meio fora das competições europeias.
No fim, uma exibição desinspirada, pautada por erros defensivos que favoreceram o Napoli, foi suficiente para garantir a passagem para o plano B europeu, tão conhecido pelos minhotos: a Liga Europa. Os agradecimentos serão endereçados ao Real Madrid, que mesmo apurado virou a desvantagem contra o Union, no outro jogo do grupo.
Como o gelado napolitano, este Grupo C chegou à derradeira jornada tripartido. Real Madrid, tal e qual tampa, condenado a terminar por cima, enquanto por baixo três sabores distintos procuravam algum tipo de protagonismo. Napoli entre Liga dos Campeões e Liga Europa, Union Berlin entre Liga Europa e o fim da linha no interrail de 2023/24, e o SC Braga com o próprio destino tripartido.
Claro que o desfecho predileto dos minhotos - a inédita passagem aos oitavos de final da liga milionária - dependia de uma dificílima vitória por dois ou mais golos, numa casa onde nenhuma equipa portuguesa tinha triunfado, mas quando um jogador entra em campo para aquecer ao som de Live is Life, em pleno Stadio Diego Armando Maradona, tudo parece possível.
Baixas probabilidades de sucesso ignoradas em prol da fé numa noite histórica. «Nada é impossível», convenciam-se treinadores, jogadores e adeptos, até à dura dose de realidade que os atingiu após o apito inicial...
Ao 33º minuto, os tifosi locais celebraram o 2-0. Ambos os centrais do SC Braga a entrar fora de tempo, num lance trabalhado por Natan e concluído por Osimhen. Desastre em andamento.
O futebol do SC Braga nem foi propriamente mau. Algumas perdas de bola e falhas na ligação entre setores, mas existia um certo controlo do jogo que podia ter levado a algum lado, se não tivesse sido traído pelas gravíssimas falhas do setor defensivo. No ataque, apesar da precipitação, momentos interessantes protagonizados por Zalazar, Horta e Bruma. Ainda assim, o desastre piorou.
Lei de Murphy em andamento, do ponto de vista luso, até o problema ser resolvido. Não por Banza, não por Horta, ou com qualquer dedo dos jogadores bracarenses. Foram Joselu e Ceballos, autores da remontada merengue em Berlim, os salvadores desta vez.
No fim, agradecimentos aos adeptos viajantes, que testemunharam uma exibição pobre, mas regressam a Portugal com a garantia de mais futebol europeu em 2023/24. O SC Braga está de volta à Liga Europa, que tão bem conhece, e junta-se a Sporting e Benfica no play-off dessa mesma competição.
O SC Braga voltou à Liga dos Campeões 10 anos depois e conseguiu cumprir o objetivo mínimo: a continuidade nas competições europeias. A viagem por esta fase de grupos foi imperfeita, recheada de erros, mas é experiência importante para um clube que tem brilhado no segundo escalão da Europa, para onde regressa agora. Superar Napoli ou Real Madrid seria sempre muito difícil, de maneira que não há fracasso.
Cristián Borja, José Fonte e Serdar Saatçi deixaram evidentes as fragilidades deste SC Braga, que ficam ainda mais expostas na ausência de Niakaté. O que a equipa de Artur Jorge tem de competente, particularmente no plano ofensivo, tem o inverso no setor defensivo, onde os golos sofridos se acumulam. E quanto melhor a oposição, mais difícil fica.