Tremeu. Oh, se tremeu! A Pedreira encheu-se com mais de 29 mil pessoas para receber o Real Madrid, 14 vezes vencedor da Liga dos Campeões, e o SC Braga deu mostras de que tem lugar na elite. A equipa bracarense levou o conjunto espanhol ao limite, pese a derrota por 1-2, e saiu do Municipal de Braga com um provável e compreensível sentimento de injustiça.
Receber uma constelação de estrelas como as do Real Madrid pede cuidados especiais e Artur Jorge tratou disso mesmo. O técnico deixou Bruma no banco e reforçou o setor central com Vítor Carvalho, que alternou entre um médio mais defensivo e próximo de Al Musrati e Zalazar e um terceiro defesa central colocado entre Serdar e Niakaté. Esta última versão foi a mais vista ao longo da primeira parte, num 5x4x1 no qual os minhotos se sentiram confortáveis.
Com menos posse, o Real Madrid apostou em chegar a zonas de finalização em poucos toques e forçou por várias vezes o duelo individual entre Vinícius Júnior e Serdar. O brasileiro tornou a noite do defesa central turco um pesadelo e numa das investidas desenhou o golo de Rodrygo, aos 16 minutos. Reagiu bem a equipa da casa, que manteve os índices competitivos bem no topo, mas foi traída por alguma ansiedade na hora da definição.
O melhor Real Madrid ficou guardado para os primeiros minutos da segunda parte e sempre inseparável de Vinícius Júnior. O internacional brasileiro continuou a perfumar cada lance de ataque dos blancos com a sua «ginga», para desespero de Serdar e Joe Mendes. Daquele flanco nasceu uma vez mais o golo merengue, servido por Vini em bandeja de prata para a classe de Jude Bellingham.
O dobrar da vantagem forasteira podia ser fatal para as aspirações arsenalistas, mas a equipa de Artur Jorge não se desligou da partida e reduziu a diferença apenas dois minutos depois. A Pedreira encheu-se de crença, embalou a equipa e o SC Braga aproximou-se novamente do que tinha feito na primeira parte e colocou o adversário em dificuldades.
Artur Jorge reagiu e jogou a última cartada com João Moutinho, que acrescentou qualidade à circulação do SC Braga. O último quarto de hora foi passado com a equipa da casa instalada no meio-campo ofensivo e o Real Madrid forçado a defender em 30 metros. Abel Ruiz teve a derradeira chance, mas não foi feliz. O SC Braga caiu perante o vencedor de 14 edições da Liga dos Campeões, mas não sem mostrar que é na elite o seu lugar.
Foi indiscutivelmente o elemento que marcou a diferença no encontro. Pela esquerda, criou inúmeras dificuldades a Joe Mendes e a Serdar, que não tiveram velocidade para acompanhar as investidas do internacional brasileiro. Criou os dois golos.
Jogadores das duas equipas desentenderam-se já depois do apito final, na zona central do terreno. O ponto mais negativo depois de um belo espetáculo.