Números modestos para um grande, mas que não deixam de merecer destaque, tendo em conta que é a primeira vez esta época que o Sporting vence quatro vezes consecutivas para a Liga. Depois de Chaves, Estoril e Portimonense, a equipa de Rúben Amorim bateu o Boavista, por 3-0.
Num jogo de sentido único, em que o Boavista não só foi presa fácil como pareceu desde cedo entregue às incidências da partida, os leões tiveram momentos de brilhantismo, mas o destaque da noite aconteceu quando Nuno Santos abriu o marcador com uma letra candidata a golo do ano.
Este Sporting ainda vai ter de lutar muito para chegar ao pódio da Liga e para estar na Liga dos Campeões da próxima época, mas a equipa de Rúben Amorim atravessa a melhor fase da época, mesmo que seja eliminada pelo Arsenal na quinta-feira.
🇵🇹Nuno Santos marcou sempre pelo menos 8 golos por época nas 3 temporadas de leão ao peito:
2022/23 - 8 golos
2021/22 - 10 golos
2020/21 - 8 golos pic.twitter.com/lshgBAnDJX
— Playmaker (@playmaker_PT) March 12, 2023
Além do destaque evidente para alguns jogadores que irão ser referidos nos parágrafos que se seguem, coletivamente este é mesmo o melhor Sporting da temporada. A equipa de Rúben Amorim já teve fases em que conseguiu mais vitórias consecutivas, mas esta é a fase em que mais convence. Com um 3-4-3 cada vez mais convertido em 4-4-2, há um leão diferente na reta final da época.
Suficiente para ainda lutar por alguma coisa em 2022/23? Talvez não, mas, como aconteceu na época que antecedeu o título, os leões parecem estar a construir as bases para o futuro próximo.
Historicamente, o Boavista não consegue ser feliz em Alvalade. Se leu os livros anteriores destes duelos entre leões e panteras, sabe que os axadrezados até conseguem bons resultados no Bessa (aconteceu na primeira volta), mas em Alvalade só por uma vez venceram em jogos do campeonato.
No entanto, a fase positiva na Liga, sem pressão e com possibilidade de olhar para cima, dava alguns bons sinais aos adeptos axadrezados. Só que logo ao primeiro minuto, os sinais foram bem diferentes.
Logo nas primeiras linhas deste livro, a equipa de Rúben Amorim entrou com tudo e foi com uma das novas personagens, Chermiti, que acertou na trave logo no primeiro lance da partida.
O mote foi dado nesse momento. O Sporting assumiu por completo o papel de ator principal desta trama e o Boavista subjugou-se ao estatuto de ator secundário, muitas vezes quase de figurante.
Foi nessa fase que os leões assumiram o jogo com mais intensidade. Qualidade nas saídas, domínio do meio-campo e espaço para Edwards e Pedro Gonçalves em zonas interiores. Ao fechar o primeiro capítulo, a letra de Nuno Santos. Um gesto muitas vezes utilizado para assistir, que nesta história teve um novo destino: o fundo das redes de Bracali. O melhor é recorrer ao auxiliar multimédia (veja o golo).
Se por vezes encontramos, perdidos na estante, livros que começam com uma história interessante, mas acabam por ficar marcados por aquele plot twist, avisamos que este não foi o caso.
O Boavista nunca conseguiu aparecer na história deste jogo e só na segunda parte, perante alguma desconcentração da equipa leonina, foi possível ver a equipa de Petit aparecer junto do estreante (na Liga) Franco Israel.
Uma pantera sem garra, que não causou dificuldades algumas à equipa leonina, bem pelo contrário. Com o Sporting por cima do jogo, um autogolo de Salvador Agra em cima do intervalo facilitou ainda mais a tarefa dos leitores. O final começava a ser previsível.
Ainda com metade do livro por ler, dificilmente havia quem acreditasse, tendo em conta o que foi a primeira metade, que a história mudasse por completo a partir daqui.
Petit mexeu algumas peças à procura de coisas diferentes, mas só mesmo o Sporting foi quebrando a monotonia, com Esgaio, patinho feio em livros anteriores, a entusiasmar com uma bola à trave, de pé esquerdo.
Para o fim, Amorim descansou jogadores a pensar na Liga Europa e nos jogos que se seguem (havia vários jogadores em risco). Nas últimas páginas, houve ainda tempo para o golo final de Paulinho. Logo a seguir, o árbitro apitou e o Sporting venceu o Boavista pela 51.ª vez em sua casa. Previsível? Há livros assim.
A entrada foi uma espécie de prefácio para o que seria o livro desta partida. O Sporting foi dominante, controlou o jogo com bola e teve momentos de grande brilhantismo. O golaço de Nuno Santos, de letra, roubou o show.
Vencer em Alvalade seria difícil, até porque em tantos confrontos, só por uma vez o Boavista conseguiu esse feito para o campeonato, mas a equipa de Petit foi pouco competitiva e acabou por nunca entrar em jogo.