A nível interno, em Espanha, a história até pode estar a ser mais complicada, mas o Real Madrid provou, mais uma vez, que a Liga dos Campeões é a sua casa, os seu habitar natural, e mostrou ser o «rei da selva» em Anfield, ao vencer o Liverpool por 2-5, num jogo onde até esteve a perder por 2-0. O 2º round joga-se a 15 de março.
Era um dos jogos grandes destes oitavos de final da Liga dos Campeões, não estivéssemos nós, afinal, a falar da reedição da final da última edição da prova. Do lado do Liverpool, a atravessar uma fase menos positiva da época, Jurgen Klopp apresentava exatamente o mesmo onze do último jogo (0-2 com o Newcastle), enquanto do lado do campeão em título Real Madrid, Carlo Ancelotti promoveu duas alterações face ao último jogo (0-2 com o Osasuna), com as entradas no onze de Karim Benzema e Dani Carvajal.
Salah marcou pelo 6.º jogo consecutivo na Champions: registo inédito de um jogador do Liverpool em toda a história da competição
+ jogos a marcar pelo Liverpool numa época na Liga Campeões:
6 Salah (2022/23)🔝
5 Gerrard (2007/08)
4 Hunt (1964/65), Salah (2020/21), Darwin (22/23) pic.twitter.com/H6ToAF5Psn
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Longe da forma demonstrada noutras épocas, falávamos de duas equipas com 20 Ligas dos Campeões conquistadas entre si. Ambas posicionadas em 4x3x3, havia algum encaixe teórico, mas o Liverpool entrou sedento na partida e com uma pressão sobre a bola altíssima, que causou claras dificuldades aos merengues e permitiu aos reds entrar da melhor forma, aproveitando a largura do campo e a distância entre setores que havia nos espanhóis (notava-se a ausência de Tchouaméni).
Perante isto, a turma comandada por Jurgen Klopp precisou de apenas quatro minutos para inaugurar o marcador, com o ex-Benfica Darwin Núñez a dar o melhor seguimento a um passe magistral de Salah da direita para o coração da área, através de uma finalização de calcanhar. A vida estava claramente difícil para os campeões e mais ficou quando, aos 14', Courtois teve um erro inacreditável, recebeu mal o passe de Carvajal, e deu autenticamente o 2-0 a Salah. Que início, mas não se ficaria por aqui.
O jogo estava eletrizante, memorável, e os golos pareciam poder cair para qualquer lado. Carvajal ia obrigando Darwin a baixar para ajudar a descer na esquerda inglesa e fazendo a diferença no ataque espanhol e foi desse lado que Rodrygo quase fazia o 2-3 já nos descontos, mas Robertson fez um corte enorme e levou tudo empatado para o intervalo. Era um quarto de hora necessário para respirar um pouco neste jogo de loucos.
A 1ª parte tinha deixado as expetativas elevadíssimas para os segundos 45 minutos e a verdade é que o arranque da 2ª parte voltou a não desiludir, com o Real Madrid a «imitar» o Liverpool e a fazer dois minutos num ápice, chegando ao 2-4 em apenas 10 minutos. Primeiro foi o ex-FC Porto Éder Militão, aos 47', a responder a livre de Modric para confirmar remontada, de cabeça. Pouco depois foi a vez de surgir a «estrelinha de campeão»: Rodrygo e Benzema combinaram na direita da área, o francês rematou e a bola desvia em Joe Gomez para enganar por completo Alisson. Que arranque.
Noite histórica, pela negativa, para o Liverpool: nunca tinha sofrido, sequer, 4 golos em 🏠casa nas competições europeias - hoje, já sofreu 5 pic.twitter.com/sHf5heqAch
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Pela primeira vez em vantagem na partida, o Real Madrid tranquilizou-se a partir daqui, aproveitando o maior balanceamento ofensivo do Liverpool - embora menos bem organizado - para ter, por fim, bola na sua posse com critério, com Modric a destacar-se nesse papel de maestro. Os reds iam com tudo em busca da sua remontada, mas a verdade é que ia desorganizou e desequilibrou a equipa defensivamente. Ora, o Real faz da transição a sua praia e acabou a dar a machadada «final» aos 67' dessa forma, com Modric a desmarcar Vinicius e este a assistir Benzema, que tirou Alisson do caminho com classe e fez o 2-5.
Com três golos de desvantagem na eliminatória, o Liverpool não tinha «nada» a perder, embora ainda houvesse uma 2ª mão, mas Klopp não desesperou. Diogo Jota, que entrou mesmo antes do 2-5, e Roberto Firmino trouxeram mais critério com bola, mas menos explosividade e não ajudou o facto do jogo estar menos partido para se sair na transição.
Começar a perder por 2-0 no primeiro quarto de hora e com um erro inacreditável de Courtois? Nem isso parou o Real Madrid, que mostrou que a Champions é o seu habitat natural e fechou o jogo nos 52 minutos seguintes, onde marcou cinco golos sem resposta e pode mesmo ter «matado» a eliminatória.
Não foi só na defesa que o Liverpool falhou - o ataque apagou-se após o 2-2 -, mas a verdade é que um verdadeiro candidato não pode sofrer três golos em 22 minutos, na 2º parte, numa eliminatória destas e contra uma equipa como o Real Madrid. Voltaram os fantasmas que têm surgido esta época.
O romeno István Kovács, apesar da loucura que foi o jogo, teve um jogo de relativo fácil ajuizamento, mas parece ter falhado num lance que podia ter sido crucial para o desenrolar da partida, quando, ao minuto 54, Dani Carvajal empurra Darwin nas costas e este cai na área espanhola. Parece haver penálti por marcar e o Real marca no minuto seguinte...