O Sporting ainda não tinha perdido. Perdeu. O Marseille ainda não tinha vencido. Venceu. O Sporting ainda não tinha sofrido. Sofreu. O Marselha ainda não tinha marcado. Marcou. Assim se resume de forma muito sucinta esta noite de má memória (4-1), no Vélodrome, para a equipa liderada por Rúben Amorim. Uma derrota patrocinada por três erros grosseiros do experiente guarda-redes Adán, que esteve pouco mais de 20 minutos em campo. Atendendo à sua prestação, até foram demais.
Bancadas despidas, alguns adeptos privilegiados com acesso a um jogo condenado a ser à porta fechada pela mais alta instância do futebol europeu e um silêncio quase ensurdecedor, a fazer lembrar um jogo de pré-temporada, onde, aí sim, são admitidos alguns dos erros que assistimos, esta terça-feira, em pleno Vélodrome, num jogo a contar para a fase de grupos da prova milionária. Sim, a valer pontos e (muitos) milhões.
Último a ser 🟫expulso pelo Sporting na Champions: William Carvalho, frente ao Legia, em 2016/17 pic.twitter.com/b9MJgK4CvN
— playmakerstats (@playmaker_PT) October 4, 2022
Adán. É comum ouvirmos treinadores defenderem que na hora da derrota não devemos encontrar culpados, mas, neste caso, é muito difícil não colocar esse rótulo no guarda-redes espanhol. Como é que um jogador tão experiente, no alto dos seus 35 anos, longe da inexperiência europeia de alguns dos seus companheiros, consegue somar tantos erros num tão curto espaço de tempo? Difícil explicar, até para o próprio.
Um jogo que podia ser de sonho para os leões, visto que aos 54 segundos já festejavam um golaço de Francisco Trincão, tornou-se num autêntico pesadelo. Do céu ao inferno, numa fração de minutos. Numa tentativa de alívio/passe longo, Adán chutou contra Alexis Sánchez e a bola aterrou diretamente na baliza... Estavam decorridos 13 minutos de jogo e foi preciso esperar mais três para um novo erro... e um novo golo.
O guardião dos leões voltou a comprometer a equipa, desta vez com um passe que saiu diretamente para Clauss, no corredor central. O internacional francês cruzou imediatamente para Harit, que cabeceou para o golo da reviravolta. Olhos cerrados no chão. Inexplicável.
Como se não fosse suficiente, Adán ainda teve a destreza de defender uma bola com as mãos fora da sua área, na sequência de uma jogada dividida entre Esgaio e Nuno Tavares, e viu, naturalmente, a cartolina vermelha. Tudo isto em 23 minutos. Vinte e três minutos.
O inglês Marcus Edwards que até estava a ser um dos principais desequilibradores do conjunto verde e branco acabou por ser o sacrificado em função da expulsão de Adán, para a entrada de Franco Israel, que, francamente, também não esteve nada bem no lance do terceiro golo dos marselheses.
3.ª vez que o 🦁Sporting sofre 3 golos esta época (SC Braga, FC Porto, Marseille), a 1.ª em que sofre 3 golos na 1.ª parte pic.twitter.com/vCQOTMeQPx
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É verdade, o Marselha, que não marcava três golos num jogo da Champions há mais de 10 anos, segundo dados do nosso playmakerstats, dilatou a vantagem ainda antes da meia hora de jogo, na sequência de um lance de bola parada. Os tais lances em que a equipa de Igor Tudor é especialista. Harit bateu o canto, Israel saiu muito mal da baliza e Balerdi desviou de cabeça para o 3-1.
O cenário era delicado, o intervalo podia ser bom conselheiro e Amorim aproveitou para mudar (quase) tudo. Quatro alterações de uma assentada, a começar na defesa e a acabar no ataque. Revolução.
Não só graças às alterações, mas também à gestão muito bem feita por Igor Tudor, que fez com que os seus jogadores baixassem o ritmo, que tinham o jogo perfeitamente controlado, o Sporting não sofreu tanto, mas também nunca conseguiu incomodar verdadeiramente Pau López.
Por fim, Chancel Mbemba, ex-central do FC Porto, ainda conseguiu dar contornos de goleada ao resultado, ao aproveitar um desnorte total da linha defensiva dos leões. Estavam sete homens do Sporting no interior da área, mas nenhum foi capaz de impedir a finalização do defesa francês. Um resultado que não foi (ainda) pior porque Alexis não quis.
O Marseille chegou à 3.ª jornada sem qualquer golo marcado, mas aproveitou o duelo contra o Sporting para tirar a barriga de misérias. Começou por sofrer aos 54 segundos, mas reagiu muito bem e deu a volta numa questão de minutos.
Sem meias palavras, a culpa da derrota do Sporting é do experiente guarda-redes espanhol. Depois de comprometer nos dois primeiros golos do Marseille, Adán recebeu ordem de expulsão aos 23 minutos. Inexplicável.