Os super-heróis vestem capas de todas as cores. No Porto, vestem de azul e branco. Era clássico e num clássico há sempre maior noção de superioridade. Foi isso que se viu no Dragão, de Diogo Costa a Galeno, de Conceição à bancada. Não foi um FC Porto a massacrar o adversário. Foi, isso sim, uma equipa muito ciente do que fazer em todos os momentos do jogo, a saber quando tinha de se encolher e quando tinha de esticar, a aproveitar tudo o que o adversário lhe foi dando. No fim, o FC Porto voou, como os super-heróis. Como o dragão, que tanto tem voado. Haverá quem pare este FC Porto?
Vai ser um grande jogo, cheio de bons lances? Vai ser uma espécie de guerrilha, cheia de conflitos e quezílias? Podia dar para qualquer lado, podia ser jogo das duas faces. Um clássico é sempre um clássico e, por serem as que têm vencido ultimamente e as que mais se têm batido por ganhar troféus, com este FC Porto e este Sporting o ambiente tem sido ainda mais escaldante. Ora para jogaços, ora para comportamentos menos bonitos. Este não foi o jogo mais bonito que já se viu entre ambos, mas o caldo também nunca entornou. No fundo, viu-se um clássico moderadamente bom. E valeu a pena.
O que quer isto dizer em relação ao jogo? Que não foi um Sporting acanhado, como se derramasse lágrimas de lamentações. Pegou no jogo, quase sempre a sair curto e apoiado, o que também não significou um problema ao FC Porto - tinha-se dado muito bem contra o Marítimo, que também o tinha feito há 15 dias neste palco. Pressionar o Sporting não garante tanta percentagem de sucesso, por isso viu-se o conjunto leonino a sair muito bem no início e no fim da primeira parte, altura em que criou boas oportunidades para marcar: o poste tirou primeiro, Diogo Costa tirou a seguir, nos descontos, por duas vezes. E saiu muito aplaudido por isso.
E o meio? Foi do FC Porto. Mais possante, mais capaz nas bolas paradas, a equipa de Sérgio Conceição foi também mais perigosa durante boa parte desse tempo. Pecou no último passe, tantas vezes impeditivo de mais oportunidades claras de golo. Mas chegou à vantagem, num lance em que Adán não fica isento de culpas, e agarrou-a bem.
Na verdade, poucos sobressaltos foram criados, durante um largo pedaço da segunda parte, a uma defesa com grande dose de autoritarismo e veterania.
Na hora de ir ao banco, Sérgio Conceição foi bem mais feliz do que Rúben Amorim. De lá veio Eustáquio, para substituir um discreto Bruno Costa (podia ter marcado, ainda assim), e veio um elétrico Galeno, fulgurante na forma como arrumou com o jogo.
E o jogo acabou ao som de olés e de apelos para a ida para a festa. Porque a plateia portista tem, sem qualquer dúvida, razões para festejar.
O extremo vai sendo suplente, mas até quando? Mais uma excelente entrada, mais um jogo em que foi decisivo. Não o desbloqueou, mas sentenciou-o, ao ganhar dois penáltis e converter um deles. Sérgio Conceição só pode estar feliz com as soluções que tem.
Não havendo Paulinho, é notória a incapacidade da equipa para ter referências entre os defesas contrários. Edwards destaca-se quando sai para fora e joga no um-para-um ou nas tabelas. No meio, perde-se, como é lógico. Não haverá mesmo mais um euro?