Depois de um jogo muito fraco em Barcelos, altura em que ainda não estavam inscritos os reforços, o Boavista voltou ao conforto dos seus adeptos e, bem mais apetrechado de soluções, brindou-os com uma vitória convincente sobre o Paços de Ferreira. Em vésperas da eliminatória contra o Tottenham, a equipa do regressado Jorge Simão esteve adormecida durante muito tempo e foi presa fácil para um Boavista que terá deixado os seus adeptos bem menos preocupados.
Pese embora as vitórias na Allianz Cup, sofridas e com alguma estrelinha, a muito pálida imagem deixada pela equipa em Barcelos não deixava nenhum adepto tranquilo. E agora, com o regresso ao Bessa e já com a possibilidade de ter reforços na ficha, a expectativa era perceber se haveria outra imagem da equipa e se, acima de tudo, os boavisteiros podiam ficar com indicações de que não seria uma época de sofrimento. Sendo ainda muito cedo para conclusões, o primeiro impacto foi reconfortante.
O golo foi o exemplo perfeito disso, num lance eficiente e que pareceu natural. Mérito coletivo, mas que não foi caso único. Noutros, falharam coisas como a confiança ou a execução, o que é próprio de um grupo que ainda está à procura de se entrosar, mas que, para primeira exibição (sim, que vários ainda não tinham jogado), não esteve nada mal.
O mesmo não se pode dizer do Paços de Ferreira. As bolas paradas de Antunes foram a exceção numa imagem pálida e que quase nunca desconcentrou a boa organização defensiva das panteras. Houve melhorias no regresso dos balneários, com mais velocidade na circulação de bola à procura de espaços, embora a mesma dificuldade em encontrá-los: no Bessa, havia concentração total da equipa e a sensação de controlo, mesmo com menos bola.
Poder-se-ia pensar que, ao ir ao banco, João Pedro Sousa teria mais dificuldades que o seu homólogo e aí estaria um aspeto perigoso. Só que, quando foi, lançando dois jovens da formação e abdicando do esgotado Seba Pérez, o treinador viu a equipa chegar a novo golo, desta vez de bola parada.
Sempre na expectativa, mas nunca divorciado da vontade de atacar, o Boavista foi bastante eficaz e, numa arrancada de Nathan, De Sanctis correu o resto do campo e rematou para o terceiro, que dava aos castores uma pesada carga no marcador.
Bem longe andou a tal apreensão dos adeptos do Boavista. A cada golo, a cada substituição, percebia-se que o oxigénio era bem diferente e que a confiança no futuro se renovava. Ainda houve, pelo meio, uma bola no poste atirada por João Pedro, uma oportunidade para Douglas Tanque e uma chance para Eustáquio (no fim, viu-se finalmente o Paços a conseguir criar perigo), mas o dia era de positivismo e até aí a equipa teve a sorte a seu favor.
Excetuando os últimos 15 minutos, em que já houve alguma descompressão, o Boavista foi sempre seguro e muito concentrado atrás, não permitindo oportunidades ao Paços. E a vitória começou aí.
Garantidamente, o discurso de Jorge Simão ao intervalo terá sido pesado. Se não foi, devia. Entre técnico e equipa, várias coisas falharam e ficou evidente a grande dificuldade em conseguir contrariar o adversário e, mais do que isso, em encontrar espaços para desequilíbrios.
Arbitragem com vários lances de difícil análise, mas decidiu bem nos momentos capitais. Um ou outro erro sem grande importância e nota positiva.