Ainda não foi desta que o Benfica conseguiu ultrapassar a tempestade… Os encarnados até começaram melhor e marcaram cedo, mas a apatia cada vez mais habitual nesta temporada voltou a trazer problemas e não foram mesmo além de um empate a uma bola na receção ao Nacional, que voltou a deixar uma boa imagem frente a um grande.
Jorge Jesus voltou aos quatro defesas e surpreendeu ao apostar em Chiquinho, que respondeu da melhor forma, tendo mesmo feito o gosto ao pé, mas o grande destaque vai para Luís Freire. O técnico do Nacional soube preparar a sua equipa, fez os ajustes necessários depois de uma entrada difícil e conseguiu mesmo surpreender as águias.
Apesar das muitas ausências, seria de esperar que o Benfica assumisse o controlo da partida desde cedo e foi o que aconteceu, perante um Nacional que procurava manter-se fiel ao seu jogo apoiado, mas que revelava grandes dificuldades na saída de bola - muito condicionados pela boa pressão alta dos encarnados - e também não conseguia esticar o jogo na velocidade dos avançados.
Em vantagem e com clara superioridade no primeiro quarto de hora, esperava-se que o Benfica continuasse por cima, mas o que se seguiu foi um filme já muito visto esta temporada: apatia encarnada. Os homens de Jorge Jesus deixaram de pressionar tão alto e, a certa altura, entregaram mesmo a iniciativa ao Nacional, que começou a conseguir sair e jogar no meio-campo adversário, mas o melhor que conseguiu nesse período foi um remate de Gorré à figura de Svilar.
Desta vez, a apatia não teve resultados significativos, até porque, à passagem da meia-hora de jogo, o Benfica voltou a aumentar as rotações, ainda que sempre em velocidade cruzeiro, e não tardou em criar perigo, ficando a clara ideia de que o resultado ao intervalo podia ser bem mais confortável se não tivesse baixado o nível. Só que não foi isso que aconteceu e as equipas recolheram mesmo ao balneário com o 1x0 no marcador.
Regressaram os mesmos 22 do balneário para a segunda parte, só que regressou também a apatia encarnada e desta vez causou danos. O Nacional entrou muito bem e aproveitou um adormecido Benfica para resgatar o empate logo nos primeiros minutos, no seguimento de um pontapé de canto, com Rochez a finalizar de cabeça um belo cruzamento de Gorré ao segundo poste.
A falta de criatividade no último terço e as dificuldades em ataque organizado das águias foram evidentes durante todo o encontro - Darwin e Seferovic passaram completamente ao lado do jogo - mas, principalmente, durante a segunda metade da segunda parte. Apesar da posse de bola, os encarnados nunca mostraram capacidade para furar uma linha defensiva concentrada e organizada dos insulares, que até ficaram perto de aumentar a surpresa perto do fim.
Jorge Jesus avisou na conferência de antevisão que se conseguissem ultrapassar a tempestade, seria difícil segurar o Benfica, mas, para já, não há sinal de terra à vista.
Um golo a abrir ajuda sempre, mas o golo não caiu do céu. Depois de um início difícil, o Nacional melhor a partir do golo sofrido e teve o melhor período na segunda parte, primeiro no capítulo ofensivo e depois defensivamente, onde a organização permitiu segurar um ponto muito precioso em pleno Estádio da Luz.
Está a começar a ser um filme demasiado habitual nesta temporada a facilidade com que o Benfica desaparece em certas alturas do jogo. Hoje aconteceu depois de uma boa entrada, sendo que nem o golo sofrido foi suficiente para acordar verdadeiramente uma equipa que, apesar de desfalcada, tinha qualidade mais do que suficiente para fazer melhor.