Correu bem o boxing day à portuguesa para o Gil Vicente. Os gilistas venceram fora de casa o Famalicão por 0x1, num jogo em que voltaram a mostrar uma organização temível e armas que lhe vão permitindo estar a meio da tabela. Um golo solitário de Claude Gonçalves na reta final da primeira parte valeu mesmo os três pontos aos forasteiros.
Cedo se percebeu que o Famalicão ia ter dificuldades em construir o jogo da forma que gosta. Gustavo Assunção funcionava como central quando a equipa tinha bola e fazia-lo para tentar ser o primeiro construtor de jogo. Para contrapor essa situação, o bem organizado Gil Vicente fazia subir um dos médios para o lado de Lino e não deixava sair a jogar. Para além disso, os outros dois médios gilistas subiam para bem perto dessa primeira linha, anulando Neto e Pereyra.
Mas estava dado o sinal para o que ia ser a primeira parte, com exceção para dez minutos: Um Gil extremamente bem organizado (tem sido imagem de marca da equipa de Ricardo Soares) e um Famalicão muito amarrado. Ainda assim, tal como dissemos, houve uma fase em que a equipa da casa se soltou. Soltou-se e até ficou perto de marcar, num lance «à Zidane» de Joaquín Pereyra, que fintou um adversário à entrada da área e tirou tinta ao poste de Denis.
Não aproveitou o Famalicão, marcou o Gil Vicente. Grande lance entre Lucas Mineiro e Lourency, com o extremo a fintar três adversários já dentro da área. Lourency cruzou atrasado para um remate bloqueado de Antoine Léautey, mas Gustavo Assunção não conseguiu aliviar bem e deixou a bola ao jeito do remate de Claude Gonçalves. Estava feito o primeiro golo e estava também colocada alguma justiça no marcador.
Essa maior capacidade de ter bola que a equipa da casa mostrava não parecia preocupar os comandados de Ricardo Soares. Foi levantada a muralha defensiva dos gilistas e os problemas iam sendo resolvidos sem grande dificuldade. Foi assim durante grande parte do segundo tempo, com a equipa de Barcelos a ter até a melhor oportunidade até aos 80 minutos.
Os últimos dez minutos sim, foram de espetáculo e foram-no com perigo. À cabeça de tudo está o lance Anderson Oliveira que, em velocidade, acertou por duas vezes nos postes da baliza de Denis. Primeiro com um remate cruzado e depois, na recarga, com um remate forte acertou no outro poste. O Gil Vicente também reagiu e, por duas vezes, Samuel Lino perdeu grandes oportunidades.
O Gil conseguiu a primeira vitória fora de casa na Liga NOS e dá um salto para o meio da tabela. Uma vitória de uma equipa muito bem organizada, bem trabalhada e muito ciente do que faz bem e do que não faz tão bem. Já o Famalicão somou o 5º jogo seguido sem ganhar e voltou a mostrar que há trabalho ofensivo para fazer.
Já falamos disto no texto principal, mas temos de destacar novamente. O Gil Vicente não é uma equipa espetacular, até porque não tem os jogadores para isso. Ainda assim, está muito bem organizada e defensivamente parece ser das equipas mais seguras da Liga. Ricardo Soares já o rinha feito no Moreirense e agora em Barcelos volta a mostrar que sabe o que tem de fazer nestas equipas de meio da tabela.
Ter a primeira verdadeira oportunidade já dentro dos últimos dez minutos é pouco para o Famalicão. Sabemos que João Pedro Sousa tem praticamente um plantel novo para trabalhar, mas já deviam haver melhores processos ofensivos. A saída de bola da equipa da casa também não foi brilhante, especialmente na primeira parte, onde foram muitas as perdas de bola.
Arbitragem à imagem de Soares Dias. Autoritário, sem próximo dos lances e bem nos momentos de maior dúvida.