O Sporting está de regresso ao pódio do campeonato. Foi com uma exibição pobre, mas suficiente que os leões bateram um aparentemente já abatido Portimonense, em mais um dia de contestação em Alvalade, com os veteranos a serem influentes pela positiva e pela negativa. Jackson ainda ameaçou a possibilidade algarvia de conquistar pela primeira vez pontos em casa do Sporting, mas um golaço de Mathieu e um autogolo de Jadson foram suficientes para os leões aproveitarem os resultados de Sporting de Braga e Famalicão. A qualidade de jogo é que deixou muito a desejar...
Não foi daqueles jogos que fica na memória. Bem longe disso. Foi mais um jogo de monotonia, jogado a passo, com poucos rasgos individuais e com coletivos a mostrarem em campo o mau momento que atravessam. Num Sporting em plena guerra civil - houve contestação a Varandas antes e durante o jogo - Silas tentou mexer com a equipa. Mais uma alteração tática. Se resultou? Bem longe disso. Numa primeira parte marcada pelo silêncio, foi a voz dos experientes a ouvir-se. Dois gritos de revolta daqueles que querem aproveitar os minutos que restam de futebol.
Antes disso, o silêncio nas bancadas foi bem acompanhado no relvado. Num Sporting com três centrais, era expectável que fossem os laterais a dar largura, mas nunca foi assim. Na verdade, os jogadores leoninos pareceram sempre confusos com o seu papel em campo. Ristovski aparecia em zonas pouco vistas, o espaço entre os médios e os defesas leoninos era visível e só por demérito do Portimonense não foi aproveitado.
A pobreza ofensiva dos leões ia-se esfumando em constantes procuras de uma profundidade que não existia e que a equipa de Silas procurava por desespero. Um autêntico deserto de ideias, de um lado e do outro. Bem sabemos que o momento do Portimonense não é o melhor, afinal de contas a equipa algarvia está na zona de descida e nunca pontuou em Alvalade, mas a formação de Bruno Lopes devia ter feito muito mais. Havia espaço, bastava procurá-lo. Faltava alguma compreensão, talvez. Jackson, com as limitações conhecidas, não teve qualquer dificuldade para ler o jogo. Com Wendel e Battaglia tão distantes dos centrais, o colombiano tirou Neto da jogada com uma receção de quem sabe o que faz e rematou colocado, perante um jovem Maximiano impotente. Num jogo tão lento, acabaram por ser mesmo os mais velhos a trazer alguma energia.
No Sporting foi igual. Nem o golo sofrido deu alguma energia à equipa de Silas, que continuou com as mesmas dificuldades em jogo corrido. Junto ao banco de suplentes, nem um jogador a aquecer. A equipa leonina parecia desligada do jogo, mas a experiência voltou a dar energia a uma das equipas. De livre direto, Mathieu acordou Alvalade para os festejos e fez o empate que as duas equipas levaram para o balneário depois de uma primeira parte que passou demasiado devagar para aquilo que se viu em campo.
Para a segunda parte pedia-se mais e melhor. Silas (apetece dizer «finalmente») reagiu à péssima exibição da sua equipa, retirou Neto e devolveu a forma mais habitual à formação leonina. O impacto foi imediato. Não foi claro nem avassalador, atenção, mas foi um Sporting bem melhor do que aquele que se tinha visto até então. O Portimonense manteve-se na expectativa perante as melhorias verde e brancas, mas no futebol bem sabemos que ser reativo não costuma dar bom resultado.
Num Sporting cada vez mais rápido e objetivo - Jovane e principalmente Plata vieram mexer com o jogo - crescia Vietto. O argentino perdeu uma oportunidade clara na cara do estreante Gonda, mas o Portimonense já não tinha espaço... nem Jackson. O colombiano quebrou fisicamente e o meio-campo algarvio estava a desmoronar. Lucas Fernandes esteve longe do nível habitual e só Bruno Costa tentou dar alguma posse com qualidade à equipa de Bruno Lopes. Isso não bastou.
Sem brilhar, o Sporting ia fazendo cada vez mais para chegar à vitória e só essa vontade bastou para conseguir a reviravolta. Jadson encostou para a própria baliza, mas Sporar estava nas costas do capitão para desviar o passe de Jovane. Era um leão a respirar fundo, desligado das máquinas quando mudou de estratégia.
Com maior tranquilidade e sem que o Portimonense conseguisse dar qualquer dinâmica atacante que indicasse uma possível reviravolta, os leões cresceram, tiveram mais espaço e podiam até ter vencido por uma margem confortável. A margem mínima foi suficiente para chegar ao pódio, mas será este futebol capaz de o manter? A dúvida fica no ar, tal como fica a dúvida se este Portimonense melhorou desde a saída de Folha. Há tanto trabalho pela frente destas duas equipas...
Mathieu e Jackson mostraram isso mesmo. Dois excelentes golos dos veteranos, ambos com problemas físicos, ambos a mostrarem que querem aproveitar o tempo de futebol que ainda têm. O desporto e os adeptos de Sporting e Portimonense agradecem.
Silas promoveu mais uma alteração tática, mas os efeitos estiveram longe de ser positivos. Sem largura ofensiva, sem capacidade de ligação entre setores e com muito espaço entre os médios e os defesas, bem aproveitado por Jackson. Os laterais leoninos, especialmente Ristovski, mostraram que as ideias não estavam bem compreendidas e a constante procura da profundidade não resultou de todo. Um tiro ao lado.