Tudo a zeros, tudo em aberto. Na primeira mão dos oitavos, em Anfield, Liverpool e Bayern empataram e deixaram tudo em aberto para a segunda mão.
Num jogo interessante e intenso, faltou uma melhor definição aos ataques, que, curiosamente, até costumam carburar. Mas as defesas falaram mais alto, desta vez.
Para estancar a capacidade do Liverpool em, nos jogos em casa, impor um ritmo alto, o Bayern surgiu em Anfield à procura de um futebol associativo, de posse, capaz de enervar a pressão dos homens de Jurgen Klopp. Durante a primeira meia hora, particularmente, a estratégia bávara resultou.
Apesar de ter conseguido sempre agredir o adversário com jogadas rápidas de ataque, o conjunto red sofreu alguns calafrios. Os lances mais perigosos dos bávaros, diga-se, resultaram de um par de hesitações de Matip e Allison, no momento de início de construção ofensiva inglesa. Mas a partir do momento em que se começou a sair a jogar melhor...
Nos últimos 15 minutos do primeiro tempo, o Liverpool, que nunca deixou de ser rápido e objetivo após a recuperação de bola, obrigou o Bayern a trabalhos redobrados e a jogar muito perto da baliza de Neuer. Nessa fase, Mané (grande oportunidade perdida, num penálti em andamento), Salah e Keita andaram a cheirar o golo, mas o árbitro apitou sem que alguém pudesse fazer explodir Anfield.
No regresso dos balneários, o Bayern apostou na mesma toada de posse. O Liverpool entrou algo adormecido e, durante os primeiros 15 minutos, os comandados de Kovac criaram um par de lances perigosos, pertencendo a Gnabry, com um grande remate de meia distância, o momento de maior frisson.
O Liverpool, assustado pela sabedoria tática dos alemães, voltou a carregar. Muita velocidade, intensidade, mas, no fim, supremacia do Bayern na defesa. É verdade que a equipa de Anfield criou muito, teve um considerável volume ofensivo, mas a definição nunca esteve nos píncaros, também porque a linha defensiva do Bayern foi, quase sempre, irrepreensível.
Mané (o mais inconformado, não o mais assertivo), com um belo cabeceamento, obrigou Neuer à defesa da noite, mas o público de Anfield, até ao final, apesar das mudanças na frente impostas por Klopp, saiu com um sabor amargo na boca. No meio de tanta qualidade, o golo, pensava-se, seria uma inevitabilidade, mas as defesas também ganham jogos, além de campeonatos.