Foi com uma muito confortável vitória por quatro bolas a zero que o FC Porto assegurou que voltará a terminar a jornada como líder isolado do campeonato. O Chaves viu os dragões saltarem para a frente cedo, demonstrou alguma qualidade para lutar pelo resultado mas um FC Porto de estirpe distinta construiu a goleada.
O Chaves não havia demonstrado em jogos de grau de dificuldade semelhante vontade de alterar de forma radical a génese do seu jogo e por isso podíamos esperar com toda a legitimidade um jogo aberto, com a equipa de Luís Castro a procurar fazer valer o talento de Matheus Pereira ou Davidson na construção no ataque. Foi isso que os flavienses tentaram fazer, e por muitas vezes conseguiram-no, mas o FC Porto tinha armas de outro calibre.
O encontro começou assim mesmo: com o Chaves a procurar colocar a bola no ataque com rapidez e o FC Porto a fazer o mesmo, com ligeira superioridade no critério. Se Marega parecia perdido entre a ala direita e o ataque, o brasileiro Otávio - titular surpresa - construía os ataques, com as costas quentes graças a Herrera e Sérgio Oliveira. O primeiro lance de perigo foi até do mexicano, com um remate forte a obrigar António Filipe a uma defesa complicada.
🇧🇷Soares ⚽⚽bisa pela 1.ª vez esta época: já marcou mais golos em 28 minutos no jogo de hoje do que 279 anteriores que tinha disputado na Liga esta temporada
➡O último bis de Soares tinha sido há quase um ano: março 2017, frente ao Aoruca pic.twitter.com/e2I7KGxmPk
— playmakerstats (@playmaker_PT) 11 de fevereiro de 2018
À passagem do quarto de hora foi o herói do clássico mais recente a começar a desequilibrar. Otávio recuperou a bola, Sérgio Oliveira transportou-a até ao ataque e encontrou Tiquinho Soares nas costas da defesa flaviense. Um remate rasteiro sem grande força mas com colocação mexeu pela primeira vez no marcador.
O Chaves, ainda assim, não baixou os braços, e Matheus Pereira, em particular, tentava dar algo mais à equipa. Quando tinha oportunidade para tal, trabalhava no meio-campo, procurava as alas, sem medo do drible no um para um, e ainda se aproximou muito do empate com um grande remate para uma defesa notável de José Sá entre o primeiro e o segundo golo portistas.
Do outro lado do campo, no entanto, havia um Soares de pé quente que ainda viria a protagonizar o seu melhor momento da tarde. Maxi Pereira - também ele titular surpresa - cruzou da direita e o avançado disparou uma bomba à meia volta para o fundo das redes flavienses. Um golo de vantagem passava a dois e assim se manteria o resultado até ao intervalo, muito graças a um corte de recurso de Maxi Pereira num lance em que Davidson ficou muito perto do golo.
Os dois golos de vantagem refletiam a eficácia e penalizavam duramente uma equipa que havia ameaçado até então. O segundo tempo seria diferente: mais dois golos portistas, sim, mas menos ameaças de um Chaves cuja crença esmorecia.
Com a receção ao Liverpool tão próxima, uma relativa gestão do resultado era compreensível da parte do FC Porto, que baixou um pouco o ritmo e construiu com mais calma os ataques. Mesmo assim, não só não enfraqueceu como dilatou a vantagem, com Marega a colocar de forma algo estranha a bola na baliza depois de uma combinação com Otávio. De forma desajeitada, com sorte pelo meio e num jogo em que andava muito pouco criterioso, o maliano aumentou a conta pessoal no campeonato.
Com calma, o FC Porto mantinha agora o total controlo da partida e o resultado até se tornaria mais gordo. A bola acertou por duas vezes nos ferros em remates de Soares e Waris mas Sérgio Oliveira fuzilou as redes flavienses para fechar a goleada em Trás-os-Montes. Além do conforto do triunfo, que garante que a liderança isolada não foge aos dragões nesta jornada, Sérgio Conceição teve ainda o bónus de não ter (mais) lesões para lamentar nesta viagem a Trás-os-Montes.