O mesmo filme, o mesmo destino para os intérpretes. No remake deste domingo do Moreirense x Benfica a bilheteira encarnada voltou a dar lucro; e nem foram precisos tantos efeitos especiais como na longa-metragem da Taça da Liga. A vitória por 4x1 dos atores encarnados assentou, primeiro, numa tremenda eficácia e, segundo, num controlo emocional invejável.
Miguel Leal e Rui Vitória, os realizadores repetentes, escolheram, como era expectável, os atores mais consagrados em relação ao encontro de terça-feira. Do lado encarnado foram sete as alterações, enquanto na equipa da casa foram nove. Mas o guião foi semelhante, com o Benfica a entrar mandão na procura rápido do golo tranquilizador.
Objetivo alcançado aos 16 minutos no ato do melhor marcador da Liga. Jonas festejou o golo 20 com a cabeça depois de Pizzi tirar o cruzamento. Mas na génese do primeiro momento marcante do filme está Andreas Samaris. O grego esteve imperial, qual pêndulo calibrado. No 0x1 tirou dois obstáculos do caminho antes de deixar para Pizzi; a desarmar no apoio aos centrais foi ainda mais limpo, nomeadamente aos 17' e 32 minutos.
Na frente, o Benfica acalmou. Baixou a intensidade e passou ao capítulo do controlo emocional. Durante largos minutos não criou perigo, mas também não o consentiu. Jogou com a experiência e com o equilíbrio de todas as suas peças. É certo que Gaitán, Pizzi, Jonas e Mitroglou passaram a um campo de menor participação, mas tudo estava sólido nas redondezas de Júlio César.
E quando não estava – o que aconteceu sensivelmente a partir da meia-hora -, o guarda-redes brasileiro mostrou serviço em dois momentos, sempre com Iuri Medeiros como rival. O extremo voltou a ser a figura mais de uma equipa cónega que esteve mais segura a defender mas pouco pressionante na hora de atacar. E quando menos contava, sofreu o segundo golo.
Eliseu acreditou que havia bola e foi à linha de fundo quando mais ninguém acreditou. O cruzamento saiu e Mitroglou fez o resto. Remate estonteante do internacional grego a fazer corrente de ar a Stefanovic que mal se deu conta do que lhe tinha passado à frente. De repente, e no segundo momento de verdadeiro perigo, o Benfica sentenciou a história.
Com o jogo a correr sobre rodas, a segunda parte mostrou um Benfica mais cerebral e menos emocional. Deu mais bola ao Moreirense mas sem perder de vista as zonas essenciais. Por isso Júlio César não teve muito trabalho, tão pouco Stefanovic. O jogo foi mais lento, mais faltoso e menos preciso. Para o Benfica, tudo bem, até porque de repente mudava a matriz.
Como aos 67 minutos. Processos simples, futebol linear e golo. Pizzi simula e deixa para Jonas. O «Pistolas», qual western, não perdoa depois de contornar Stefanovic. Depois foi a vez de Gaitán marcar, aos 75 minutos, em nova jogada tirada a régua e esquadro. Muito futebol, muita maturidade. Assim vai o bicampeão, e nem o golo de Iuri Medeiros em período de compensação mudou isso.
Menos bem no meio de nova noite segura foi a lesão de Lisandro López, aos 58 minutos. Sem Luisão, coube a Lindelöf substituir o argentino. Mas Rui Vitória pode ter aqui uma seria dor de cabeça, isto numa noite em que (quase) tudo correu de feição.