Os quilómetros nas pernas antes do clássico

Para uns, os dias que se seguem serão de descanso competitivo e uma oportunidade rara para recuperar as forças a meio da temporada. Para outros, serão dias de correria, ou de muitas milhas em aviões. Falamos dos internacionais de Benfica e FC Porto, as duas equipas que no dia 1 de abril se defrontarão numa partida da 27ª jornada da Liga NOS com potencial para ser decisiva nas contas do título.

E qual será, então, a equipa mais prejudicada pelas chamadas às seleções? É uma pergunta cuja resposta é debatida pelos adeptos e de difícil análise absoluta, mas que poderá ser abordada por diversos ângulos.

Ao longo destas quase duas semanas que antecedem o clássico, Rui Vitória fica desde já sem 13 jogadores habitualmente à sua disposição: Nélson Semedo, Eliseu e Pizzi (Portugal), Pedro Pereira (Portugal sub-19), Lindelof (Suécia), Éderson (Brasil), Raúl Jiménez (México), Carrillo (Peru), Samaris e Mitroglou (Grécia), Zivkovic (Sérvia sub-21), Luka Jovic (Sérvia sub-20) e Kalaica (Croácia sub-19).

Quanto ao FC Porto, treinado por Nuno Espírito Santo, serão oito os ausentes: Danilo Pereira e André Silva (Portugal), Rúben Neves e Diogo Jota (Portugal sub-21), Rui Pedro (Portugal sub-19), Maxi Pereira (Uruguai), Herrera e Layún (México).

Olhando para a totalidade dos jogadores convocados, e tendo em conta as opções para o clássico, podemos desde logo identificar alguns que, tendo em conta as opções técnicas dos treinadores, têm ínfimas hipóteses de entrar em campo na Luz: do lado do Benfica, Pedro Pereira, Jovic e Kalaica estão ainda longe de estar entre as escolhas para jogos com este grau de exigência, tal como o portista Rui Pedro. Rúben Neves, também do FC Porto, tem andado longe do onze titular mas é presença muito provável entre os convocados, sendo assim hipótese para disputar pelo menos parte do encontro.

Retirando os jogadores mencionados, pode-se dizer que Rui Vitória ficou temporariamente sem dez jogadores que entrarão nas contas para o clássico, mesmo que não no onze titular, ao passo que Nuno Espírito Santo perdeu por agora sete jogadores com provável convocatória para a partida de 1 de abril

E se o tempo passado ao serviço das respetivas seleções é relativamente equivalente entre todos os jogadores mencionados, os quilómetros que cada um irá percorrer não são.

Por exemplo: ir de Lisboa ao Funchal e voltar, como farão Pizzi, Eliseu e Nélson Semedo, não é o mesmo que viajar de Portugal ao Peru, passando pela Venezuela e com regresso ao Peru antes do regresso final a Lisboa. Este último será o périplo de André Carrillo, o jogador com maior deslocação entre todos os convocados de Benfica e FC Porto.

Carrillo e Maxi Pereira, os papa-léguas

Se houvesse uma distinção para o jogador mais viajado nesta paragem internacional, essa distinção poderia muito bem pertencer a André Carrillo: o percurso do peruano (concentração com a seleção em Lima, jogo Venezuela x Peru em Maturín e jogo Peru x Uruguai em Lima) trará de volta a Lisboa um Carrillo com mais de 23 mil quilómetros nas pernas.

O segundo jogador com um percurso mais longo planeado é o uruguaio Maxi Pereira, do FC Porto, para quem a viagem para Montevideu (concentração da seleção e jogo Uruguai x Brasil), a viagem para Lima (jogo Peru x Uruguai) e consequente regresso a Portugal implicará mais de 22 mil quilómetros de viagem.

Entre os jogadores com mais quilómetros previstos estão ainda os benfiquistas Ederson e Raúl Jiménez (ambos com cerca de 19 mil) e os portistas Herrera e Layún (também ambos com cerca de 19 mil). As deslocações mais curtas pertencerão aos portugueses chamados à seleção principal (Nélson Semedo, Eliseu e Pizzi do Benfica, Danilo Pereira e André Silva do FC Porto). Os sub-21 portugueses, que contarão com os portistas Rúben Neves e Diogo Jota, farão uma pequena deslocação a Estugarda.

Benfiquistas com mais viagens, mas com média inferior

Mesmo tendo em conta apenas os jogadores habitualmente utilizados pelos respetivos treinadores, os jogadores benfiquistas farão um maior número de viagens e trarão de regresso a Portugal uma maior totalidade de quilómetros feitos: deverão ser em torno de 97 mil, contabilizando os dez jogadores habitualmente utilizados por Rui Vitória. No caso do FC Porto, e tendo em conta os sete jogadores acima mencionados, está previsto um total de 72,500 quilómetros, divididos entre todos os jogadores.

Se calcularmos, no entanto, a viagem-tipo de cada jogador, e tendo em conta que viajarão mais benfiquistas do que portistas, a deslocação média para um benfiquista internacional neste período será de cerca de 9,700 quilómetros, enquanto um portista internacional fará, em média, cerca de 10,300 quilómetros.