De Vejle a Edimburgo
Tudo começara dois anos antes... E não nas areias quentes do deserto da Arábia em Riade como muitos pensam, mas sim na pequena localidade de Vejle na fria e nórdica Dinamarca. Foi bem perto das frias águas do Báltico que com golos de Figo, Simão, Lemos e Nélson, Portugal batia a R.D.A. por 4x1 e sagrava-se campeão europeu de sub-16.
Semanas depois, na Escócia, Portugal chegava à medalha de bronze do Campeonato Mundial de sub-16, numa equipa onde brilhavam, entre outros, Figo, Jorge Costa, Tulipa, Capucho, Gil, depois de bater o Barém no jogo de atribuição do terceiro lugar.
Uma escola de sucesso
Meses antes, em Março, os «meninos» do Professor Carlos Queiroz, tinham espantado o mundo e ainda mais
Portugal, ao conquistarem o Campeonato do Mundo de sub-20 que se disputara na Arábia Saudita. No espaço de meses desse histórico ano de 1989, floria e dava fruto, o célebre «Projeto Queiroz» para lançar e estruturar o futebol jovem no nosso país, que Carlos Queiroz, juntamente com Nelo Vingada e outros jovens treinadores, lançara em meados da década de oitenta.
De um momento para o outro os portugueses tornavam-se um «case study» do futebol internacional, e num espaço de menos de uma década, passavam de presenças esparsas em fases finais de europeus e mundiais, para uma presença constante nos grandes palcos, onde discutiam sempre a vitória no torneio, tornando a equipa das quinas, uma das grandes potências do futebol jovem mundial ao lado de brasileiros e argentinos...
Vice Campeões da Europa na categoria de sub-20 em 1988 e 1990 - ainda o seriam mais uma vez em 1992, antes de finalmente conquistarem o título em 1994 - os portugueses receberam da FIFA o direito de organizar o Campeonato Mundial de Juniores em 1991.
Pontapé de saída nas Antas
A 14 de Junho parecia que todos os caminhos na cidade invicta iam dar ao Estádio das
Antas. 65000 portugueses, muitos deles jovens, preenchiam as bancadas do anfiteatro portista e assistiam à cerimónia de abertura, confiantes na vitória portuguesa.
A estranha decisão da organização de fechar a bancada norte, para aí lançar fogo-de-artifício, obrigou os adeptos a acotovelarem-se nas outras partes do Estádio, provocando alguns protestos que foram logo abafados com o golo madrugador de João Vieira Pinto (JVP). Capucho faria um segundo golo aos 78 minutos, e
Portugal ficou a dever a si mesmo outros tantos golos, com tantos falhanços, destacando-se entre todas as oportunidades perdidas, uma grande penalidade perdida por Luís
Figo, que dez anos depois, no mesmo estádio, teria a possibilidade de emendar a mão e marcar a grande penalidade que qualificou
Portugal para o mundial da Coreia e Japão.
Com
Figo em grande, um Capucho endiabrado, JVP como grande líder, com a segurança defensiva de Abel Xavier, Jorge Costa, Rui Bento e Paulo Torres, e a classe de Rui Costa,
Portugal abria a prova com uma exibição de classe que pronunciava grandes sucessos...
Argentinos para casa
Três dias depois na
Luz,
Portugal teve pela frente uma difícil Argentina que venceu com um enganador 3x0, com os três golos a chegarem no segundo tempo, e com os argentinos a abusarem de jogo faltoso e até mesmo violento, terminando a partida com oito jogadores.
O último jogo, com
Portugal já apurado, foi resolvido com o pontapé canhão de Paulo Torres, num livre indireto que furou a muralha coreana que cobria a linha de golo.
Um susto mexicano
90 mil presenciaram os quartos-de-final contra o México. Treinados por Alfonso Diaz
Portugal, que via o seu nome ser sempre aplaudido nos estádios portugueses, e que sorridentemente acrescentava que tinha a sorte de não ter o mesmo de Jaime Salazar, seu colega no mundial de 1958, que fora sempre «mimosamente» cumprimentado pelos portugueses, os centro-americanos tinham chegado a esta fase da prova sem conhecerem o sabor da derrota e empatando o favorito Brasil a duas bolas nas
Antas.
Em Lisboa, um golo de grande penalidade de Paulo Torres ao terceiro minuto, parecia que os mexicanos não teriam grandes possibilidades de estragar a festa portuguesa, até que Mendonza, com uma cabeçada, deu o melhor seguimento a um cruzamento e restabeleceu o empate aos 35 minutos. O jogo seguiu tenso e empatado até ao prolongamento, quando o golo de Toni desbloqueou a situação.
Rui Costa e um golo premonitório
Na meia final contra a Austrália foi a vez do benfiquista Rui Costa - que então jogava no Fafe - apontar um golaço, com um remate a 40 metros da baliza, num gesto que repeteria quatro anos depois, precisamente no mesmo palco, mas na outra baliza num jogo contra Irlanda, que qualificou
Portugal para o Euro 96.
Derrotados os
socceroos, seguiu-se o dia da grande final, com 127 mil espetadores na bancada - segundo números da FIFA - e um ambiente de festa sem memória em
Portugal, com mais espetadores do que a lotação no recinto, num recorde na competição e em
Portugal que ainda hoje perduram...
Todo o país acreditava no bicampeonato mundial, e desde os tempos auréos do domínio português no hóquei em patins e das corridas de fundo com Carlos Lopes e Rosa Mota, que os portugueses não vibravam tanto e com tanta confiança nas suas cores...
Uma final para a história
Com o Presidente da República Mário Soares e o Primeiro Ministro Cavaco Silva na tribuna ao lado do Presidente da FIFA João Havelange, os portugueses entoaram ferverosamente o hino nacional, antes de viverem mais de 120 minutos de dúvida, mãos na cara, preces ao «altíssimo» e unhas roídas...
A primeira parte foi brasileira, enquanto a segunda foi portuguesa. Os brasileiros estiveram mais perto de marcar e viram dois golos serem anulados, gelando por segundos as bancadas da
Luz. Felizmente para as cores nacionais, o Argentino Lamolina anulou os dois golos e
Portugal manteve-se me jogo até ao fim, onde tudo foi resolvido nas grandes penalidades.
Jorge Costa, Luís
Figo e Paulo Torres marcaram, enquanto do lado sul-americano Élber e Marquinhos falharam, deixando para Rui Costa a decisão de dar o bicampeonato a
Portugal.
O futuro «maestro» correu para a bola e só parou nas grades que separavam as bancadas do relvado, festejando efusivamente com os adeptos.
Rui Costa marcara o golo decisivo, Mário Soares entregava a taça ao capitão João Vieira Pinto, Emílio Peixe era eleito o melhor jogador do torneio, uma aventura que começara no Reino da Dinamarca, terminava na solarenga e nesse dia especialmente quente Lisboa. O champanhe saltava das garrafas, o país comemorava nas ruas, pois tudo acaba bem quando termina bem...
A 14 de Junho parecia que todos os caminhos na cidade invicta iam dar ao Estádio das
Antas. 65000 portugueses, muitos deles jovens, preenchiam as bancadas do anfiteatro portista e assistiam à cerimónia de abertura, confiantes na vitória portuguesa.A estranha decisão da organização de fechar a bancada norte, para aí lançar fogo-de-artifício, obrigou os adeptos a acotovelarem-se nas outras partes do Estádio, provocando alguns protestos que foram logo abafados com o golo madrugador de João Vieira Pinto. Capucho faria um segundo golo aos 78 minutos, e
Portugal ficou a dever a si mesmo outros tantos golos, com tantos falhanços, destacando-se entre todas as oportunidades perdidas, uma grande penalidade perdida por Luís
Figo, que dez anos depois, no mesmo estádio, teria a possibilidade de emendar a mão e marcar a grande penalidade que qualificou
Portugal para o mundial da Coreia e Japão. Com
Figo em grande, um Capucho endiabrado, JVP como grande líder, com a segurança defensiva de Abel Xavier, Jorge Costa, Rui Bento e Paulo Torres, e a classe de Rui Costa,
Portugal abria a prova com uma exibição de classe que pronunciava grandes sucessos...
Três dias depois na
Luz,
Portugal teve pela frente uma difícil Argentina que venceu com um enganador 3x0, com os três golos a chegarem no segundo tempo, e com os argentinos a abusarem de jogo faltoso e até mesmo violento, terminando a partida com oito jogadores.
O último jogo, com
Portugal já apurado, foi resolvido com o pontapé canhão de Paulo Torres, num livre indireto que furou a muralha coreana que cobria a linha de golo.
Lisboa, Porto, Guimarães, Braga e Faro receberam os jogos da competição, com o
Sporting, então presidido por Sousa Cintra, a clamar por descriminação. Tudo começara dois anos antes... E não em Riade, como muitos pensam, mas na pequena localidade de Vejle na Dinamarca. Com golos de
Figo, Simão, Lemos e Nélson,
Portugal batia a R.D.A. por 4x1 e sagrava-se campeã europeia de sub-16. Semanas depois, na Escócia,
Portugal chegava à medalha de bronze do Campeonato Mundial de sub-16, numa equipa onde brilharam, entre outros,
Figo, Jorge Costa, Tulipa, Capucho, Gil...
Meses antes, em Março, os meninos de Carlos Queirós, tinham espantado o mundo e ainda mais
Portugal, ao conquistarem o Campeonato do Mundo de sub-20 que se disputou na Arábia Saudita. Num ano, floria e dava fruto, o célebre «Projeto Queirós» para lançar e estruturar o futebol jovem no nosso país.
Os portugueses tornavam-se um case study e num espaço de uma década passavam de presenças esparsas em fases finais de europeus e mundiais, para uma das grandes potências do futebol jovem mundial.
Vice Campeões da Europa na categoria de sub-20 em 1988 e 1990 - ainda o seriam mais uma vez em 1992, antes de finalmente conquistarem o título em 1994 - os portugueses receberam da FIFA o direito de organizar o Campeonato Mundial de Juniores em 1991.
Lisboa, Porto, Guimarães, Braga e Faro receberam os jogos da competição, com o
Sporting, então presidido por Sousa Cintra, a clamar por descriminação.