E vão seis jogos sem saber o que é perder para a Liga Betclic! Na receção a um Estrela da Amadora ávido por pontos que encaminhem a rota da manutenção, o Arouca manteve o registo invencível dos últimos tempos, mas viu o sexto lugar mais longe depois do triunfo do Moreirense e do nulo confirmado esta tarde no distrito de Aveiro (0-0).
Depois da mudança na baliza no empate em Barcelos, Daniel Sousa voltou a surpreender. Marozau, internacional bielorrusso contratado no mercado de inverno, foi a grande surpresa ao render Rafa Mujica - nem na ficha de jogo constou -, surgindo João Valido no lugar de Thiago Rodrigues, bem como Matheus Quaresma e Uri Busquets nas vagas de Weverson Costa e Pedro Santos.
Já Sérgio Vieira procedeu a três alterações, depois do desaire caseiro do Estrela diante do Farense. Kialonda Gaspar (castigado) viu Hevverton Santos descer para o seu lugar, enquanto Nilton Varela e Jean Felipe assumiram as alas anteriormente à guarda de Hevverton e Rúben Lima, com Rodrigo Pinho a voltar à titularidade, quase três meses depois.
Apesar das mudanças, o desafio decorreu a uma toada morna e em grande medida pautado pela habitual filosofia de posse dos arouquenses. Sem tanta bola, os tricolores procuraram condicionar a influência de Busquets e, sobretudo, David Simão, médios que, não só foram gerindo os tempos entre defesa e ataque, como, sempre que possível, tentaram surpreender com passes de rotura.
Confortável sem tanta iniciativa e ciente da mossa que podia causar no contragolpe, o Estrela começou a crescer do quarto de hora para a frente, sendo a equipa em melhor posição para se adiantar. Léo Jabá viu as redes de Valido interditas por Matheus Quaresma, enquanto André Luiz pecou na cara do guarda-redes anfitrião, depois de uma potente arrancada pela meia direita.
Sem muita incisão na hora de se infiltrar na área forasteira - Cristo foi o único a conseguir tal proeza na reta inicial -, tudo mudou depois das tentativas de Matheus Quaresma e Jason. Movimento da esquerda para a quina da área de Morlaye Sylla e remate de pronto, que só não terminou no fundo da baliza tricolor por culpa de Bruno Brígido e... a barra. Logo a seguir, Quaresma voltou a aparecer, desta vez na passada, a errar o golo por muito pouco.
Sem grandes revoluções até ao descanso, voltou a ser mais uma arrancada de André Luiz a atrair atenções. Desta vez até houve remate para uma baliza órfã da saída de João Valido, valendo a atenção de Javi Montero sobre a linha de golo.
No reatar, o Arouca tornou-se declaradamente a equipa mais perigosa e o golo pairou por várias vezes. Marozau ficou a uma nesga da estreia absoluta a faturar pelos Lobos, com Cristo a seguir-lhe as pisadas, pouco depois.
Ao ver a equipa algo desligada, Sérgio Vieira fez entrar Kikas numa primeira instância, reconfigurando logo a seguir as restantes peças do tridente ofensivo com as inclusões de Ronaldo Tavares e Régis Ndo. Com outra capacidade física, o Estrela subiu uns metros e, mesmo sem melhorias avassaladoras, foi Régis a desperdiçar a melhor chance até ao final.
Do outro lado, o Arouca recuperou o fulgor dos instantes finais e Cristo ficou pertíssimo de selar o triunfo que, ao não se consumar, afastou os Lobos de Arouca do sexto posto da classificação. Quanto ao Estrela, a luta pela manutenção prossegue, agora com uma vantagem ligeiramente maior - de dois pontos - para o lugar de playoff na posse do Portimonense.
O final da temporada está cada vez mais próximo, mas tal não impediu ambos os técnicos de surpreender em algumas das opções tomadas. Marozau e Rodrigo Pinho sobressaíram entre os vários nomes lançados.
Numa partida em crescendo de ambas as partes - sobretudo na reta final da primeira parte -, faltaram os golos que as equipas tanto procuraram. É certo que na etapa complementar - com exceção dos primeiros 15 minutos -, os lances escassearam, mas, no somatório de ocasiões, houve mais que matéria para fazer abanar as redes.
Mediante um jogo morno, mas em crescendo, Miguel Nogueira foi capaz de tomar as melhores decisões. Manteve um critério homogéneo, não tendo sido colocado à prova em lances de elevado grau de análise.