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      Sarrià: a casa do Espanyol

      Texto por João Pedro Silveira
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      O Estadi de Sarriá, no original em catalão, foi a casa do RCD Espanyol de Barcelona desde a sua inauguração a 18 de fevereiro de 1923, até à sua demolição em 1997. Muitos jogos se disputaram entre as míticas quatro linhas do carismático Sarrià, mas nenhuma encantou tanto os apaixonados do futebol, como o histórico Brasil x Itália que se jogou a 5 de julho de 1982...

      Projeto inicial

      Com o nome original de Estadio de la Carretera de Sarriá (1), que como o nome indica, ficava localizado na estrada que ligava Barcelona a Sarrià, num local conhecido como Can Ràbia, uma zona que então se encontrava fora dos limites da cidade de Barcelona, foi inaugurado em 1923, com um custo final de 170 mil pesetas.
       
      Os primeiros anos do Sarrià, antes das diversas transformações que sofreria no pós-guerra.
      O projeto inicial, do arquiteto Matías Colmenares previa uma lotação de 40 mil lugares, mas a falência da empresa construtora, fez com que o Estádio fosse inaugurado com apenas dez mil lugares.
       
      O jogo inaugural decorreu contra a Unió Esportiva Sants e os azuis-e-brancos venceram por 4x1. Sem dinheiro, o clube acabou por organizar uma tour pela América Latina, que além de ajudar nas finanças, fez muito pelo prestígio do clube em terras americanas.
       
      Primeiros anos
       
      A casa dos «periquitos» foi talismã do clube na década de vinte, com o clube a fazer parte dos eleitos que participaram na primeira edição da Liga. Pitus Prats foi o autor do primeiro golo de sempre na história de La Liga, na vitória de 3x2 dos blanc-i-blaus sobre a Real Irún. Ainda nesse ano, os espanyolistes conquistaram a Taça do Rei, depois de vergarem no seu reduto o Arenas de Guetxo, Atlético de Madrid e FC Barcelona, antes da grande final em Valência, onde bateram o Real Madrid, regressando à «Cidade Condal», para festejar junto dos seus adeptos no Sarrià.
       
      Em 1937, durante a Guerra Cívil Espanhola (2) recebeu a final da Taça da Espanha livre, entre as equipas do Valencia e do Levante, que foi vencida pelos levantinos. Anos mais tarde, já depois de terminado o conflito, o Espanyol comprou o Estádio à família De La Riva, gastando cinco milhões de pesetas, com apoio e mediação da Real Federação Espanhola de Futebol.
       
      Durante as duas décadas que se seguiram, o estádio foi alvo de diversas melhorias a ampliações, levadas a cabo pelas sucessivas direções do clube. Nos anos sessenta, Sarrià vibrou com o futebol de duas estrelas que vieram terminar a carreira de azul-e-branco: o ex-Barcelona Ladislau Kubala (1963-64) e o ex-Real Alfredo Di Stéfano (1964-67).
       
      Um relvado histórico
       
      Após anos de muito futebol o Sarrià viveria a sua coroa de glória nos anos oitenta. Primeiro, como palco do triangular na segunda fase do Mundial de 1982, que reuniu a campeã do Mundo Argentina, o Brasil e a Itália. 
       
      A 29 de junho a Itália batia a Argentina por 2x1, que a 2 julho a Argentina depois de perder com o Brasil por 1x3 ficava automaticamente eliminada da prova. Três dias depois, um empate bastava para o Brasil seguir em frente, mas Paolo Rossi e companhia tinham outros planos. 44 mil lotaram o Sarrià e presenciaram um clássico do futebol moderno. 

      Sócrates passa Tardelli e bate Zoff empatando o jogo a uma bola, um dos grande momentos do histórico Itália 3x2 Brasil do mundial de Espanha em 1982.
      O «Escrete» de Zico, Sócrates e Falcão, a melhor equipa do mundo, encontrava pela frente uma abnegada seleção transalpina, mas que até aí ainda não tinha convencido ninguém, empatando todos os jogos na primeira fase, antes de bater os argentinos. Por outro lado, a «canarinha» impressionava com o seu futebol sedutor de ataque e as vitórias confortáveis sobre a União Soviética, Escócia e Nova Zelândia, já para não falar da vitória fácil sobre os campeões do Mundo. foi surpreendido pela eficácia transalpina. 
       
      Durante 90 minutos, a magia brasileira foi incapaz de anular a eficácia de Rossi. 2x3, o Brasil perdia e caía fora da prova, enquanto a Itália abria o caminho para o título, 44 anos depois...
       
      Mais história...
       
      Em 1987-88, o Espanyol chegou pela primeira vez a uma final europeia, encontrando pela frente o Bayer Leverkusen. Nesses tempos, a final da Taça UEFA jogava-se a duas mãos, e os catalães recebiam os alemães em casa, no encontro da primeira mão. 
       
      Apoiados pelo seu público, os azuis-e-brancos bateram o Bayer com um claro e prometedor 3x0. Tudo parecia bem encaminhado, mas na segunda mão, os germânicos fizeram das tripas coração e anularam a vantagem, acabando por vencer no desempate através de grandes penalidades.
       
      Em noite inspirada o Espanyol bateu os alemães do Bayer por 3x0, o pior chegaria quinze dias depois...
      Quatro anos depois da desilusão da final da Taça UEFA, o Sarrià voltou a receber um grande evento, com o estádio a ser um dos palcos do Torneio Olímpico de Futebol dos Jogos de Barcelona 1992. Este seria o último grande momento da sua história, pois em 1997, após grande crise financeira, o Espanyol aceitou vender o Estádio e mudar-se para casa emprestada, o Olímpico de Montjuic.  A 21 de junho, o Espanyol jogou o último jogo no seu mítico estádio, batendo o Valencia por 3x2, com José Cobos a apontar o último golo do velhinho Sarrià.
       
      Durante doze anos, jogou na casa emprestada, até finalmente estrear o novíssimo e moderno Estádio de Cornellà-El Prat, onde hoje em dia, o Espanyol disputa os seus jogos. 
       
       
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      (1) - Sarriá escreve-se com acento agudo em castelhano e grave em catalão. 
      (2) - 1936-39
      Sarriá fue el escenario donde se logró el primer gol de la historia de La Liga, obra de Pitus Prats en la victoria del Real Club Deportivo Español ante el Real Unión Club de Irún (3-2).1El Estadio de la Carretera de Sarriá, que por aquellos entonces estaba localizado a las afueras de Barcelona, fue inaugurado en el año 1923 tras ser construido sobre un solar conocido como Can Ràbia. La obra tuvo un coste total de 170.000 pesetas y supuso un enorme esfuerzo económico para el club perico que incluso tuvo que realizar una gira por Sudamérica para ayudar a financiar la obra.
      Sarriá fue el escenario donde se logró el primer gol de la historia de La Liga, obra de Pitus Prats en la victoria del Real Club Deportivo Español ante el Real Unión Club de Irún (3-2).1

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      Lotação41000
      Medidas-
      Inauguração1923