Nova Iorque, anos 70.
Mais de três décadas antes do fenómeno global David Beckham aterrar nos Estados Unidos para impulsionar a popularidade da Major League Soccer (MLS), ao assinar um contrato milionário com os Los Angeles Galaxy, o futebol norte-americano assistia ao nascimento da primeira formação «galática» da North American Soccer League (NASL): os New York Cosmos, a mais excitante e mítica constelação de «estrelas» da história do futebol norte-americano e da cidade de Nova Iorque.
Enquanto o mundo carpia a dor do fim dos The Beatles (1970), Steve Ross, Ahmet e Nesuhi Ertegun poliam na Big Apple “uma equipa de bad boys, lendas do futebol e campeões que jogariam e festejariam juntos na era do rock & roll”. «Tudo o que ansiávamos era que o jogo acabasse para bebermos uns copos», conta Shep Messing, ex-guarda-redes dos Cosmos, que se exibiram pela primeira vez ao público em 1971 para marcar a dourado uma página inesquecível no futebol dos Estados Unidos; foram cinco títulos de campeão da NASL entre o ano da fundação e a data da dissolução da equipa profissional, em 1985.
Pelé foi o primeiro, depois Beckenbauer, Carlos Alberto…
Estabelecido e sustentado, o franchise nova-iorquino avançou em definitivo para o estatuto de lenda e excentricíssimo em 1975, ano em que ofereceu à cidade de todos os sonhos a presença do «Rei» Pelé. O «astro» brasileiro deixava o «seu» Santos para ocupar o trono cosmopolita em Nova Iorque, figura central na segunda conquista dos NY Cosmos em 1977, já na companhia do «Kaiser» alemão Franz Beckenbauer e do compatriota Carlos Alberto, contratações apoteóticas de 1977.
Já sem Pelé, que regressaria ao Santos após o título de 1977, os NY Cosmos prosseguiram a hegemonia na NASL sob a batuta de Franz Beckenbauer, Carlos Alberto e do italiano Giorgio Chinaglia, conquistando mais três títulos nacionais, os dois últimos com o português Seninho no plantel (78, 80 e 82). O franchise sonhado e gizado à medida de Nova Iorque era um «gigante» na Liga profissional de futebol dos Estados Unidos, que, de acordo com David Hochman, diretor de comunicação dos Cosmos, «cresceu demasiado rápido e de forma insustentável; a Liga chegou a ter 24 equipas, demasiado para ser viável», referiu ao zerozero.pt.
Por conseguinte, em 1984 escrevia-se o fim da NASL, precipitando o sonho dourado New York Cosmos para o desvanecimento. Um ano depois, em 1985, Nova Iorque e os Estados Unidos despediam-se do primeiro grande fenómeno de popularidade no futebol norte-americano, que embora tivesse continuado a operar no futebol de formação manteve-se adormecido e silencioso durante os últimos 25 anos.