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    Fiorentina

    Texto por Pedro Marques Silveira
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    A história do futebol italiano é indissociável da mítica camisola «viola» que ao longo de décadas foi vestida por alguns dos mais celebrados artistas do Calcio.

    Pelo Artemio Franchi, antes conhecido como Comunale, passaram craques e símbolos da alma florentina como Francesco Toldo, Giuliano Sarti, Enrico Albertosi, Giancarlo Antongnoni, Giovanni Galli e Roberto Baggio, ou estrangeiros como Rui Costa, Kurt Hamrin, Dunga, Daniel Passarella e acima de todos, o argentino Gabriel Batistuta, imortalizado pelos adeptos viola como Batigol

    O berço do calcio

    Florença é famosa pela sua história e pelo legado que a mesma deixou na arquitetura e monumentalidade da cidade. Atravessada pelo Arno, a Cidade dos Médici é uma das pérolas de Itália, o berço do Renascimento e a última capital de Itália, até Roma ser incorporada no país e ganhar esse papel.

    Na cidade nasceram ou viveram alguns dos maiores vultos da arte europeia como Michelangelo Buonarroti, Leonardo Da Vinci ou Sandro Botticelli, além do "pai" da língua italiana e autor da «Divina Comédia» Dante Alighieri, Florença também viu nascer o autor de «Decameron» Giovanni Boccaccio e Niccolò Machiavelli, autor do não menos célebre tratado de ciência política, "O Príncipe", dedicado a Lourenço de Médici, o governante de Florença à época.

    A Piazza della Signoria com a fonte de Neptuno e a famosa Loggia, a Academia das Belas Artes com o David de Michelangelo, os Uffizi e as obras-primas de Botticelli, A Duomo e o Batistério, tantos são os motivos para passear pela capital toscana. Local de visita obrigatória é a Piazza de Santa Croce, encimada pela igreja que lhe dá nome, onde se disputa anualmente um torneio do Gioco del Calcio Fiorentino, com a final marcada para o 24 de Junho, dia de São João, o padroeiro de Florença. 

    O Calcio Fiorentino é um dos antepassados do moderno futebol, e a palavra «calcio», em português «pontapé», é hoje sinónimo de futebol em Itália. 

    Com o passar dos séculos, o jogo florentino entrou em declínio e só voltaria a ser retomado no século XX, numa tentativa de reavivar as velhas tradições da cidade. Mas enquanto o Calcio Fiorentin definhava,  já a cidade encontrara uma renovada paixão pelo pontapé na bola.

    O futebol moderno chega a Florença

    O futebol moderno chegou a Florença no fim do século XIX. E como um pouco por toda a Europa, chegou pela mãos dos inventores do jogo. Um grupo de jovens ingleses, juntamente com alguns amigos italianos fundaram o Florence Football Club no Palazzo dell'Arte della Lana, a 26 de maio de 1898. As cores escolhidas foram o branco e o vermelho, as cores da cidade, e Pietro Torrigiani tornou-se o primeiro presidente da colectividade que se manteve activa até 1909. 

    Entretanto iam surgindo pela cidade outros clubes como o Itala FC, o Firenze FC, ou o ##Juventus FBC, mas seriam o Club Sportivo Firenze e o Palestra Ginnastica Fiorentina Libertas a destacarem-se, tornando-se presença regular nas competições nacionais.

    Em 1926, a exemplo do que aconteceu noutras cidades italianas como Roma, Nápoles e Milão, as autoridades fascistas forçaram os principais clubes da cidade a fundirem-se num só clube. O Palestra e o CS Firenze foram alvo da fusão e pela mão de Luigi Ridolfi e Italo Foschi, dois destacados líderes da secção local do PNF, nascia a Associazione Calcio Fiorentina.

    Primeiros tempos

    As primeiras épocas depois da fusão foram longas e complicadas. Só em 1931 é que o clube viola chegaria à Serie A, feito que seria comemorado com a abertura do novo estádio, o Giovanni Berta, em nome de um destacado dirigente fascista. O estádio mudaria de nome com o passar dos anos, tornando-se durante décadas no Comunale, e mais tarde, no Artemio Franchi.

    Apesar das mudanças de nome e transformações que sofreu ao longo da sua história, a mais profunda tendo em vista o mundial de 1990, o estádio ainda preserva a monumentalidade original, destacando-se  a famosa torre no centro da bancada central descoberta, conhecida como a Torre da Maratona, localizada na bancada que lhe dá nome, que juntamente com a escadaria helicoidal e a cobertura suspensa, são exemplos da escola arquitctónica que vigorava em Itália nos anos vinte e trinta: o Razionalismo Italiano.

    Com o novo estádio e uma equipa reforçada para defrontar as melhores equipas do país, e apesar de um quarto lugar na estreia entre os "grandes", na época seguinte os florentinos caíram novamente para o segundo escalão, onde só ficaram uma época.

    Promovida ao primeiro escalão, a Fiorentina conquistou um espaço entre a elite do futebol italiano e conquistou o seu primeiro troféu em 1941, a Coppa Italia, o primeiro título nacional no palmarés viola

    Anos cinquenta e sessenta

    Depois da Segunda Guerra Mundial a Fiorentina cresce para se tornar uma presença constante na primeira metade da tabela. Durante a década de cinquenta o clube viola contava com uma equipa de respeito composta por jogadores com a craveira de Servio Cervato, de Francesco Rosella, Guido Gratton ou Giuseppe Chiappella. Com o histórico guarda-redes Giulano Sarti, o brasileiro Julinho e o argentino Miguel MontuoriIn e ainda Aldo Scaramucci, a Fiorentina conquistou o seu primeiro scudetto em 1955/56.

    Na época seguinte, apesar de ser incapaz de defender o título, a Fiorentina chegou à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, tornando-se o primeiro clube italiano a disputar tão importante jogo. A derrota por 2x0 com o campeão em título Real Madrid ainda hoje levanta grande discussão em Florença, onde não se esquece o polémico penálti que abriu o caminho para a vitória (2x0) de Alfredo Di Stéfano e companhia. 

     Vice campeão nacional em 1956/57, 1957/58, 1958/59, 1959/60 a Fiorentina falhava sempre no momento decisivo, acabando por compensar a frustração, com a segunda vitória na Taça de Itália em 1960/61, que conduziu à conquista da Taça dos Vencedores das Taças na época seguinte, batendo na final os escoceses do Rangers. 

    Em 1966 chegaria nova vitória na Taça, assim como uma vitória na antiquíssima Taça Mitropa, mas o título mais importante da década para os tiffosi viola chegaria em 1968/69, quando a Fiorentina bateu a concorrência de Cagliari e Milan e conquistou o segundo scudetto do seu historial.
     
    Os anos setenta e o lento declínio da década de oitenta
     
    Na segunda presença na Taça dos Campeões a Fiorentina caiu nos quartos-de-final, às mãos dos escoceses do Celtic de Glasgow. Durante a década a Fiorentina manteve-se a meio da tabela, sofrendo mesmo para se manter no primeiro escalão em 1971/72 e 1977/78.
     
    As vitórias na Taça em 1975 e na Taça da Liga Anglo-italiana, uma prova que opunha o vencedor da Taça da Itália ao vencedor da Taça da Liga Inglesa, era fraco pecúlio para um dos clubes com mais tradição em Itália.
     
    A "escola" de Florença ia dando frutos, com a jovem equipa viola onde pontificavam Giancarlo Antognoni, Vincenzo Guerini e Moreno Roggi a ganhar a alcunha de Fiorentina Ye-Ye. Terceira classificada no campeonato de 1977, a squadra toscana aproximava-se novamente dos clubes de topo do calcio
     
    A supracitada época de 1977/78 seria mais um susto, com os adeptos florentinos a passarem uma boa parte da época com o fantasma da despromoção a pairar sobre o Comunale.
    O 13.º lugar no final da época foi um alivio e a estrutura dirigente começou a preparar o clube para que tal não voltasse a suceder.
     
    O fruto das mudanças em Florença começaram logo sentir-se na época seguinte, com a Fiore a chegar ao 7.º lugar. Seguiram-se um sexto e um quinto lugar, antes do vice-campeonato em 1982. Um terceiro lugar em 1984 e um quarto em 1986 ajudavam a cimentar o clube entre os melhores do país, mas a crise aproximava-se, com a segunda metade da década a confirmar um lento declínio que culminaria com a despromoção em 1993, no fim do consulado de Mario Cecchi Gori (presidente desde 1990) que faleceu em 1993, sendo sucedido na liderança pelo seu filho Vittorio. 
     
    Já em 1990, a Fiore havia garantido a manutenção na última jornada, numa equipa onde brilhava o jovem Roberto Baggio, peça fundamental na caminhada viola até à final da Taça UEFA, onde os toscanos não tiveram força suficiente para baterem a Juventus. Assustado com o perigo da despromoção Cecchi Gori investiu em contratações sonantes como o dinamarquês Brian Laudrup, o alemão Stefan Effenberg, Francesco Baiano e aquele que viria a transformar-se num símbolo do clube, o goleador Gabriel Batistuta. A despromoção chegou depois de um frustrante 16.º lugar em 1992/93.
     
    Os anos de Batistuta
     
    A despromoção chegou depois de um frustrante 16.º lugar em 1992/93, quando ao contrário de outras situações, a Fiorentina não se conseguiu salvar na última jornada. O regresso seria imediato, com contratações à altura para comemorar a promoção.
     
    O português Rui Costa, mudou-se de Lisboa para Florença, onde faria uma parceria de sucesso com Batigol e ganharia o epíteto de Príncipe de Florença. Depois do 10.º lugar na primeira época, a Fiorentina apontou a mais altos voos, vencendo a Taça de Itália em 1995/96, além de conquistar o 3.º lugar na Serie A.
     
    No regresso às competições europeias, a Fiorentina chegaria às meias-finais da Taça das Taças, eliminada pelo Barcelona, enquanto na frente interna conquistaria a Supertaça, consolo para um fraco 9.º lugar na tabela final da Serie A.
     
    Depois de um quinto lugar em 1997/98, o clube viola chegou ao terceiro lugar e consequente qualficação para a Champions em 1998/99, além de ser finalista vencido da Taça de Itália.
     
    Rui Costa e Batistuta são fundamentais na carreira da equipa na Liga dos Campeões, chegando à segunda fase da prova, sobrevivendo a uma primeira fase num grupo com Barcelona e Arsenal. Giovanni Trapattoni tinha ao seu dispor uma das squadras mais competentes do futebol transalpino, onde além da dupla Rui Costa - Batistuta, também brilhava uma plêiade composta por nomes de respeito como Toldo, Di Livio, Chiesa, Mijatovic, Balbo ou Amoroso.
     
    A falência
     
    Terminada a época, a «velha raposa» Trapattoni deu lugar ao turco Fatih Terim, mas Batigol foi vendido para a Roma, onde se sagraria campeão. A época acabou por ser positiva, com o clube a manter-se na parte superior da tabela e a vencer a Taça. Contudo, Terim acabaria por dar lugar a Roberto Mancini.
     
    No verão seria a vez de Rui Costa abandonar o clube para rumar ao AC Milan, pronunciando uma nova era em Florença. O ano de 2001 seria o annus horribilis do futebol florentino, com as finanças do clube a entrarem no vermelho e os ordenados a ficarem em atraso. Cecchi Gori ainda conseguiu mais um empréstimo, mas o clube tornara-se insustentável. Gori assistiu impotente à queda do clube que ajudara a fazer crescer.
     
    A Fiorentina seria despromovida na secretaria, passando a ser gerida por uma admnistração nomeada pelo tribunal. Com a bancarrota decratada, sem meios para repor a divida, a Fiorentina viu a sua presença na Serie B ser recusada pela Liga. Pouco depois o clube fechava portas.
     
    Renascimento
     
    Um grupo de sócios e adeptos do clube refundaram a Fiorentina em Agosto de 2002, debaixo da nova denominação: Associazione Calcio Fiorentina e Florentia Viola. Diego Della Valle, um empresário do ramo do calçado viabilizou financeiramente o novo projeto que nascia sem dividas. O munícipio cedeu o Artemio Franchi e a Federação Italiana permitiu a inscrição da equipa na Serie C2, o quarto escalão da piramide do futebol transalpino.
     
    Vencedores da sua série com muitas facilidades, a Fiorentina acabou por passar directamente para a Serie B por "mérito desportivo", depois do caso Catania ter obrigado a uma reorganização do futebol italiano, que levou a que a Serie B passasse de 20 para 24 equipas. O convite à equipa viola causou grande celeuma, permitindo aos florentinos estar a um passo de regresso ao escalão maior. 
     
    Ainda em 2003/04 o clube adquiriu o direito a usar o nome e equipamento da Fiorentina. Seria já com o histórico uniforme que a Fiorentina bateu o Perugia no play-off de acesso à Serie A em 2003/04, garantindo o direito de jogar novamente entre os grandes de Itália, onde naturalmente se manteve nos anos seguintes, chegando inclusive a qualificar-se novamente para a Liga dos Campeões em duas ocasiões. 
     
    In 1950, Fiorentina started to achieve consistent top-five finishes in the domestic league. The team consisted of great players such as well-known goalkeeper Giuliano Sarti, Sergio Cervato, Francesco Rosella, Guido Gratton, Giuseppe Chiappella and Aldo Scaramucci but above all, the attacking duo of Brazilian Julinho and Argentinian Miguel Montuori. This team won Fiorentina's first scudetto (Italian championship) in 1955–56, 12 points ahead of second-place Milan. Milan beat Fiorentina to top spot the following year, but more significantly Fiorentina became the first Italian team to play in a European Cup final, when a disputed penalty led to a 2–0 defeat at the hands of Alfredo Di Stéfano's Real Madrid. Fiorentina were runners-up again in the three subsequent seasons. In the 1960–61 season the club won the Coppa Italia again and was also successful in Europe, winning the first Cup Winners' Cup against Rangers.
    After several years of runner-up finishes, Fiorentina dropped away slightly in the 1960s, bouncing from fourth to sixth place, although the club won the Coppa Italia and the Mitropa Cup in 1966.

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    Estádio
    Stadio Artemio Franchi
    Lotação47282
    Medidas105x68
    Inauguração1931