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    Astana

    Texto por João Pedro Silveira
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    É bem no meio da distante estepe asiática que tem emergido o FC Astana, um clube sem história, numa cidade igualmente sem história, num país que como estado independente tem uma história de pouco mais de 20 anos...

    É essa ausência de história do FC Astana que nos obriga a perceber primeiro a história do Cazaquistão  e da cidade de Astana para depois compreendermos o fenómeno que é o Football Club Astana, ou Астана Футбол Клубы em cazaque se preferirem...

    Um novo país, uma nova capital

    A 16 de Dezembro de 1991, as autoridades locais em Alma-Ata, capital da República Socialista Soviética Cazaque, declararam a independência do Cazaquistão, terminando uma ligação histórica de séculos à vizinha Rússia, primeiro debaixo da dominação do Império dos Czares e depois durante os tempos da União Soviética. 

    Alma-Ata, mais tarde Almaty, tornou-se na primeira capital do país. A sua localização pouco central, perto da fronteira com o Quirguistão e a República Popular da China, levou a que o governo cazaque iniciasse um processo de mudar a capital para uma zona mais central do país, mudando a sede do poder para a região centro-nordeste do país.

    A 6 de Julho de 1994, o conselho supremo do Cazaquistão aceitou transferir a capital do país para a pequena cidade de Akmola, a 10 de Dezembro de 1997, rebatizando a cidade com o nome de Astana, que significa capital na língua cazaque.

    Akmola era um pequeno posto avançado que fora fundado na década de trinta do século XIX por cossacos com o nome de Akmoly. A região encontrava-se nos limites do Império Russo que disputava a influência política e militar com os ingleses na região. As autoridades russas resolveram então colonizar essa região, criando pequenas fortificações para acampamentos de cossacos.

    Com o passar dos anos surgiu um pequeno povoamento em redor do forte e seria esse povoamento que se tornou uma vila em 1832, com o nome de Akmolinsk.

    Seria preciso esperar mais de 100 anos para se tornar cidade e receber das autoridades soviéticas o novo nome de Tselinogrado. Depois do fim da URSS, a cidade voltou ao nome original de Akmola, que pode ser traduzido do cazaque por "campa branca". 

    O Presidente Nursultan Nazarbayev resolveu então que a nova capital devia mudar de nome e aceitou a sugestão pouco original de Astana. 

    Uma cidade para o futuro

    A cidade que a Unesco declarou como cidade da Paz em 1999 é uma cidade virada para o futuro. Tal como Washington DC, Islamabad, Camberra e Brasília, Astana é uma cidade-capital planeada.

    O arquiteto Kisho Kurokawa foi o responsável por colocar as ambições de Nazarbayev no papel. Desenhou a cidade que rapidamente cresceu, com os seus edifícios emblemáticos como o Parlamento, o Supremo Tribunal e obviamente o Palácio Presidencial.
     
    Com uma arquitetura futurista, pejada de arranha-céus, Astana é uma cidade que tanto combina o mais ambicioso modernismo com a arquitetura de gosto no mínimo risível, Astana é um puzzle surpreendente, onde o mais absoluto kitsch pode conviver lado-a-lado com um edifício desenhado por Sir Norman Foster. 
     
    O novo-riquismo do Cazaquistão e da sua capital podem provocar opiniões diversas no Ocidente, mas não é a arquitetura da sua capital, o principal motivo de das críticas ocidentais ao regime de Nazarbayev.
     
    Um clube para a capital
     
    É na cidade que se candidata a receber grandes competições internacionais e a Expo 2017 que surge a ideia de criar um clube de futebol capaz de satisfazer as ambições de sucesso e reconhecimento internacional do regime de Nazarbayev.

    A oportunidade surgiu quando dois clubes Almaty, o Mega-Sport e o Alma-Ata resolvem se fundir, para dar lugar ao Lokomotiv, clube patrocinado pela empresa de caminhos-de-ferro do Cazaquistão, Kazakstan Temir Zholy (KTZ).

    A KTZ e o município de Akimat em Astana concordaram construir um estádio novo e o Lokomotiv mudou-se de armas e bagagens para a capital.
     
    Duas antigas referências do Spartak Moscovo, Titov e Tikhonov assinaram pelo clube, inaugurando a tradição do novo clube de atrair estrelas com nome para a longínqua Astana. Seguiram-se outros nomes de destaque como o do nigeriano Patrick Ovie, ou do uzebeque Shatskikh, contratado ao Dynamo Kiev.
     
    Os primeiros sucessos do clube chegaram em 2010, com a conquista da Taça do Cazaquistão, seguida da conquista da Supertaça. O facto do clube não ter completado ainda três anos de vida, impediu-o de inscrever-se nas competições europeias, não podendo então participar na edição de 2011/12 da Liga Europa.

    Novo nome, um desígnio presidencial
     
    Em 2011 o Lokomotiv de Astana deu Lugar ao Football Club Astana. Um ano mais tarde, o FC Astana passou a fazer parte do Astana Clube Multidesportivo Presidencial, uma superstrutura que reúne diversos clubes da cidade que praticam modalidades distintas como o basquetebol, o ciclismo, o pólo aquático, o boxe ou voleibol. O FC Astana representa o clube do Presidente Nazarbayev no futebol.
     
    Um fundo nacional criado em 2008 financia o clube, que tem por objectivo apoiar os clubes e atletas que representem a cidade de Astana e o Cazaquistão internacionalmente. 
     
    O sucesso do clube não se pode dissociar deste apoio presidencial. Vencedores da Taça em 2012, o FC Astana sagrou-se vice-campeão cazaque em 2013. Ainda em 2013 participou pela primeira vez nas competições europeias, eliminado pelo Botev Plovdiv da Bulgária com um esclarecedor 0x6 no conjunto das duas mãos. 
     
    Ambição europeia
     
    O regresso à Europa, no ano seguinte, começou com uma impressionante vitória sobre o Pyunik (1x4) na Arménia, repetida dias depois em Astana (2x0).
     
    Seguiu-se uma histórica eliminatória com o Hapoel Tel Aviv, com os cazaques a vencer por 3x0 na 1.ª mão. A derrota por 1x0 na segunda mão em Israel tornou possível ao Astana qualificar-se para 3.ª pré-eliminatória da Liga Europa onde voltou a surpreender, batendo o AIK de Estocolmo, depois de empatar em casa 1x1 e vencendo na Suécia com um impressionante 0x3.
     
    A bela carreira do FC Astana acabou no play-off quando a sorte ditou que os espanhóis do Villareal estavam no caminho do clube cazaque. Duas derrotas pesadas (0x3 e 4x0) deixaram o clube fora da prova, podendo a partir de então focar-se nas competições internas. 
     
    Apesar de terminar em terceiro lugar na fase regular, o FC Astana acabou por conquistar o seu primeiro título na fase final, terminado a prova no primeiro lugar que lhe deu acesso a participar na Liga dos Campeões na época 2015/16.
     
    Enquanto internamente o Astana discutia a liderança e o título com o Kairat, no verão de 2015, a presença na Liga dos Campeões tornava-se histórica. Pela frente estavam os eslovénios do Maribor, equipa que na edição anterior da Champions roubara pontos a Chelsea, Schalke 04 e Sporting. A uma derrota em Maribor, o FC Astana respondeu com uma categórica reviravolta na Astana Arena. A segunda vítima seria o HJK da Finlândia, que depois de um empate a zero em Helsínquia, seria eliminado com um 4x3 em Astana.
     
    A última etapa antes da presença na fase de grupos da prova milionária era um confronto com os cipriotas do Apoel. A jogar em casa na 1.ª mão, Dzholchiev marcou o golo solitório que valeu a vitória. Uma semana depois no Estádio GSP em Nicósia, Maksimovic fez história, quando empatou o jogo aos 84´ minutos, garantindo uma inesperada presença do clube cazaque na Liga dos Campeões, onde foi sorteado para jogar no grupo C, juntamente com o Atlético Madrid, Galatasaray e Benfica.
     
    Daí para a frente, o gigante cazaque tem dominado a seu bel-prazer as provas internas e sido uma presença constante na Liga Europa, quer nas pré-eliminatórias, quer nas Fases de Grupos.

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    Lotação30000
    Medidas105x68
    Inauguração2009