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    Premier League 2011/2012
    Grandes jogos

    Manchester City x QPR: «Agüeroooooooooo!»

    Texto por Jorge Ferreira Fernandes
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    Quantas vezes já ouviu a expressão presente no título? Quantas vezes já deu ao Youtube mais umas views para recordar este acontecimento? E quantas vezes já mandou repetir o vídeo... Não há admirador/adepto/apaixonado pelo jogo que possa esquecer estas imagens. Aquilo que aconteceu no Etihad naquela tarde de maio de 2012 perdurará no tempo e na memória de todos como um dos plot twists mais impressionantes da história do jogo.  

    À procura de um título que não era festejado do lado azul de Manchester há mais de 40 anos, o City viveu uma tarde de loucos. Bastava fazer melhor que o United, o jogo era em casa, estavam reunidas todas as condições para que o caneco fosse levantado, mas a equipa de Mancini complicou o mais fácil. Tremeu como nunca, chegou a estar a perder e só mesmo um daqueles momentos que acontecem uma vez na vida permitiu a euforia e o grito de revolta adormecido há tempo demais. 

    Que valente susto 

    Importa referir, desde logo, que esta também não era uma partida qualquer para o Queens Park Rangers, o ator secundário de toda esta história. A equipa londrina também jogava um futuro muito importante, neste caso o de continuar ou não entre os melhores de Inglaterra. Todos tinham tudo a ganhar e a perder, numa tarde que podia ser de sonho e de tragédia para as duas equipas em jogo. 

    Mas, apesar de não ser um clube propriamente habituado às vitórias, este já era um Manchester City que metia medo aos adversários, nitidamente rico, poderoso, recheado de estrelas e pronto a materializar toda a qualidade em títulos. Contar com nomes como Ballotelli, Nasri, Silva, Tévez, Dzeko ou Aguero era um autêntico luxo e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade. Desta vez, e depois de décadas recheadas de desilusões, os citizens estavam mesmo à espera de uma festa de arromba.

    A umas boas centenas de km's, o segundo classificado e grande rival Manchester United jogava para oferecer a Ferguson mais um título da Premier League. A rivalidade local acabou por marcar um ano de futebol inglês onde os outros dois crónicos candidatos de Londres desiludiram. Um duelo particular, próximo, simbólico para ambas as massas associativas e que deu muito colorido e muito que falar pelas ruas de uma das grandes cidades britânicas, especialmente quando Old Trafford se pintou como nunca de azul (1x6) ou quando uma desvantagem que parecia já demasiado grande foi anulada nas jornadas finais. 

    Este era um Manchester City de muito talento, mas não necessariamente de muita qualidade coletiva. A inconsistência exibicional prejudicou e muito a equipa de Mancini ao longo do ano e, no derradeiro desafio, sentiram-se bem as dificuldades e, até, os momentos de previsibilidade atacante e de tremideira defensiva que foram marcando, com maior ou menor intensidade, o ataque ao título em 2011/2012. Mas quem tem tanto bom jogador arrisca-se sempre a encontrar soluções para os problemas mais complexos. 

    Kun tocou no céu @Getty / Shaun Botterill

    Sim, porque apesar do nervosismo, do poder da ocasião, da dificuldade em fintar uma organização defensiva densa e muito preenchida do adversário, o City foi claramente melhor durante boa parte do jogo. E o golo de Zabaleta, aparecido muito às custas da inteligência de médios como Nasri, Silva ou Touré, apareceu para dar justiça ao marcador e para, ao mesmo tempo, avisar um demasiado conservador QPR que, se calhar, o melhor era mesmo começar a arregaçar as mangas, uma vez que a vantagem do Bolton ao intervalo dava virtual descida de divisão. 

    O descanso deixou o City tudo menos descansado. A equipa veio amorfa, lenta e sem grande capacidade para marcar um segundo golo que desse tranquilidade e que abrisse as portas do título, até porque o United cumpria a sua parte no terreno do Sunderland e qualquer baixa de forma podia significar a morte do artista. Pois bem, o que se seguiu até ao minuto 95 foi uma ode à Typical City, expressão utilizada para mostrar que, naquela zona de Manchester, o habitual era mesmo escolher o caminho mais complicado e sinuoso 

    Poucas podiam prever, poucos chegaram mesmo a acreditar que aquilo que se passou na segunda parte do jogo podia ter uma qualquer correspondência com a realidade. Começou com o empate do QPR, num erro colossal de Lescott, continuou na expulsão escusada do bad boy Joey Barton, que ainda por cima foi formado no Etihad, culminou com a reviravolta de um adversário que parecia entregue e que jogava reduzido a dez homens. Milhares em choque no estádio, milhões sem reação a ver pela TV. Estávamos perante um dos maiores desperdícios da história recente no futebol europeu. 

    Faltava, contudo, o maior plot twist de todos. No desespero, Mancini optou por lançar toda a carne no assador, fazendo entrar artilharia da pesada sob os pés de Dzeko e Balotelli. O primeiro deu vida e fez reacender a esperança, o outro, no último suspiro, no chão, quando todo um estádio queria entrar pela baliza do QPR adentro, assistiu Aguero para um golo poético, mágico, de valor incalculável. «I swear you'll never see anything like this ever again», gritava o comentador, com toda a razão. Ainda se espera por um final de grande campeonato igual a este...

    Comentários (1)
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    motivo:
    2012 foi há quase 10 anos
    2021-03-30 15h29m por tcb9277
    Impressionante como o tempo passa depressa.

    Essa reta final do campeonato inglês foi das mais emocionantes da história do futebol mundial, sem sombra de dúvidas.
    jogos históricos
    U Domingo, 13 Maio 2012 - 15:00
    Etihad Stadium
    Mike Dean
    3-2
    Pablo Zabaleta 39'
    Edin Džeko 90'
    Kun Agüero 90'
    Djibril Cissé 48'
    Jamie Mackie 66'
    Estádio
    Etihad Stadium
    Etihad Stadium
    Inglaterra
    Manchester
    Lotação55097
    Medidas105x68
    Inauguração2003