Nascido em Copenhaga a 11 de Setembro de 1957, Preben Elkjær Larsen, iniciou a carreira futebolística nos escalões de formação do Frederiksberg, continuando depois no Kjøbenhavns Boldklub. Assinou o seu primeiro contrato profissional com Vanløse IF em 1976. Terminou a época de estreia com sete golos em 15 jogos, despertou a cobiça dos alemães do 1. FC Köln.
Pouco depois mudou-se para Colónia, onde em nove jogos com a camisola do clube germânico apontou apenas um golo.
Durante a sua estadia nas margens do Reno, nunca foi capaz de habituar-se ao ambiente rígido imposto pelo treinador alemão Hennes Weisweiler, conhecido pela sua disciplina e métodos duros.
Num ano em que pouco mais fez do que se treinar, conquistou a Taça da Alemanha, apesar de só ter jogado 9 minutos em toda a competição, precisamente na final contra o Hertha.
Elkjær foi peremptório a refutar a veracidade da história, informando o treinador, que ao contrário do que diziam, a garrafa não era de whisky mas sim de Vodka e que não tinha passado a noite acompanhado por uma mulher, mas sim por duas.
Atingido o ponto de não retorno em Colónia, Elkjær mudou-se para o Lokeren da vizinha Bélgica, onde em cinco épocas marcaria 98 golos em jogos do campeonato belga com a camisola dos tricolores. Longe da pressão - e "repressão" - de Colónia, pôde desenvolver qualidades e evoluir para o grande avançado que se tornou.
O clube belga acolheu-o como o grande jogador que era e acarinhou-o. Em pouco tempo tornava-se a estrela e líder da equipa. Os adeptos chamavam-lhe Chefren fra Lokeren [O chefe de Lokeren], enquanto outros preferiam trata-lo por um menos prosaico Den gale mand fra Lokeren [O louco de Lokeren].
Essa fama provinha das noitadas que envolviam o consumo desregrado de álcool e tábaco. Dizia-se então que Elkjær fumava mais de dois maços por dia, e tal fama nunca mais o abandonaria até ao fim da carreira.
Após cinco anos de sucessos e golos com o Lokeren, além de um conjunto de grandes exibições com a Dinamarca no europeu, aos 27 anos e seduzido pelas liras do Hellas Verona FC, Elkjær mudou-se para a solarenga Itália, mais propriamente para a cidade que tinha sido palco da imortal obra de William Shakespeare, "Romeu e Julieta", a bela Verona.
A derrota nas grandes penalidades com a Espanha nas meias-finais do Euro 84 terá sido a mais dura das derrotas da carreira de Larsen.
Na cidade dos Montéquios e Capuletos, Elkjær conquistou um estatuo especial. Num campeonato onde jogavam alguns dos grandes jogadores do futebol mundial como
Platini,
Maradona ou Rummenigge, o dinamarquês foi fundamental na época de sonho da equipa
Gialloblu, que terminou com a conquista do primeiro e único
Scudetto da história do Hellas Verona.
Foram tardes de glória no Estádio Marcantonio Bentegodi, como a da célebre vitória sobre a
Juventus de
Platini, em que Elkjær apontou um golo com um pé descalço, depois de ter perdido a bota no caminho para a baliza.
No final do ano receberia a bota de prata destinada ao segundo melhor jogador a actuar na Europa. Um ano antes conquistara a bota de bronze, muito por culpa da brilhante carreira da Dinamarca no Euro 84.
A Dinamáquina no mundial do México
Depois do sucesso no Lokeren e no Verona, seria contudo com as cores da sua Dinamarca que Elkjær Larsen entrou para o imaginário dos adeptos de futebol. No Mundial de 1986 os olhos do mundo encontravam-se na "Dinamáquina", devido às excelentes exibições que tinham conduzido os dinamarqueses até às meias-finais do Euro 84.
No México a Dinamarca calhou num grupo de morte com a República Federal Alemã, o Uruguai e a Escócia. Em Nezahualcóyotl, na estreia dinamarquesa em campeonatos do mundo, Elkjær Larsen apontou o único golo que valeu a vitória contra os escoceses.
Quatro dias depois, no mesmo estádio, o mundo assistiu maravilhado a uma exibição de antologia da Dinamarca que vulgarizou o Uruguai com um claro 6x1 e mais três golos de Elkjær, a somar a uma exibição portentosa de Michael Laudrup.
Em Verona Larsen era o herói da equipa que conquistou o Scudetto em 1984.
A 13 de Junho, no último jogo do grupo, contra os vice-campeões mundiais em Querétaro, Elkjær e Laudrup ficaram em branco, mas a "
Dinamáquina" continuou a sua caminhada vencendo por 2x0.
As casas de apostas e a imprensa mundial tomaram a Dinamarca como uma das grandes favoritas ao título. Cinco dias depois, novamente em Querétaro, o adversário era a
Espanha, a mesma que tinha eliminado a Dinamarca nas meias-finais do europeu de França em 1984.
Olsen abriu o marcador aos 33´ e colocou os nórdicos a caminho dos quartos. Tudo corria de feição, até que aos 43´ Jesper Olsen cometeu um erro de palmatória e passou a bola ao avançado espanhol Emílio Butragueño que não perdoou e chutou para a baliza de deserta. Estava feito o 1x1 mesmo antes do intervalo.
Na segunda parte veio o descalabro e a
Espanha marcou mais quatro golos, com
Buitre a apontar um histórico
poker. A
Dinamáquina saía de cena com um humilhante derrota...
E depois o regresso a casa
Em 1988, epois do sucesso em Itália e do mundial do México, achou por bem regressar à Dinamarca natal para defender as cores do Vejle, onde ainda actuou durante duas épocas.
Foi também em 1988 que vestiu a camisola da Dinamarca pela última vez, participando no Euro 88, de má memória para o futebol dinamarquês. Quatro anos depois a Dinamarca conquistaria finalmente o sucesso, no europeu disputado na vizinha Suécia, mas Elkjær seria apenas mais um dos milhões de dinamarques que torceram por fora com o sucesso da sua selecção.