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    Elkjaer Larsen: A Máquina Dinamarquesa

    Texto por João Pedro Silveira
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    De Copenhaga a Colónia

    Nascido em Copenhaga a 11 de Setembro de 1957, Preben Elkjær Larsen, iniciou a carreira futebolística nos escalões de formação do Frederiksberg, continuando depois no Kjøbenhavns Boldklub. Assinou o seu primeiro contrato profissional com Vanløse IF em 1976. Terminou a época de estreia com sete golos em 15 jogos, despertou a cobiça dos alemães do 1. FC Köln.

    Pouco depois mudou-se para Colónia, onde em nove jogos com a camisola do clube germânico apontou apenas um golo.
    Durante a sua estadia nas margens do Reno, nunca foi capaz de habituar-se ao ambiente rígido imposto pelo treinador alemão Hennes Weisweiler, conhecido pela sua disciplina e métodos duros.
     
    Uma garrafa de Whisky e uma senhora
     
    Num ano em que pouco mais fez do que se treinar, conquistou a Taça da Alemanha, apesar de só ter jogado 9 minutos em toda a competição, precisamente na final contra o Hertha.
     
    Larsen era uma das grandes referências da «Dinamáquina» que brilhou no mundial de 1986.
    A rotura entre os dois aconteceu já no final da época. É uma história de contornos lendários, recordada regularmente na Dinamarca: Weisweiler abordou Elkjær para informa-lo que lhe  tinham contado que o jogador fora visto durante a noite numa discoteca local na companhia de uma garrafa de whisky e de uma senhora, e queria saber se tal história era verdade.
     
    Elkjær foi peremptório a refutar a veracidade da história, informando o treinador, que ao contrário do que diziam, a garrafa não era de whisky mas sim de Vodka e que não tinha passado a noite acompanhado por uma mulher, mas sim por duas.
     
    Lokeren
     
    Atingido o ponto de não retorno em Colónia, Elkjær mudou-se para o Lokeren da vizinha Bélgica, onde em cinco épocas marcaria 98 golos em jogos do campeonato belga com a camisola dos tricolores.  Longe da pressão - e "repressão" - de Colónia, pôde desenvolver qualidades e evoluir para o grande avançado que se tornou. 
     
    O clube belga acolheu-o como o grande jogador que era e acarinhou-o. Em pouco tempo tornava-se a estrela e líder da equipa. Os adeptos chamavam-lhe Chefren fra Lokeren [O chefe de Lokeren], enquanto outros preferiam trata-lo por um menos prosaico Den gale mand fra Lokeren [O louco de Lokeren].
     
    Essa fama provinha das noitadas que envolviam o consumo desregrado de álcool e tábaco. Dizia-se então que Elkjær fumava mais de dois maços por dia, e tal fama nunca mais o abandonaria até ao fim da carreira.
     
    Sucesso em Verona
     
    Após cinco anos de sucessos e golos com o Lokeren, além de um conjunto de grandes exibições com a Dinamarca no europeu, aos 27 anos e seduzido pelas liras do Hellas Verona FC, Elkjær mudou-se para a solarenga Itália, mais propriamente para a cidade que tinha sido palco da imortal obra de William Shakespeare, "Romeu e Julieta", a bela Verona.
     
    A derrota nas grandes penalidades com a Espanha nas meias-finais do Euro 84 terá sido a mais dura das derrotas da carreira de Larsen.
    Na cidade dos Montéquios e Capuletos, Elkjær conquistou um estatuo especial. Num campeonato onde jogavam alguns dos grandes jogadores do futebol mundial como Platini, Maradona ou Rummenigge, o dinamarquês foi fundamental na época de sonho da equipa Gialloblu, que terminou com a conquista do primeiro e único Scudetto da história do Hellas Verona.
     
    Foram tardes de glória no Estádio Marcantonio Bentegodi, como a da célebre vitória sobre a Juventus de Platini, em que Elkjær apontou um golo com um pé descalço, depois de ter perdido a bota no caminho para a baliza.
     
    No final do ano receberia a bota de prata destinada ao segundo melhor jogador a actuar na Europa. Um ano antes conquistara a bota de bronze, muito por culpa da brilhante carreira da Dinamarca no Euro 84.
     
    A Dinamáquina no mundial do México
     
    Depois do sucesso no Lokeren e no Verona, seria contudo com as cores da sua Dinamarca que Elkjær Larsen entrou para o imaginário dos adeptos de futebol. No Mundial de 1986 os olhos do mundo encontravam-se na "Dinamáquina", devido às excelentes exibições que tinham conduzido os dinamarqueses até às meias-finais do Euro 84.
     
    No México a Dinamarca calhou num grupo de morte com a República Federal Alemã, o Uruguai e a Escócia. Em Nezahualcóyotl, na estreia dinamarquesa em campeonatos do mundo, Elkjær Larsen apontou o único golo que valeu a vitória contra os escoceses.
     
    Quatro dias depois, no mesmo estádio, o mundo assistiu maravilhado a uma exibição de antologia da Dinamarca que vulgarizou o Uruguai com um claro 6x1 e mais três golos de Elkjær, a somar a uma exibição portentosa de Michael Laudrup.
     
    Em Verona Larsen era o herói da equipa que conquistou o Scudetto em 1984.
    A 13 de Junho, no último jogo do grupo, contra os vice-campeões mundiais em Querétaro, Elkjær e Laudrup ficaram em branco, mas a "Dinamáquina" continuou a sua caminhada vencendo por 2x0.
     
    As casas de apostas e a imprensa mundial tomaram a Dinamarca como uma das grandes favoritas ao título. Cinco dias depois, novamente em Querétaro, o adversário era a Espanha, a mesma que tinha eliminado a Dinamarca nas meias-finais do europeu de França em 1984.
     
    Olsen abriu o marcador aos 33´ e colocou os nórdicos a caminho dos quartos. Tudo corria de feição, até que aos 43´ Jesper Olsen cometeu um erro de palmatória e passou a bola ao avançado espanhol Emílio Butragueño que não perdoou e chutou para a baliza de deserta. Estava feito o 1x1 mesmo antes do intervalo.
     
    Na segunda parte veio o descalabro e a Espanha marcou mais quatro golos, com Buitre a apontar um histórico poker. A Dinamáquina saía de cena com um humilhante derrota...
     
    E depois o regresso a casa
     
    Em 1988, epois do sucesso em Itália e do mundial do México, achou por bem regressar à Dinamarca natal para defender as cores do Vejle, onde ainda actuou durante duas épocas.
     
    Foi também em 1988 que vestiu a camisola da Dinamarca pela última vez, participando no Euro 88, de má memória para o futebol dinamarquês. Quatro anos depois a Dinamarca conquistaria finalmente o sucesso, no europeu disputado na vizinha Suécia, mas Elkjær seria apenas mais um dos milhões de dinamarques que torceram por fora com o sucesso da sua selecção.

    Comentários

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    motivo:
    Hans krankl
    2015-12-15 17h04m por Mslloris
    Façam uma biografia sobre esta lenda zero zero off.
    Pedido de um Usher diário.
    A biografia ia ganhar muito e o site mais completo.
    Obrigado.
    Agradecimento
    hm por zerozero.pt
    Muito obrigado pela sua atenção e interesse. A biografia de Hans Krankl é uma das que estão agendadas no zerozero.pt há algum tempo. A preferência por este ou determinado jogador será sempre subjectiva, daí a escolha de jogadores do Campeonato Português como Jardel ou Liedson em detrimento de outros. Tentamos combinar referências e nomes incontornáveis com outros jogadores menos conhecidos como Wharton ou Villaplane, tentando agradar aos diversos interesses dos nossos leitores. Esperemos que compreenda a nossa escolha e prometemos continuar a dedicar a nossa atenção à carreira e vida de jogadores icónicos.
    No que toca ao futebol austríaco recentemente apresentamos a biografia de Josef Pepi Bican, companheiro de Sindelar no Wunderteam, também temos a biografia de Prohaska, e em breve contamos contar também com a biografia de Happel.

    Mais uma vez agradecemos a sugestão de nomes, que é sempre bem-vinda.
    Obrigado
    o zero zero as vezes
    2015-12-15 16h59m por Mslloris
    Tenho pena mas existem situações neste site que me fazem rir mas me deixam triste.
    Então não é que venho aqui a esta grande secção de biografias muito bem pensado e muito bom a nível de conteúdo.
    Só que. . . . qual o meu espanto quando tento pesquisar por essa grande lenda de nome Hans krankl e não existe. . .
    A sério zerozero e tem o Liedson, Jardel, Pedro Barbosa? A sério?
    Um jogador como krankl que levou a Áustria as costas em 78 que jogou no Barcelona e que te...ler comentário completo »
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