Foi em 1968: o ano do Maio Revolucionário de Paris e da Primavera de Praga, o ano dos movimentos estudantis nos EUA e do verão de amor dos hippies em São Francisco e Londres. O ano em que os Beatles gravaram o épico álbum branco e que Salazar caiu da cadeira, ano em que o Manchester United conquistou a primeira Taça dos Campeões do futebol inglês.
Em memória dos bebés de Busby
Dez anos depois do desastre aéreo de Munique, onde tinham falecido oito dos Busby Babes, o Manchester United chegava à grande final. Depois da tragédia, United passou por momentos complicados, mas Busby, com muita paciência e trabalho, voltou a formar uma equipa à volta de um dos sobreviventes da tragédia de Munique: Bobby Charlton.
A Inglaterra tinha sido Campeã do Mundo em 1966 e o futebol inglês estava em alta. No ano anterior, o Celtic tinha ganho a final da Taça dos Campeões, quebrando a hegemonia dos países latinos.
O Manchester chegava ao grande jogo, ainda para mais disputado em Wembley, cheio de esperança na vitória.
Com o seu conterrâneo escocês Dennis Law lesionado, restava a Busby que a genialidade de Best viesse ao de cima no maior palco do mundo para tudo correr como planeado.
Eusébio e companhia
Pela frente, os ingleses tinham o Benfica, já duas vezes campeão europeu e que chegava em Wembley à sua quinta final.
Se a Inglaterra tinha sido Campeã do Mundo, Portugal tinha feito um Mundial de destaque, chegando ao terceiro lugar e tendo em Eusébio o melhor marcador da prova.
Se Charlton jogava no United, Eusébio jogava no Benfica como muitos dos magriços da brilhante campanha de 1966.
A primeira parte foi muito calma, muito provavelmente devido ao calor incomum que se sentia em Londres nesse dia. Na segunda parte, aos 8 minutos, Charlton colocou os mancunianos na frente com um golo de cabeça. Aos 30 minutos, Jaime Graça empatou para as águias.
Eusébio falha um golo feito e Best resolve
O jogo manteve-se empatado a um até ao fim e foi para prolongamento muito por culpa de Stepney, que defendeu um remate de Eusébio quando este apareceu isolado na sua frente no qual todo o mundo já gritava golo.
No período extra, o calor provocou muito desgaste nos jogadores, especialmente nos benfiquistas que estranhamente pareciam mais incomodados com as temperaturas elevadas que os seus adversários britânicos.
Logo aos 3 minutos, Best colocou os diabos vermelhos na frente e o Benfica acusou muito o golo. Depois, Kidd aos 4' e Charlton aos 9 minutos deitaram por terra o sonho encarnado. Até ao fim, os ingleses controlaram o jogo e os portugueses aceitaram o destino.
A maldição de Guttman continuava...
4-1 a.p. | ||
Bobby Charlton 55' 100' George Best 97' Brian Kidd 98' | Jaime Graça 80' |