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    Corinthians

    Texto por João Pedro Silveira
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    Mais que um clube, o Corinthians é um estado de espírito. Um clube do povo para o povo. O «torcedor» do Corithians não adora o seu clube, o corintiano é louco pelo seu clube. É uma paixão que não se explica, vive-se, sente-se! Em mais de cem anos o Corithians viveu momentos de glória e conheceu as profundezas da segunda divisão.

    Dos tempos dos fundadores do Bom Retiro até à conquista da Libertadores, passando pela «Democracia Corinthiana» e o centenário que teve honra de ter presente o presidente Inácio Lula, um corintiano apaixonado. Esta é a história do glorioso Sport Clube Corinthians Paulista. É uma história de amor, de um amor sobrenatural, capaz de fazer justiça à famosa epístola de São Paulo aos Coríntios, a carta de onde o clube inglês a quem o Corinthians foi buscar o nome, se inspirou para o nome o Corinthians - coríntios em inglês.

    O futebol chega a São Paulo

    Charles William Miller, um paulista, filho de um escocês e de uma brasileira de origem inglesa, descobriu o futebol quando estudava em Inglaterra, enquanto jogava nos colégios onde estudava, e depois no Corinthian e no St. Mary. Voltaria mais tarde para casa, levando consigo uma bola, uma bomba de ar, um par de chuteiras, o livro com as regras do futebol e uma vontade tremenda de ensinar os seus conterrâneos a jogar o jogo que tinha aprendido a amar em Inglaterra.

    O ano era 1894, e o futebol chegava ao Brasil. A Cidade de São Paulo tornava-se o berço do futebol brasileiro. Miller fundou o São Paulo Athletic Club, e depois foram surgindo outros clubes como o Mackenzie, o Internacional, o Germânia, na sua maioria fundados pelas comunidades emigrantes, e todos eles exclusivamente interditos a «não-brancos».

    Estes eram outros tempos, e o futebol brasileiro ainda estava longe do que viria a ser. De São Paulo o futebol espalhou-se pelo país todo, com ajuda dos ingleses e outras comunidades. Rapidamente se tornou um sucesso em todo o país e o Rio e São Paulo tomaram a dianteira, que ainda hoje detêm. 

    Do povo para o povo

    O futebol era então um jogo das elites, disputado por cavalheiros e rapazes de bem. Fechado a pessoas de baixa de condição, e disputado em círculo fechado, pelos jovens da mais alta sociedade.

    Foi contra esse estado de coisas, que um grupo de trabalhadores dos caminhos-de-ferro, do bairro do Bom Retiro, resolveu fundar um clube de futebol. Cinco operários da São Paulo Railway: Joaquim Ambrósio, Rafael  Perrone, Antônio Pereira, Anselmo Correia e Carlos Silva, foram no dia 31 de agosto de 1910 assistir à última partida, da digressão que o clube londrino Corinthian, estava efetuar pelo Brasil.

    Uma das primeiras equipas do Corinthians.
    Fascinados com o clube e com a exibição e vitória sobre o AA Palmeiras, combinaram marcar uma reunião no dia seguinte, no Bom Retiro, para fundarem um «team».  No 1º dia de setembro de 1910, nascia o clube, e Miguel Bataglia tornava-se o seu primeiro presidente.

    Quatro dias depois, mais uma reunião para escolher o nome. Joaquim Ambrósio sugeria Corithians em honra da equipa inglesa, todos concordaram e pouco depois, com a voz embargada, Miguel Bataglia proferia as históricas palavras:

    «Está adotado o nome de Sport Club Corinthians Paulista para o nosso grêmio.»

    Encontrado o nome, era preciso uma bola e equipamentos, e os sócios e os moradores do bairro foram chamados a colaborar. Apenas nove dias depois, o Corinthians tinha o seu primeiro jogo, contra o União da Lapa, a derrota por 0x1, contra um clube tão bem cotado, foi considerado um promissor começo.

    Além da admissão dos jogadores de classe mais baixa, o Corinthians foi precursor na inclusão de jogadores de cor nas suas equipas, para grande escândalo da sociedade paulista da época. 

    A primeira década dourada

    Dos primeiros «chutes na bola» pelas várzeas de São Paulo ao primeiro título paulista, passaram apenas três anos. O segundo «Paulistão» viria em 1916. Em ambas ocasiões o Corinthians terminou a competição invicto.

    Depois teria de esperar até 1922 para voltar a festejar um «Paulistão», mas tomou-lhe o gosto e seria bicampeão no ano seguinte, e festejaria o tricampeonato em 1924. Entre 1928 e 1930, voltaria a conquistar mais um tricampeonato, conquistando seis títulos em dez épocas, para gáudio da já sua considerávle falange de apoio.

    O tri-tri e nova era dourada

    Os anos 30 marcaram um período de adaptação. Os ventos do profissionalismo sopravam no Brasil e o Corinthians demorou algum tempo a entrar na nova ordem. Mas em 1937, o Corinthians iniciou a conquista de mais um tricampeonato, fazendo história com o seu terceiro «tri» em duas décadas. 

    Mas após tantas vitórias, poucos imaginavam que o clube ia entrar numa década horribilis depois da conquista de mais um «Paulistão» em 1941. O mundo estava em Guerra, mas o futebol no Brasil não parou e o Corinthians foi acumulando frustrações até 1950, ano que conquistou pela primeira vez a Copa Rio-São Paulo, prenunciando a conquista de mais um «Paulistão» no ano seguinte.

    Anos 50, a era dourada do timão.
    Começava então uma nova era dourada, numa equipa em que brilhavam Baltazar, Carbone, Luizinho. Cabeção, Belangero, Idário.. os títulos no Paulista sucediam-se (1951, 1952 e 1954), assim como no Rio-São Paulo (1950, 1952 e 1953).
     
    Jejum: 1955 a 1976
     
    Nenhum coritiano podia sonhar quantos anos iria ficar sem ver o seu clube conquistar um grande título. Eram os anos do de Pelé e do Botafogo de Garrincha, e do seu domínio no futebol do país.
     
    Os clássicos com o , eram penosos nesses tempos. Com o Rei Pelé em campo, o esteve onze anos sem conhecer o sabor da derrota nos jogos com o Corinthians. O jejum de títulos, esse continuaria por muitos e longos anos.
     
    Em 1974, uma grande equipa com Rivelino caiu na final do brasileirão com o Palmeiras. Dois anos depois, após uma vitória épica na meia final no Maracanã sobre o Fluminense - a famosa «invasão corinthiana» do Rio, o Corinthians não conseguiu vencer o Internacional de Porto Alegre na final, sendo incapaz de bater a maior mestria do «onze» do Colorado. O «borrego só seria morto» no ano seguinte, com uma suada e difícil vitória sobre o Ponte Preta, na final do paulista de 1977.
     
    Sócrates e a Democracia Corinthiana
     
    Nunca mais o timão ficaria tanto tempo sem conquistar nenhum troféu. No ano seguinte chegou Sócrates ao clube, proveniente do Botafogo de Ribeirão Preto. Em 1979, volta a vencer a final do «Paulistão», novamente às custas do Ponte Preta.
     
    Nasceria pouco depois a «Democracia Corinthiana», um movimento assumidamente de contestação à ditadura militar vigente então no Brasil, encabeçado por um grupo de futebolistas, como Sócrates, Casagrande e Zenon, que não se coibiu de levar os seus ideais políticos para o futebol. 
     
    A «Democracia Corinthiana» (1982-1984), um período histórico no futebol brasileiro, em que um clube de futebol contestou abertamente a ditadura militar.
    Nunca o futebol brasileiro tinha presenciado tal situação. O Corinthians tornava-se o primeiro clube em que todas as decisões eram tomadas democraticamente por voto, por todos os membros do clube. Contratações, renovações, vendas de passes, mudanças de equipamentos, obras no estádio, até os mais simples atos de gestão, eram decididos pelo voto.
     
    Cada jogo era uma oportunidade para passar a mensagem da democracia, um comício com estádios cheios e transmissão na televisão. As camisolas do clube eram estampadas com mensagens claras: «diretas já!», «eu quero votar para Presidente», para grande nervosismo dos militares. 
    Foi um período da história do clube onde as decisões importantes, tais como contratações, regras da concentração, entre outros, eram decididas pelo voto, sendo assim uma forma de autogestão.
    Foi um período da história do clube onde as decisões importantes, tais como contratações, regras da concentração, entre outros, eram decididas pelo voto, sendo assim uma forma de autogestão.
     
    Mas a «Democracia Corinthiana» não foi só política, e entre 1982 e 1984, o timão conquistou mais um bicampeonato paulista, e esteve perto de mais um tri, mas a vitória escaparia para o .
     
    A glória internacional
     
    Sócrates partiu para Itália e o time foi desmantelado. Em 1986 começou a ser criada a nova equipa que se sagraria pela primeira vez campeã do Brasil em 1990. 
     
    Durante os noventa, o timão conquistou o Brasileirão por mais duas vezes, mais uma Super Copa e uma Copa do Brasil, além de juntar mais três campeonatos paulistas à sua longa lista de vitórias.
     
    Campeão brasileiro em 1998 o Corinthians foi convidado pela FIFA para participar na 1ª edição do mundial de clubes que teve lugar no Brasil no ano 2000, ao lado de Real Madrid, Manchester United e  Vasco da Gama, entre outros. O timão chegou à final, onde venceria o Vasco após desempate por grandes penalidades, conquistando assim o título mundial.
     
    O fim das parcerias, o descalabro e o regresso
     
    Durante a Presidência de Alberto Dualib, o clube foi procurando as parcerias de grandes empresas, com vista a reforçar a sua capacidade negocial, para poder atrair mais e melhores jogadores. Primeiro numa parceria com a Hicks Muse, chegaram craques como Gamarra, Vampeta, Rincón, Dida; depois com a MSI,  viriam Roger, Mascherano, Carlitos Tévez, ou Nilmar. Com saída dos investidores, Dualib teve de abandonar o timão, e o clube entrou numa crise que acabou por conduzir à descida de divisão. 
     
    Com a descida, o clube encontrou a possibilidade de reformar a equipa, chamando para essa missão o treinador Mano Menezes. Numa época o clube conquistou a Série B e foi finalista da Copa. 
     
    A torcida do Corinthians, a mais fiel das torcidas...
    Com a súbida, a alegria da sua fiel torcida explodiu pelas ruas de São Paulo, mas a loucura chegaria pouco depois com a contratação de Ronaldo, que apesar dos quilos a mais, se tornou no ídolo da torcida. No ano seguinte, seria a vez de Roberto Carlos vestir a mítica camisola do timão.
     
    Mas o título só chegaria em 2011, já sem os dois, mas com Liedson, fundamental para a conquista do pentacampeonato no Brasileirão, precisamente no dia do falecimento de Sócrates.
     
    O topo do Mundo
     
    Mantendo a base da equipa campeã, o Corinthians lançou-se  no objetivo de conquistar a Taça Libertadores pela primeira vez. Após uma longa época, a coroa de glória chegou com uma vitória sobre o Boca Juniors na grande final, marcando o fim da maior lacuna do palmarés do timão: a conquista do título sul-americano.
     
    Com a equipa base que conquistara o título nacional e a Libertadores a manter-se, o «Timão» lançou-se ao objetivo de conquistar o Campeonato Mundial de Clubes da FIFA, feito que conseguiu após bater os ingleses do Chelsea na final, graças ao golo de Paolo Guerrero. 
     
    A conquista do Paulista e da Recopa Sul-Americana não esconderam o desalento pela época menos conseguida em 2013. Eliminado nos oitavos da Libertadores, nos quartos da Taça do Brasil e acabando num distante 10.º lugar no Brasileirão, acabaram com o estado de graça do clube. Tite abandonou o Corinthians e para o seu lugar chegaria Mano Menezes para reconstruir o plantel já um pouco envelhecido e cansado de sucessos.
     
    A 18 de maio de 2014 era inaugurada a Arena Corinthians a nova casa do Sport Clube Corinthians e o orgulho da sua enorme torcida que sonha que a Arena Corinthians seja o palco de inesquecíveis exitos futuros. 

    Comentários

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    motivo:
    CO
    Obrigado!!!
    2015-01-21 20h34m por corinthians
    Sim! Realmente é polêmico , principalmente para os rivais do SC Corinthians Paulista! Mas até hoje a, FIFA usa, a, estratégia de ter o atual campeão do pais sede no torneio , para atrair o púbico local . Como exemplo nos dois últimos realizados no marrocos , lá estavam Raja Casablanca (2013) , que inclusive foi finalista , e o Moghreb Tentouan em 2014.

    Muito obrigado pela atenção , e parabéns ao site zerozero. pt (Portugal ) Footballzz( mundo) OGOL (Brasil entre outros , o melhor site sobre o esporte no mundo .
    CO
    Errado!
    2015-01-15 04h31m por corinthians
    O corinthians não entrou como ""convidado"" no mundial de clubes de 2000 . E sim como Campeão do Pais Sede (Brasil ).

    Por favor corrijam isso!
    Agradecimento
    hm por zerozero.pt
    Muito obrigado pela sua observação. É um assunto polémico, mas atualizámos o texto.
    CO
    BI MUNDIAL FIFA!
    2015-01-15 04h23m por corinthians
    Vai corinthians !
    MI
    CRUZEIRO
    2014-06-12 20h13m por miguelmam
    É ele o melhor do Brasil!!!!!!!!!!!!

    CRUZ EIRO!!!!!!!!
    RE
    Grande Corinthians!
    2012-09-02 02h44m por RenanFrei
    Parabéns ao melhor clube do Brasil, aquele que tem a torcida mais apaixonada e que está entre as 10 mais numerosas do mundo, atual campeão nacional e da taça libertadores, parabéns ao TIMÃO!
    Estádio
    Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu)
    Lotação37000
    Medidas104x68
    Inauguração1940