Desde 1928 que Portugal não marcava presença nas Olímpiadas. Muitos anos passaram, muitas gerações falharam, mas o futebol português só voltou a pisar o «Olimpo» nos jogos de Atlanta. Em 1996, nos jogos disputados na cidade da Coca-cola, os jogadores portugueses ficaram à porta das medalhas, conquistando o quarto lugar, a melhor classificação de sempre num torneio olímpico de futebol.
Portugal já não marcava presença no palco olímpico desde os distantes anos vinte, e da meritória presença nos Jogos de Amesterdão em 1928. A qualificação para os Jogos de Atlanta criou algumas expectativas, mas a presença na fase final do Euro, pouco tempo antes, inviabilizou a chamada de jogadores de renome.
Entre os convocados encontravam-se alguns jogadores já com cartas dadas no futebol português, como os sportinguistas Dominguez, Afonso Martins e Beto, o portista Rui Jorge, o benfiquista Calado e o boavisteiro Nuno Gomes, mas as principais figuras jogavam fora do país: Dani no Ajax e Peixe no Sevilla. Nelo Vingada, o histórico adjunto de Queiroz, era o comandante das tropas, e Portugal partia para os jogos do centenário, disputados na cidade que viu nascer a Coca-cola, com a esperança de trazer uma medalha para casa...
A sorte colocou o selecionado luso no grupo A, ao lado dos anfitriões, da Argentina e da Tunísia, campeã africana de Sub-21. A estreia, no Robert F.Kennedy Memorial Stadium, na capital norte-americana, foi precisamente contra os magrebinos. Dois golos de Afonso Martins valeram uma vitória descontraída contra as «Águias de Cartago», pelo que começava bem a aventura.
Ao terceiro jogo em Washington DC, finalmente casa cheia, para ver os EUA. Contra Portugal, claro. Aos lusitanos o empate bastava para a qualificação, e foi precisamente esse o resultado conseguido, com um empate a uma bola, sendo o golo português obra de Paulo Alves.
O jogo foi muito disputado e começou bem para as cores nacionais, com um golo madrugador de Capucho aos sete minutos. Já no segundo tempo, os franceses empataram através de uma grande penalidade. Tudo teria que ser decidido no tempo suplementar, onde Calado apontou uma grande penalidade que valeu como golo de ouro e levou as cores nacionais para a discussão das medalhas nas meias-finais, num reencontro com a equipa das pampas.
Em Athens, Georgia, cidade famosa por ser o berço dos R.E.M., quase oitenta mil pessoas lotaram as bancadas, dividindo o seu apoio pelas duas seleções.
E não houve milagres... Portugal esteve sempre longe de discutir o resultado, que foi feito na segunda parte, com dois golos de Crespo no espaço de seis minutos.
Eliminados da luta pelo ouro e prata, restava ainda o bronze. Era preciso levantar a cabeça para defrontar o Brasil, ferido no orgulho por ver a sua equipa eliminada nas meias-finais pela Nigéria, após ter estado a vencer por 3x1...
Vingada lembrava que a Federação e o COP não apoiavam a equipa e que ninguém sequer visitara a delegação de futebol, que continuava isolada e longe dos palcos olímpicos. Para cúmulo, o selecionador assumia que a equipa técnica tinha visto o seu contrato terminar depois do jogo da meia-final, por não ter havido renovação.
Sem a sua situação resolvida, e já sem contrato, Vingada sentou-se no banco do Sanford Stadium, para comandar Portugal contra um Brasil que contava com Ronaldo, Rivaldo, Bebeto...
O «Fenómeno» marcou o primeiro golo logo aos quatro minutos e aos 10 Flávio Conceição fez o 2x0. Até ao intervalo, Portugal ainda aguentou o barco, mas sem provocar perigo ou ameaçar a baliza de Dida.
No segundo tempo, o descalabro... Bebeto tirou três golos da cartola, apontando um hattrick que lhe valeu o prémio de melhor marcador e que vergou Portugal a pior e mais humilhante derrota olímpica de sempre.
Para Portugal, a glória olímpica ficou reservada para Fernanda Ribeiro, que, nos 10 mil metros, fez história, fazendo ouvir a «portuguesa» no Estádio Olímpico para emoção de todos os portugueses.