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    Atlanta 96: a quase medalha lusitana

    Texto por João Pedro Silveira
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    Desde 1928 que Portugal não marcava presença nas Olímpiadas. Muitos anos passaram, muitas gerações falharam, mas o futebol português só voltou a pisar o «Olimpo» nos jogos de Atlanta. Em 1996, nos jogos disputados na cidade da Coca-cola, os jogadores portugueses ficaram à porta das medalhas, conquistando o quarto lugar, a melhor classificação de sempre num torneio olímpico de futebol.

    O regresso às olimpíadas

    Portugal já não marcava presença no palco olímpico desde os distantes anos vinte, e da meritória presença nos Jogos de Amesterdão em 1928. A qualificação para os Jogos de Atlanta criou algumas expectativas, mas a presença na fase final do Euro, pouco tempo antes, inviabilizou a chamada de jogadores de renome.

    Rui Bento, Capucho e Paulo Alves foram os jogadores com mais de 23 anos, que estiveram ausentes do Euro 96 e por isso foram chamados por Nelo Vingada. Porfírio foi o único presente em Inglaterra que também foi chamado para Atlanta.

    Entre os convocados encontravam-se alguns jogadores já com cartas dadas no futebol português, como os sportinguistas Dominguez, Afonso Martins e Beto, o portista Rui Jorge, o benfiquista Calado e o boavisteiro Nuno Gomes, mas as principais figuras jogavam fora do país: Dani no Ajax e Peixe no Sevilla. Nelo Vingada, o histórico adjunto de Queiroz, era o comandante das tropas, e Portugal partia para os jogos do centenário, disputados na cidade que viu nascer a Coca-cola, com a esperança de trazer uma medalha para casa...

    A sorte colocou o selecionado luso no grupo A, ao lado dos anfitriões, da Argentina e da Tunísia, campeã africana de Sub-21. A estreia, no Robert F.Kennedy Memorial Stadium, na capital norte-americana, foi precisamente contra os magrebinos. Dois golos de Afonso Martins valeram uma vitória descontraída contra as «Águias de Cartago», pelo que começava bem a aventura.

    Afonso Martins em ação @Getty / PASCAL GEORGE
    Seguiu-se um jogo complicado contra os argentinos, que apresentavam uma seleção onde se destacavam jogadores como Ayala, Javier Zanetti, Claudio Lopez, Diego Simeone, Ariel Ortega e Hernán Crespo. Os sul-americanos adiantaram-se com um golo de Ortega, quase a findar a primeira parte. Portugal acabaria por empatar já na segunda parte, a 20 minutos do fim, por intermédio de Nuno Gomes.

    Ao terceiro jogo em Washington DC, finalmente casa cheia, para ver os EUA. Contra Portugal, claro. Aos lusitanos o empate bastava para a qualificação, e foi precisamente esse o resultado conseguido, com um empate a uma bola, sendo o golo português obra de Paulo Alves.

    Golo dourado e derrota com argentinos

    Calado marcou um golo de ouro @Getty / ROBERTO SCHMIDT
    Nos quartos, na solarenga Miami, Portugal encontrou pela frente a França comandada por Raymond Domeneche e que contava com Robert Pirès, Sylvain Wiltord, Patrick Vieira e Claude Makelélé, entre outros nomes que ajudariam a França a conquistar o Mundial e o Europeu nos anos seguintes.

    O jogo foi muito disputado e começou bem para as cores nacionais, com um golo madrugador de Capucho aos sete minutos. Já no segundo tempo, os franceses empataram através de uma grande penalidade. Tudo teria que ser decidido no tempo suplementar, onde Calado apontou uma grande penalidade que valeu como golo de ouro e levou as cores nacionais para a discussão das medalhas nas meias-finais, num reencontro com a equipa das pampas.

    Em Athens, Georgia, cidade famosa por ser o berço dos R.E.M., quase oitenta mil pessoas lotaram as bancadas, dividindo o seu apoio pelas duas seleções. 

    Dominguez a remar contra a maré @Getty / David Cannon
    O treinador Nelo Vingada pedia esforço e dedicação aos jogadores (bastante desgastados por não ter havido muita rotação), ao mesmo tempo que alertava que a Federação não dava apoio ao extraordinário grupo de jovens que estava perto de conquistar uma medalha, e que não podiam pedir milagres...

    E não houve milagres... Portugal esteve sempre longe de discutir o resultado, que foi feito na segunda parte, com dois golos de Crespo no espaço de seis minutos.

    Eliminados da luta pelo ouro e prata, restava ainda o bronze. Era preciso levantar a cabeça para defrontar o Brasil, ferido no orgulho por ver a sua equipa eliminada nas meias-finais pela Nigéria, após ter estado a vencer por 3x1...

    Cinco tiros matam o sonho da medalha

    Vingada lembrava que a Federação e o COP não apoiavam a equipa e que ninguém sequer visitara a delegação de futebol, que continuava isolada e longe dos palcos olímpicos. Para cúmulo, o selecionador assumia que a equipa técnica tinha visto o seu contrato terminar depois do jogo da meia-final, por não ter havido renovação.

    Sem a sua situação resolvida, e já sem contrato, Vingada sentou-se no banco do Sanford Stadium, para comandar Portugal contra um Brasil que contava com Ronaldo, Rivaldo, Bebeto...

    O «Fenómeno» marcou o primeiro golo logo aos quatro minutos e aos 10 Flávio Conceição fez o 2x0. Até ao intervalo, Portugal ainda aguentou o barco, mas sem provocar perigo ou ameaçar a baliza de Dida.

    No segundo tempo, o descalabro... Bebeto tirou três golos da cartola, apontando um hattrick que lhe valeu o prémio de melhor marcador e que vergou Portugal a pior e mais humilhante derrota olímpica de sempre.

    Capucho contra Zé Elias @Getty / David Cannon
    A seleção nacional passou assim ao lado das medalhas, num torneio olímpico de futebol que também passou ao lado dos jogos. Nenhum jogo foi disputado em Atlanta, e houve inclusive uma cerimónia separada para a medalha de bronze. O soccer, como por aquelas bandas era e é conhecido, passou quase despercebido às olimpíadas do centenário, com jogos disputados, em alguns casos - como Portugal -, a quase 4000 quilómetros de Atlanta.

    Para Portugal, a glória olímpica ficou reservada para Fernanda Ribeiro, que, nos 10 mil metros, fez história, fazendo ouvir a «portuguesa» no Estádio Olímpico para emoção de todos os portugueses.

    Comentários

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    MI
    muito
    2012-07-25 13h48m por mirazinho
    boa sorte aos nossos atletas, que tragam o maximo numero de medalhas possivel e que acima de tudo honrem o nosso nome!
    MI
    reparem
    2012-07-25 13h47m por mirazinho
    no logotipo dos jogos olimpicos deste ano e digam-me o que vos parece, eu depois digo se acertaram xD
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