México 1986
Grandes jogos

Dinamarca x Uruguai: Dinamáquina deslumbra

Texto por João Pedro Silveira
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Celeste Olímpica vs Dinamáquina

8 de junho de 1986. No Estádio Universidade de Nezahualcóyotl (Neza 86), Dinamarca e Uruguai enfrentavam-se em jogo a contar para a segunda jornada do grupo E do Mundial do México. 

Os uruguaios chegavam à fase final com o título de campeões sul-americanos e, apesar das ausências nos mundiais de 1978 e 1982, apresentavam uma história de sucesso, participando pela oitava vez na prova, enquanto a Dinamarca era estreante e contava apenas com a presença nas meias-finais do Euro 84, dois anos antes em França, para apresentar como um registo digno de nota.

Grupo da morte

A Celeste Olímpica tinha tradição e jogadores reconhecidos na América Latina por defenderem as cores dos principais clubes uruguaios e argentinos. Enzo Francescoli, o príncipe do futebol do Rio da Prata, era a estrela maior da constelação uruguaia. 

Do outro lado, estava a Dinamarca, que pela fluidez do seu futebol de primeiro toque e capacidade ofensiva ganhara o epíteto de Dinamáquina. Laudrup, Larsen e companhia eram a personificação do fantástico dinamarquês. Tanto dinamarqueses como uruguaios tinham pela frente a dura concorrência da Escócia e da R.F.A, num grupo que a imprensa apelidou da morte.

Na primeira jornada, a Celeste Olímpica tinha empatado com a toda poderosa Alemanha Ocidental, ao passo que a Dinamarca deixara belas impressões, mas só batera a Escócia por 1x0. O empate serviria as duas equipas, dada a possibilidade de passarem os três primeiros do grupo, mas nessa tarde o que se presenciou foi um festival de ataque como já não havia memória num palco de um Mundial.

«Dinamáquina» entra em ação

A primeira parte começou com a Dinamarca ao ataque perante um Uruguai surpreendido com a capacidade ofensiva do adversário. Logo aos 11 minutos, Michael Laudrup avançou pelo meio e na cabeça da área abriu para esquerda para o remate certeiro de Elkjær Larsen. Oito minutos depois, Miguel Bossio era expulso, complicando e de que maneira a situação dos sul-americanos que pioraria consideravelmente aos 41 minutos após uma cavalgada de Larsen pela esquerda que culminou com um centro perfeito para um isolado Søren Lerby só ter que empurrar para a baliza de Alvez. Ainda no primeiro tempo, aos 45 minutos, Francescoli cavou uma grande penalidade que o próprio converteu, relançando a discussão do resultado. 

Mas o segundo tempo não mudou o rumo da partida e, aos 52 minutos, após uma jogada de entendimento com Lerby, Michael Laudrup entrou na área, fintou tudo o que lhe apareceu pela frente e quase entrou com bola pela baliza a dentro: Dinamarca 3, Uruguai 1!

Laudrup e Larsen massacram os uruguaios

A envolvência do futebol de Laudrup ia desequilibrando a defesa uruguaia e foi após uma jogada individual sua que Larsen aproveitou um ressalto para fazer o quarto. A demolição do Uruguai às mãos da Dinamáquina prosseguiu aos 80 minutos, mais uma vez com o génio de Laudrup a permitir uma cavalgada isolada de Larsen para o hat-trick. 

Sem respeito pelo passado uruguaio, a Dinamarca continuou a massacrar e, a dois minutos do fim, a «Locomotiva Humana» Larsen avançou pela direita para deixar a bola na entrada da área, sítio de onde o remate certeiro de Jesper Olsen selou o 6x1 final.

Os uruguaios olhavam o céu, outros escondiam o rosto olhando fixamente o chão, enquanto os dinamarqueses estavam eufóricos. A Dinamarca estava apurada, o Uruguai ainda tinha um jogo para tentar a qualificação. 

E no fim ficaram os dois pelos oitavos...

Apesar de uma expulsão nos momentos iniciais, o Uruguai empatou a zero com a Escócia e conseguiu garantir uma vaga nos oitavos como um dos melhores terceiros classificados. A carreira uruguaia chegaria ao fim na ronda seguinte, numa derrota por 1x0 com a Argentina que viria a conquistar o título. Anos mais tarde, Diego Armando Maradona não teve dúvidas em afirmar que a vitória sobre o Uruguai fora a mais difícil de todo o torneio...

Por outro lado, a Dinamáquina seguiu encantando o mundo com nova vitória por 2x0 sobre os alemães. O sonho terminaria abruptamente às mãos dos quatro golos de Butragueño na vitória espanhola por 5x1. 

Uruguaios e dinamarqueses saiam da prova na mesma fase, deixando para a memória o inesquecível confronto naquela tarde tórrida de calor no Neza 86.

 
Elkjær Larsen

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jogos históricos
U Domingo, 08 Junho 1986 - 15:00
Estadio Universidad Tecnológica (Neza 86)
Antonio Márquez Ramírez
6-1
Preben Elkjær Larsen 11' 67' 80'
Søren Lerby 41'
Michael Laudrup 52'
Jesper Olsen 88'
Enzo Francescoli 45' (g.p.)
Estádio
Estadio Universidad Tecnológica (Neza 86)
Lotação28000
Medidas105 x 68 metros
Inauguração1981