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Em 1985, o Real Madrid já tinha vencido seis Taças dos Campeões, mas não vencia nenhum outro troféu desde 1966. Os merengues haviam perdido a final da Taça dos Campeões, em 1981, e a da Taça das Taças, em 1983, e, dois anos, depois voltaram aos grandes palcos para disputar a sua primeira final da Taça UEFA defrontando os húngaros do Videoton.
Pelo caminho tinham deixado Admira Wacker, Rijeka, Anderlecht, Tottenham e Inter, perdendo todos os jogos fora à exceção a vitória conseguida em Londres, que compensou o facto de o Tottenham ser a única equipa que conseguiu sair de Madrid sem o amargo sabor da derrota...
Indubitavelmente, o Real Madrid apresentava-se como favorito e mais que favorito! O Videoton nunca havia chegado a uma final europeia, nunca tinha ganho um campeonato magiar ou uma Taça da Hungria... A história jogava claramente a favor dos madridistas.
Juanito, Chendo, Uli Stielike, José Antonio Camacho, Míchel, Santillana, Jorge Valdano, e, claro, Emilio Butragueño, formavam uma grande equipa que ficaria conhecida como La quinta del Buitre e pela frente encontravam uma equipa semi-amadora proveniente de um país que se encontrava para lá da "cortina de ferro"
Em meados dos anos 80, no tempo da Guerra Fria, o conhecimento que as equipas da Europa Ocidental tinham sobre os adversários do bloco de Leste era pouco mais que nulo. E para piorar as coisas, o Videoton não era sequer uma presença habitual nas competições europeias e não dispunha de muitos internacionais magiares.
Muito à custa desse anonimato, os húngaros tinham causado impacto ao deixarem pelo caminho equipas com outros pergaminhos como o Dukla de Praga, Paris SG, Partizan de Belgrado, Manchester United e os jugoslavos do Željezničar.
Ao vencer todos os jogos em casa no Stadion Sóstói em Székesfehérvár, uma pequena cidade que dista 57 Km da capital Budapeste, o Videoton criou uma pequena lenda à volta da sua invencibilidade caseira.
Mas, em 8 de maio de 1985, os espanhóis não respeitaram a lei caseira dos húngaros e, primeiro Michel, depois Santillana e, por fim Valdano, fizeram os três golos com que o Real Madrid venceu o Videoton.
Quinze dias depois, no Santiago Bernabéu, 98 mil espectadores encheram as bancadas para consagrar o Real Madrid com o seu sétimo troféu europeu.
Mas para a história ficou a grande exibição do guarda-redes Péter Disztl que, com brilhantes defesas, foi adiando o que se pensava inevitável. Madrid ficou espantada...
O Real bem tentou, mas as redes de Disztl permaneceram invioláveis. Aos 86 minutos surgiu o golpe de teatro, quando Lajos Májer escreveu a página mais bonita da sua carreira e também do Videoton, marcando o golo que deu a vitória à sua equipa.
De nada valeu esta vitória, é verdade, mas quem assistiu aos festejos dos húngaros no relvado não pôde deixar de pensar que o Videoton tinha conseguido a maior vitória do seu historial perante 98 000 espectadores e em casa do todo poderoso Real Madrid.
Nunca, como nessa final, duas equipas festejaram juntas no relvado. Os madridistas porque voltavam a erguer um troféu europeu e os húngaros porque sabiam que, por mais cem vezes que jogassem naquele estádio, muito provavelmente nunca mais voltariam a vencer.