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    Socialismo e futebol

    Texto por João Pedro Silveira
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    «I believe Socialism is the grandest theory ever presented, and I am sure it will someday rule the world» (1)
    – Andrew Carnegie, famoso empresário e filantropo escocês que fez fortuna nos Estados Unidos. 

    «Os amanhãs que cantam»
     
    Ao contrário do que Carnegie preconizava parece seguro dizer que o Socialismo acabou por não dominar o Mundo, mas houve um tempo em que tal desiderato parecia bem possível.
     
    Com o sucesso da Revolução de Outubro em 1917, com implementação da União Soviética, a primeira sociedade socialista do Mundo, o sonho de um mundo socialista passou de uma utopia distante a uma realidade que muitos sonhavam espalhar pelo Mundo.
     
    Falhadas as revoluções na Alemanha ou Hungria, o socialismo soviético abdicou dos seus sonhos internacionalistas e virou-se para dentro, adotando novas táticas, tentando seduzir o mundo com o progresso da primeira sociedade sem classes da história, com a promessa de um futuro radiante para um homem novo. 
     
    Talvez hoje pareça estranho, mas nos anos 30 Josef Stalin era admirado entre as elites intelectuais do Ocidente. Seria só depois da sua morte (2) que a maré começou a mudar, após a revelação das purgas do estalinismo, dos terríveis anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, ou do papel dos comunistas na Guerra Civil Espanhola.
     
    A partir dessa data começou a questionar-se esse "farol da humanidade" e o papel de "pai dos povos" que a propaganda soviética vendera e que os intelectuais do mundo ocidental tinham recebido de braços bem abertos.

    Nomes como George Bernard Shaw, H.G. Wells, Luis Buñuel, André Gide, Doris Lessing, Pablo Picasso, Bertold Bercht, Charles Chaplin, Maxim Gorky, Graham Greene, W.H. Auden, Jean-Luc Godard, Pablo Neruda, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir ou Albert Camus, apoiaram Stalin, a União Soviética ou em certa altura da sua vida pública foram destacados comunistas.
     
    Contudo convém ressalvar que o extremar de posições políticas nos anos 30 era comum entre as elites, havendo uma lista de apoiantes do fascismo e do nazismo repleta de nomes igualmente sonantes. Num mundo em dificuldades, o fascismo e o comunismo, ideologias novas, tinham um poder de sedução que as tradicionais ideologias vigentes nas democracias ocidentais tinham dificuldade em combater.
     
    Esta atração pelo socialismo foi muito além da política e das artes, chegou ao desporto e mais concretamente ao futebol...
     
    Gusztáv Sebes: o mentor
     
    Poucos terão ideia da importância do socialismo no desenvolvimento do futebol. O «futebol socialista» foi uma criação do húngaro Gusztáv Sebes que depois ter jogado em diversos clubes de renome na Hungria como Vasas e o MTK, enveredou pela carreira de treinador.
     
    Gusztáv Sebes, o mentor do futebol socialista. @Domínio Público
    Já antes da Segunda Guerra Mundial e da Hungria passar a fazer parte do chamado bloco de leste, Sebes era já um homem com pontos de vista políticos assumidamente de esquerda, tendo feito parte de sindicatos tanto na Hungria, como na França.
     
    Politicamente instruído, socialista de velha guarda e devoto apaixonado pelo jogo, Sebes era o homem certo para introduzir os ideais políticos do novo regime comunista no mundo do futebol.
     
    Sebes juntou-se a Bala Mandik e Gabor Kompoti-Kleber para formar um triunvirato que liderou a seleção magiar de futebol, antes de ser nomeado Ministro do Desporto e supremo responsável pelo futebol húngaro.
     
    Sebes era um estudioso do desporto, inspirado por Hugo Meisl e a sua maravilhosa Wunderteam e pela Itália bicampeã mundial de Vittorio Pozzo, mas também por Jimmy Hogan e pelo seu compatriota Marton Bukovi, que tinham adaptado as táticas inglesas muito em voga às idiossincrasias do futebol continental, como o WM que Herbert Chapman imortalizara no Arsenal e que Bukovi adaptou, numa nova abordagem que estaria na génese do 4-2-4 com que o Brasil se sagraria pela primeira vez campeão mundial, em 1958, na Suécia.
     
    Revolução magiar
     
    O governo de Budapeste tinha "nacionalizado" o futebol nacional, mexendo na estrutura dos clubes que passaram a ser geridos por administradores nomeados pelo governo.
     
    Diversos setores do estado, de sindicatos ou associações de trabalhadores, assim como as forças armadas tomaram conta de diversos clubes, como o MTK que passou a ser controlado pela Államvédelmi Hatóság ou ÁVH (Autoridade de Proteção do Estado), enquanto por exemplto o Kispest AC (Honved) ficou debaixo da autoridade do Ministério da Defesa. 
     
    O decretar do serviço militar obrigatório permitiu ao Kispest ter o mais alargado campo de recrutamento do país. Sebes ficou atento desde a primeira hora a estes dois clubes, que se tornaram na base da sua seleção. 
     
    Um dos pilares do sistema de Sebes era chamar o maior número possível de jogadores do mesmo clube, para facilitar o entendimento e a química entre eles.
     
    Jimmy Hogan orienta um treino. @Getty / A. Hudson
    Mas mais que a organização do futebol no país, a visão socialista de Sebes mudou a própria abordagem tática do futebol húngaro. Nasceu então o "Futebol Socialista", baseado no princípio da igualdade entre todos os jogadores da equipa, com cada um deles a ter iguais responsabilidades defensivas como ofensivas, com todos os jogadores a poderem jogar em todas as posições do campo, antecipando em 20 anos o "Futebol Total" de Rinus Michels. 
     
    Estas alterações acabaram com a rigidez da formação das equipas, a partir da revolução de Sebes, um jogador deixava de estar preso a uma posição, acabando a limitação de avançar ou recuar para uma área que não era sua.
     
    Esta alteração permitiu que alas trocassem de posição com interiores, que avançados e médios, e médios e defesas trocassem de papéis sempre que necessário.
     
    Nos Jogos Olímpicos de 1952, a equipa húngara surgiu em toda a sua força, vencendo a medalha de ouro e batendo toda a concorrência. O resto do Mundo conhecia a nova potência do futebol mundial, nascia o mito dos magos magiares.
     
    O Mundo nunca vira nada igual, aquele 4-2-4, que evoluíra do MM de Bukovi apanhou toda a oposição desprevenida, com jogadores perdidos no campo sem saber a quem marcar.
     
    Uma revolução em ##Londres
     
    Um ano mais tarde, a magia húngara chegou a Wembley, num célebre encontro entre a Inglaterra e a Hungria, que está para o futebol, como a publicação da «Origem das Espécies» por Charles Darwin está para a biologia. 
     
    Ao contrário do MM preconizado por Bukovi que por ser tão ofensiva expunha a defesa ao ataque adversário, a tática desenhada por Sebes encontrou o equilíbrio perfeito nessa tarde em Londres
     
    Márton Bukovi que revolucionou o futebol húngaro com a sua versão do 4-2-4. @Domínio Público
    Mihaly Lantos, Gyula Lorant e Buzanszky eram os três esteios da defesa húngara. Sebes insistia que Lantos e Buzansky deviam subir pelas alas, num movimento muito parecido ao que os defesas laterais efectuam nos nossos dias. Por sua vez Lorant era âncora que equilibrava a equipa. Um sweeper, como os ingleses lhe chamam, Lorant comandava o jogo defensivo da Hungria e era a pedra basilar de uma equipa que defendia com onze peças, mas o segredo estava no posicionamento de Zakarias, que recuava para fazer dupla com Lorant enquanto os outros dois subiam. 
     
    Na frente, Sebes dera liberdade a Nandor Hidegkuti, este jogava como um falso nove, Harry Johnston simplesmente não sabia o que fazer com o seu adversário, perdido em hesitações, incapaz de acompanha-lo, ficava na sua área de ação e deixava o número nove húngaro jogar. Winterbottom não sabia como travar esta movimentação e Hidegkuti estava livre para servir os quatro companheiros da frente: Puskas, Kocsis, Budai e Czibor.

    Hidegkuti era a chave das avalanches ofensivas da Hungria, tal como era a peça fulcral do MTK de Bukovi. Mas no clube sempre jogara como ala, até que num Suíça x Hungria, que os helvéticos venciam por 2x0, Sebes mudou a sua posição, colocando-o no centro, atrás da linha avançada, tirando da equipa Palotas.
     
    Em 45 minutos Hidegkuti revolucionou o futebol da equipa e a Aranycsapat (3) virou o resultado, vencendo por 2x4. 
     
    As equipas de Inglaterra e Hungria entram em campo, momentos antes do histórico encontro. @Getty / William Vanderson
    Quando a Hungria visitou Wembley, Hidegkuti já era dono e senhor do lugar. A transformação do futebol desenhada por Sebes estava afinada, nas bancadas, milhares de ingleses presenciavam boquiabertos esta revolução. Certamente que muitos não perceberam o verdadeiro alcance da revolução iniciada por Sebes, mas para memória futura ficava o fim da invencibilidade inglesa nos jogos em casa.
     
    Pela primeira vez os ingleses percebiam o quanto o futebol evoluíra fora das Ilhas Britânicas, eles já não eram os mestres do jogo...
     
    O embate ideológico
     
    Em Inglaterra descobriu-se o papel que Jimmy Hogan tivera na evolução do jogo húngaro. Gusztáv Sebes, afirmou "Jogamos como Jimmy Hogan nos ensinou. Quando a nossa história futebolística for escrita, o seu nome deve vir em letras douradas." Já o presidente da federação magiar, Sándor Barcs, não tinha dúvidas, "Hogan ensinou-nos tudo o que sabemos sobre o jogo". O inglês que poucos conheciam em Inglaterra fora influente numa nova abordagem com que o futebol continental encarara o jogo.

    Nandor Hidegkuti, a «chave» do sistema de Sebes. @Domínio Público
    Não haveria aquela Hungria sem Hogan, nunca haveria aquela derrota se ele não tivesse ensinado os húngaros a jogar, escrevia-se na imprensa londrina. O peso do 3x6 levou a que muitos o considerassem um traidor. A tal chegara o peso da humilhação...
     
    Do outro lado, Sebes regressava a Budapeste como um herói. Liderara uma equipa, um onze que era uma máquina, onde todos eram iguais, levando a força do socialismo para o campo de futebol. De um lado não havia estrelas, todos remavam para o bem comum, do outro, uma equipa de estrelas bem pagas, em que cada um tentava resolver os problemas à sua maneira, que bela metáfora para ilustrar a superioridade do comunismo sobre a monarquia constitucional inglesa...
     
    Durante quatro anos a Hungria não conheceu o sabor da derrota, ao todo foram 32 jogos, que culminaram com a derrota no pior dos jogos, a final do Campeonato do Mundo de 1954. Ao falharem a vitória no jogo decisivo, onde estiveram a vencer por 2x0, os húngaros falharam o seu encontro com a história, não cumprindo o destino que tantos lhe adivinhavam. 
     
    Nos dezanove jogos que se seguiram à final, a Hungria venceu dezasseis e empatou três, mantendo-se no topo do futebol mundial. Em junho de 1956 Sebes seria demitido, substítuido por Bukovi. Pouco mais de dois anos depois da final de Berna, deflagrou a revolução húngara, que pôs fim à «Equipa d'Ouro». A maioria dos jogadores encontrava-se no estrangeiro ao serviço do Honved em regresso do jogo contra o Athletic Bilbau da Taça dos Campeões Europeus.
     
    O legado de Sebes seria duradouro e podia ser encontrado no Brasil de 1958 a 1970, na Laranja Mecânica de Cruijff e Michels, ou até no Barcelona e no Bayern de Pep Guardiola. Com Sebes nascia o futebol moderno.
     
    Sobre o lugar da ideologia no pensamento do treinador húngaro, Gyula Grosics, guarda-redes que jogou nas equipas de Sebes, referiu um dia mais tarde:
     
    «Sebes estava absolutamente comprometido com o socialismo, e isso era percetível em tudo o que dizia. Em cada jogo ou competição que a Hungria disputava, ele recorria sempre a argumentos políticos, referindo-se à luta entre o capitalismo e o socialismo que tinha lugar em todo lado, inclusive nos campos de futebol.»
     
    A escola de Viena
     
    Ao contrário de Sebes, um proletário na essência e na forma, Bela Guttman era um burguês, um dos últimos treinadores-de-café da escola vienense. Ao contrário da conotação depreciativa dos treinadores de café dos nossos dias, no começo do século XX, em Viena, capital do Império Austro-Húngaro, os apaixonados do futebol reuniam-se nas kaffeehaus vienenses, onde entre muito fumo, discutiam encaloradamente o desporto e as táticas que mais apreciavam.

    O treinador-de-café era um estudioso, um homem que debatia com as principais referências do seu tempo, o melhor caminho para o jogo. Talvez nunca numa época do jogo, tantos técnicos de referência tenham encarado a tática de forma tão analítica, e numa perspetiva tão intelectual como os treinadores vienenses do primeiro quartel do século passado. 
     
    Hugo Meisl, a referência austríaca. @Getty /
    Entre salsichas, cervejas, cafés e chás, uma linzer torte ou um apfelstrudel, discutia-se futebol até altas horas, talvez na companhia de outros habituais clientes desses cafés, como Alfred Adler, Sigmund Freud, Gustav Klimt, Stefan Zwig ou Leon Trotsky. 
     
    Guttmann cresceu, futebolisticamente falando, nesse ambiente. Percorrendo as diversas Kaffeehaus em volta do Ring vienense, debatendo acaloradamente com Hugo Meisl e outros apaixonados do jogo, mas também debatendo política, arte, ou temas mais corriqueiros...
     
    Amigo de Pozzo, Chapman e Hogan, Hugo Meisl era o pai da "escola vienense de futebol" que marcou uma era no jogo, e que estabeleceu o WM como a norma tática do futebol na Grã-Bretanha e na Europa continental, acabando por servir de referência a variantes, como o famoso "Ferrolho Suíço" de Karl Rappan, outro austríaco, que criou um sistema tático que acabaria por evoluir para o catenaccio italiano, magistralmente utilizado pelo mestre Helenio Herrera. 
     
    Não deixa de ser curioso, que o mesmo sistema tático esteja na génese de dois modelos tão antagónicos, como o catenaccio italiano ou o futebol total de Rinus Michels.
     
    A variante de ##Guttmann
     
    Guttmann era um rebelde, bon vivant, passou a carreira de jogador entre a Áustria e os Estados Unidos, para onde emigrou e se tornou uma estrela. O Crash da Bolsa de Nova Iorque em 1929, levou-lhe todas as poupanças e voltou para a Europa.
     
    Treinou na Áustria e na Holanda, mas sentindo os ventos da história, fugiu da Áustria e das garras de Hitler, mudando-se para a sua Budapeste natal, onde orientou o Újpest antes da Segunda Guerra Mundial.
     
    Continuou na Hungria - com breve passagem pela Roménia - até se mudar para Itália, deixando para trás a sua Hungria natal, agora comunista.
     
    Não sendo comunista, Guttmann levou na mala os ensinamentos que aprendera enquanto estivera na Hungria, trabalhando com ##Ferenc ##Puskas Sr., pai do goleador e estando atento, ao trabalho de Sebes e Bukovi.
     
    Adaptou então o seu estilo de jogo ao 4-2-4 que levaria para o Brasil e Argentina, e mais tarde Portugal, onde o seu Benfica era exímio nesse estilo de jogo, com um quarteto avançado que fez furor e lhe valeu a conquista de duas Taças dos Campeões Europeus.
     
    Béla Guttmann, enquanto treinador encarnado, conversando com os jornalistas. @Getty / Keystone
    Mário Coluna seria o seu Hidegkuti e Eusébio, era obviamente o novo Puskas. Em São Paulo, clube que treinou, o 4-2-4 fez escola e Vicente Feola adotou a tática ao «escrete», que pouco depois seria campeão do Mundo na Suécia, nessa equipa de sonho onde brilhavam Didi, Vavá, Nilton Santos, Garrincha, Zagallo e o miúdo de 17 anos, de seu nome Édson Arantes do Nascimento, mais conhecido por Pelé. 
     
    Entre Benfica, Milan, São Paulo, FC Porto ou Peñarol, Guttmann deixou a sua marca e a sua adaptação do 4-2-4 que revolucionou o jogo, e a entreajuda entre as diversas posições do campo, a capacidade de inverter as posições foram a marca de um estilo de jogo que perdurou e chegou aos nossos dias.
     
    Quando se olha para os processos defensivos das equipas de Mourinho, onde ninguém é mais que ninguém, ou para o bloco homogéneo que são as equipas de Pep Guardiola, não podemos deixar de perceber que o futebol socialista fez escola e vive ainda entre nós.
     
    Talvez não seja à toa que Harold Wilson, o primeiro-ministro trabalhista, tenha brincado com a ideia de que só durante a vigência do governo trabalhista é que Inglaterra se conseguiu sagrar campeã do Mundo.
     
    Não deixa de ser curioso lembrar que em 1966, aquando da conquista do Mundial, a Inglaterra chegara ao topo de um caminho que começara com a derrota de 1953. Durante longos 13 anos, os ingleses tinham caído em desgraça e reconhecido que já não eram os donos do jogo.
     
    No seu mundial foram humildes, o oposto das super estrelas que tinham sido antes e que voltaram a ser no futuro. Humildes e trabalhadores, os rapazes de Alf Ramsey, conquistaram a Taça Jules Rimet.
     
    Ao contrário de outros treinadores britânicos como Brian Clough ou Bob Paisley, Ramsey não era socialista, mas soubera beber na fonte os ensinamentos de Sebes, e pela sua mão, pelos golos de Geoff Hurst, pelas defesas de Gordon Banks, pelo génio de Bobby Charlton e pela liderança de Bobby More, a Inglaterra voltou a ser a dona do jogo que inventara. 
     

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    (1) «Acredito que o Socialismo é a maior teoria alguma vez apresentada, e estou certo que um dia governará o mundo».
    (2) 5 de Março de 1953.
    (3) A Equipa d'Ouro.
    This is a tribute to a quartet of forgotten revolutionaries.It might be hard to comprehend, but modern football is based on a (much debated) political ideology. Here is how a man with a socialistic view changed the game forever. 
    The evolution of football (and its tactics), from being a chaotic mob game to an organized form of art, can be segmented into various stages. While Jimmy Hogan laid down the blue prints of ‘Total Football’ and professionalized the game, Marton Bukovi took the first step to move away from the rigidity of Herbert Chapman’s WM formation, Gustav Sebes infused ‘socialism’ into football while Bela Guttmann preached it across Europe and South America.
    After discussing about Jimmy Hogan and Marton Bukovi in the previous part of this series, we now turn our attention towards the legendary duo of Gustav Sebes and Bela Guttmann.
     
    “I believe Socialism is the grandest theory ever presented, and I am sure it will someday rule the world.” – Andrew Carnegie, the famous Scottish-American businessman and philanthropist, wrote this in A Millionaire Socialist (New York Times).
    Sebes
     
    While it didn’t exactly rule the world, but Socialism has certainly left its imprints in football. In fact, when we look back at the evolution of football to its modern form, we find that modern football has its roots run deep in the political ideology of Socialism and Gustav Sebes was the man primarily behind this.
    Sebes was a man from a modest background. He started his youth career with Muszaki Dolgozok before moving to Vasas SC. Sebes would go on to play for various Hungarian clubs – most notably for MTK Hungaria. He was someone who held strong political views and even worked as a trade union organizer in Hungary and France.
    After the World War II, political situation in Hungary changed drastically. Hungary was occupied by Soviet troops after the fall of Nazi Germany. Soon the Communist party came into power and established an autocratic government in 1948. Football, like any social entity, wasn’t immune to these changes. The Communist party wanted to communicate its political ideology through the game and they found Gustav Sebes, someone with firm socialistic views, as the perfect man to bring about these changes.
    Initially, a three-man committee of Sebes, Bala Mandik and Gabor Kompoti-Kleber took charge of the Hungarian national team. Later Sebes was appointed as the Deputy Minister of Sports and became the man in charge of Hungarian football. The Communist government was willing to invest in the game and they wanted Sebes to lead the reforms within the sports.
    Gustav Sebes was greatly inspired by the legendary Austrian Wunderteam (under Hugo Meisl) and Vittorio Pozzo’s Italy (which won back-to-back World Cups in 1934 and 1938). He noted that the one thing common between these two successful teams was the fact that the national team players for both these nations came from one or two clubs. Sebes wanted to implement that system in Hungary as well.
    The Communist government nationalized the football clubs. The sports clubs were placed under government administrations and were associated with various institutions of the state. The ‘secret police’ took charge of the biggest Hungarian club at that time, MTK Hungaria, while Kispest AC came under the Hungarian ministry of defense. The need of compulsory military service enabled Kispest to sign a lot of the notable Hungarian footballers into team. Gustav Sebes made MTK Hungaria and Kispest the two clubs which would form the base for his national team. He believed this would improve his team chemistry as the national team players would mostly play for the same clubs. Hungarian football slowly recovered (after the World War II) under the new government and the leadership of Gustav Sebes.
    Gustav Sebes’ political ideology not only affected the administration of football in the country, but it also bore upon his footballing tactics with the national team. He was a tactician who believed in ‘Socialist football’ – where every player has equal responsibilities both in attack and defence and everyone can play in any position across the field. That essentially took out any form of rigidity in a formation. It enhanced the movements of the midfielders and attackers as they interchanged their roles on the pitch.
    The world stood up and took note of the development Hungarian national team has gone through under Sebes during the 1952 Olympics. The Mighty Magyars swept aside every opponent on their way to the gold medal. It was an emphatic performance. The football that Hungary displayed was unlike anything the world has experienced before.
    The 4-2-4 formation, which was developed from Bukovi’s MM formation, came under the spotlight. The revolutionary tactics came into its prominence during a sunny afternoon at Wembley. While the MM formation developed by Bukovi was extremely fluid, it was defensively vulnerable. Sebes provided the finishing touch to this tactical revolution in ‘the’ match against England in 1953.
    Mihaly Lantos, Gyula Lorant and Buzanszky were the three full-backs in the starting eleven. Sebes urged Lantos and Buzanszky to support the attack down the wings (similar to the role of modern-day full-backs), while Lorant remained deep almost as a sweeper. Bozsik, the right half-back, was asked to bomb forward in support of the withdrawn forward Hidegkuti, while Zakanas, the left half-back, dropped deep to provide defensive cover. So Lantos, Zakanas, Lorant and Buzanszky formed a back four – the first in footballing history. Lantos and Buzanszky were perhaps the first attacking full-backs in the game, while Lorant was perhaps the first to play in the role of a sweeper. That match against England is a significant check point in the tactical evolution of the game.
     
    The match itself was a historical milestone. Hungary ran rings around a hapless England side and won 6-3. England were knocked off their imaginary perch and false sense of superiority. This was the first time they realized how much the game has evolved in the rest of Europe. They realized how foresightful Jimmy Hogan was; although their bruised ego forced them to label him as a traitor, deep down they knew that they were no longer master of the game they fathered. Since Gustav Sebes infused Socialism into their style of football, metaphorically this victory also signalled how socialism, as an ideology, won over monarchy.
    Although that incredible Hungarian side had many legendary players, the name that perhaps stood out was that of Hidegkuti and Gustav Sebes had a massive influence in his career. Hidegkuti mostly played as a winger in MTK under Bukovi while Palotas played as a withdrawn striker. However, during a friendly match against Switzerland, which Hungary were losing 2-0, Gustav Sebes replaced Palotas with Hidegkuti in the second half. It was the first time Hidegkuti played in that role, but he excelled in it. He made a massive difference since coming on and Hungary ended up winning that match 4-2. After that Hidegkuti played in that role for the rest of his career.
    Hungary under Sebes dominated the international stage like no other team has done before or even till date. The Magyars went on a 36 game unbeaten run (in 4 years). But sadly it failed to fulfil its destiny. They failed to lift the world cup in 1954, despite dominating the tournament and even taking a two goal lead against West Germany in the final. ‘The miracle of Bern’ is perhaps the most dramatic World Cup final; ever.
    Despite that loss, Gustav Sebes and his team left behind a legacy, which perhaps, still remains unscathed. Sebes’ revolutionary tactics has formed the base of modern football. So every time you are awed by Barcelona’s tiki-taka football, remember that Sebes’ Socialistic ideology is the essence behind it.
    Gyula Grosics, Hungary’s goalkeeper under Sebes, said:
    “Sebes was very committed to socialist ideology, and you could sense that in everything he said. He made a political issue of every important match or competition, and he often talked about how the struggle between capitalism and socialism takes place on the football field just as it does anywhere else.”
    Football has always been more than just a game.
    Bela Guttmann – The Preacher
    “What is beyond dispute is that he (Bela Guttmann) the final flowering of the great era of central European football; he was the last of the coffee-house coaches, perhaps even the last defender of football’s innocence” – Jonathan Wilson wrote this about Bela Guttmann in his book Inverting The Pyramid.
     
     
     
    The English word which could describe Bela Guttmann is – rebel. We live in an age where the likes of Brian Clough (during his managerial days), Jose Mourinho and Zdenek Zeman hog the headlines more than some of the footballers do. Whether you hate them or love them, you surely can’t ignore them. But still, any of the above mentioned names can’t come close to replicating Bela Guttmann’s legacy.
    Bela Guttmann’s footballing career, as a player and a manager, was nothing short of a soap opera. He started his youth career at Torekves before moving on to Hakoah Wien. Guttmann eventually went to America and played for several clubs of American soccer league. His international career with Hungary ended shortly after he hung dead rats on the doors of the national team’s officials in protest of the inadequate preparation of the team before the 1924 Olympics.
    He started his managerial career with Hakoah Wien in 1933. It was the first of his 25 stints with 20 different clubs in his career. He managed clubs like AC Milan, Benfica and Porto but perhaps his biggest contribution to the game came in Brazil; even bigger than winning two back-to-back European championships with Benfica.
    During his first stint in South America, Guttmann took charge of Sao Paolo in 1957. Guttmann preached the 4-2-4 formation in Brazil and soon Brazilian national team coach Vicente Feola adapted his tactics. Brazil won the 1958 world cup (using the 4-2-4 formation) as Marton Bukovi and Gustav Sebes’ teaching made its way across the Atlantic.
    But Guttmann was more than just a preacher of Sebes’ tactics. His flamboyant personality also reflected upon his teams. The Benfica team that he coached from 1959, was one of the best club teams back in those days and the Hungarian is largely credited for mentoring legendary Eusebio.
    Guttmann believed in the ‘three years rule’. He never managed a club more than three years, he termed the third year as ‘fatal’. Controversy and Bela Guttmann went hand in hand. In fact this article is too small a place to narrate the long list of his polemic incidents. His second stint at Benfica didn’t have a happy ending (in fact very few of his stints at any club had a happy ending!). He left the club after a dispute with the Benfica board over a pay rise; which according to him he deserved after bring two European championships to the club. Before leaving the club Guttmann said this, now famous, lines –
    “Not in a hundred years from now will Benfica ever win a European Cup”
    Benfica reached the European Cup final five times after that incident, but failed every time. It is rumoured that Eusebio even prayed to Guttmann’s grave to lift the curse before the final in 1990.
    Jonathan Wilson summed up Guttmann’s contribution perfectly. He wrote –
    “In truth, football has never been quite the same. Guttmann, more than anybody since Chapman, had defined the cult of the manager; the man who would take his mantle was Helenio Herrera, whose conception of the game could hardly have been more different. Out went all romantic notions of scoring one more than the opposition, and in came cynicism and Catenaccio and the theory of conceding one fewer”
    The quartet of Jimmy Hogan, Marton Bukovi, Gustav Sebes and Bela Guttmann has contributed to the tactical evolution of the sports like none other. Over the past seasons, there has been a gradual rise in the number of goals scored. Teams are becoming more adventurous as everyone wants to play possession based football. Perhaps the notion of “scoring one more than the opposition” is returning once again. Perhaps the free spirit of this game, which Hogan dreamt of, is making a comeback and we hope that the age of “coffee-house” coaches’ returns with it.
    This is a tribute to a quartet of forgotten revolutionaries.

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