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    Estádio Nacional: o Jamor

    Texto por João Pedro Silveira
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    O Estádio de Honra do Centro Desportivo Nacional do Jamor constitui um estádio multiusos localizado no vale do rio Jamor, freguesia da Cruz Quebrada - Dafundo, concelho de Oeiras.
     
    O Estádio é normalmente referido como "Estádio Nacional'", como "Estádio do Jamor" ou como "Estádio Nacional do Jamor". Estes termos são ocasionalmente usados também para designar o Complexo Desportivo Nacional do Jamor no seu todo, o qual se designou oficialmente "Estádio Nacional" até 1987.
     
    O Estádio de Honra inclui um campo de jogos de relva natural (usado sobretudo para a prática de futebol), uma pista de atletismo, zonas para salto em comprimento e vala para corrida de obstáculos. Tem capacidade para 37 500 espectadoEstádio de Honra do Centro Desportivo Nacional do Jamor constitui um estádio multiusos localizado no vale do rio Jamor, freguesia da Cruz Quebrada - Dafundo, concelho de Oeiras.
    Situado no vale do Rio Jamor, na freguesia da Cruz Quebrada - Dafundo, no concelho de Oeiras, o Estádio de Honra do Centro Desportivo Nacional do Jamor, é mais conhecido pelo portugueses como "Estádio Nacional" ou "Estádio do Jamor".
     
    A denominação Estádio Nacional foi a oficial desde a abertura em 1944 até 1987, ano em que perdeu o nome para passar a ostentar o atual.
     
    Com 37,500 lugares sentados, campo relvado e iluminação, além de pista de atletismo, o Estádio, pertença do Estado Português, é de há uns anos a esta parte somente o palco da final da Taça de Portugal e mais recentemente também da final versão feminina da prova. 
     
    @Domínio Público
    Apesar das diversas remodelações que veio a sofrer ao longo dos anos, o «Jamor» perdeu o estatuto de palco privilegiado do futebol português. Sem condições para receber jogos internacionais oficiais, o estádio que durante décadas foi a principal sala de visitas do futebol nacional, é um estádio que na maior parte do tempo se encontra vazio, e é pomo de discórdia, entre adeptos, dirigentes e políticos. 
     
    A promessa de Salazar
     
    Quatro dias antes do estádio ser inaugurado, a 6 de junho os aliados desembarcavam na Normandia, era o «Dia D», começava a libertação da França e o fim do III Reich. Portugal parecia um mundo à parte nesse Mundo devastado a ferro fogo em 1944.
     
    O projeto de um Estádio Nacional remontava a 1933, quando o Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar falou pela primeira vez publicamente na necessidade de se construir um Estádio Nacional com o objetivo de reforçar o papel do desporto na educação da juventude portuguesa.

    @Domínio Público
    Salazar declarou que desejava o «crescimento de uma raça forte e sã que pudesse vir a defender o seu país». No ano seguinte o governo de Salazar lançou o projeto de construção do estádio que era então conhecido como "Estádio de Lisboa". 
     
    O vale do Rio Jamor em Oeiras foi o escolhido para a construção de um complexo desportivo à imagem do que já existia na Itália de Mussolini. 
     
    Durante cinco anos os diversos projetos arquitetónicos foram apresentados e avaliados. Dois seriam escolhidos para a decisão final, mas o eleito seria da autoria dos arquitetos Francisco Caldeira Cabral e Konrad Weisner. Em 1939 começava o projeto de engenharia, responsabilidade dos engenheiros Júlio Marques e António Brito.
     
    Salazar incumbiu o Eng.º Duarte Pacheco pela supervisão do projeto, contando este com a contribuição do Arquiteto Jacobetty Rosa e do Eng.º Sena Lino na elaboração da Tribuna de Honra.
     
    Duarte Pacheco era um dos homens fortes do Salazar e juntamente com António Ferro, um dos símbolos do Estado Novo. O seu projeto para o complexo desportivo do Vale do Jamor, tinha todas as características das obras monumentais do regime, e o desenho do estádio inspirava-se no Estádio Olímpico de Berlim que fora palco das Olimpíadas de 1936.
     
    Na mesma altura em que combinava a pasta das Obras Públicas e Comunicações com a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, Duarte Pacheco, estava também empenhado na realização da Exposição do Mundo Português que teria lugar em 1940.
     
    "Salazar promete, Salazar cumpre!"
     
    @Domínio Público
    Entre a planificação e conclusão da obra decorreram cinco longos anos. Em 1939 a Espanha já estava no quarto ano de Guerra Civil - o conflito terminaria no fim da primavera - e em setembro a Alemanha invadia a Polónia e começava a Segunda Guerra Mundial.
     
    Portugal viveu anos complicados, com restrições e racionamentos. O projeto do Estádio Nacional nunca foi abandonado e ao aproximar-se do fim tornou-se num símbolo muito importante da prosperidade nacional e o exemplo de um país que vivia em paz, cercado por um mundo em guerra.
     
    António Ferro, mestre da propaganda do Estado Novo, trabalhou bem a mensagem da importância da obra e quando o estádio estava finalmente de pé, pelo país inteiro corria a frase: «Salazar promete, Salazar cumpre!».
     
    A festa abrilhantada por Peyroteo
     
    A inauguração ficou marcada para o dia 10 de junho, o «Dia da Raça». Em clima de festa, com 60 mil espetadores nas bancadas, milhares de jovens e atletas passaram pelo relvado imaculado durante o fim da manhã e começo da tarde.
     
    Na tribuna, Salazar sentado ao lado do Presidente da República, o General Óscar Carmona, saudou o povo e a juventude. 3 600 filiados da classe de ginástica da Mocidade Portuguesa, mais 4 000 atletas da Federação Nacional para a Alegria no Trabalho, a FNAT, o atual INATEL, e ainda 3 000 atletas representando diversos clubes nacionais de todos os pontos do país, maravilharam a tribuna presidencial e a multidão, com uma grande manifestação de acrobacias, ginástica e amor pátrio.
     
    @Domínio Público
    A festa terminou com a disputa de um jogo de futebol entre o Campeão Nacional Sporting e o vencedor da Taça de Portugal Benfica, a Taça Império, sendo uma precursora da Supertaça Cândido de Oliveira.
     
    Dois troféus foram entregues no final, a Taça Império, pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Taça Estádio, pelo governo de Salazar.
     
    Os leões venceram por 3x2, graças a dois golos do incontornável Fernando Peyroteo, e levaram os dois troféus para casa.
     
    Jogos memoráveis
     
    Ao longo dos anos, o Jamor recebeu diversos jogos memoráveis. O primeiro que se destaca é a humilhante derrota que Portugal sofreu às mãos da Inglaterra em 1947 (0x10).

    Um ano antes disputara-se a primeira final da Taça de Portugal no Estádio Nacional, com o Sporting a vencer o Atlético por 4x2. Até 1974 e à Revolução dos Cravos, só por uma vez o Estádio Nacional não foi palco da final da Taça, em 1961, quando o Leixões surpreendeu o FC Porto nas Antas
     
    No fim dos anos quarenta, começo da década de 50 seria também palco de duas edições da Taça Latina. A de 1950, em que o Benfica venceu o Bordeaux na longa maratona que foi essa final, e a edição de 1953, quando o Stade Reims venceu o Milan
     
    Além da Taça Latina, o Jamor ficou na história das competições europeias por ter sido o palco do jogo de estreia da competição entre Sporting e Partizan de Belgrado e a final de 1967, onde os escoceses do Celtic bateram o Inter por 2x1. 
     
    @Domínio Público
    Em 1961, o Estádio Nacional foi o palco da primeira conquista internacional do futebol português, com a vitória lusitana no Campeonato da Europa de Juniores. 

    Palco de finais da Taça de Portugal, jogos do Sporting, Benfica e Belenenses, casa principal da Seleção Nacional, o Jamor perdeu importância depois do advento da democracia. Após três anos em que as finais se jogaram em Alvalade e nas Antas, a final da Prova Rainha regressou ao Jamor, apenas com a exceção da final de 1983, novamente jogada nas Antas.
     
    A partir dos anos 80 o palco foi contestado muitas vezes pelo FC Porto, em particular pela voz do seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, que se referia ao recinto como o Estádio de Oeiras.
     
    Em 1996 o Estádio Nacional viveria a sua hora mais triste, com a morte de um adepto do Sporting, Rui Mendes, vítima do disparo de um very light por parte de um adepto benfiquista, Hugo Inácio. A tragédia voltou a reforçar o ceticismo dos críticos do Estádio Nacional, atacando o seu anacronismo e a falta de condições de segurança, lembrando sempre que o recinto não tem condições para receber jogos oficiais organizados pela FIFA e pela UEFA. 

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    Estádio Nacional do Jamor
    Lotação37593
    Medidas105x68
    Inauguração1944