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    Skënderbeu

    Texto por João Pedro Silveira
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    Batizado com o nome do grande herói nacional albanês, o Skënderbeu, apesar dos sucessos iniciais, viveu grande parte da sua história na sombra dos grandes clubes de Tirana. Seria preciso esperar pelo novo milénio, para os «Lobos da Neve» se tornarem num caso sério no panorama futebolístico da «Terra das Águias».

    Um herói nacional

    A Albânia será um dos países mais desconhecidos da Europa. O comum cidadão europeu pouco saberá sobre a «Terra das Águias». Saberá porventura o nome da capital, Tirana, saberá que é banhada pelo Mar Mediterrâneo e terá uma vaga ideia da ditadura comunista que durou até 1990. 

    Três nomes destacam-se na centenária história do país. Enver Hoxha, ditador comunista entre 1944 e 1985 e principal responsável pelo gigantesco atraso económico que o país viveu durante a segunda metade do século XX e que ainda hoje se faz sentir na sociedade albanesa.

    O segundo nome que alguns não albaneses reconhecerão é do Rei Zog, Ahmet Muhtar Zogolli de nascimento, pertencente a uma família de governadores nobres do Império Otomano que foi Primeiro Ministro da Albânia, depois Presidente da República e que mais tarde se proclamou Rei. Seria derrubado em 1939 quando a Albânia foi invadida e anexada pela Itália Fascista de Mussolini.

    Mas se Hoxha e Zog são reconhecidos fora das fronteiras da Albânia, nenhum deles tem a dimensão heroica de Gjergj Kastrioti Skënderbeu, mais conhecido como Skanderberg (do turco Iskander Bey, Príncipe Alexandre), herói nacional e incontestavelmente a maior figura da história albanesa.

    Skënderbeu, depois de ter estado ao serviço do Sultão, rebelou-se e liderou uma revolta nacional na sua Albânia natal. Içou o seu estandarte vermelho com uma águia bicéfala - ainda hoje o símbolo nacional albanês - e uniu os nobres albaneses, unificando o país que se manteve independente dos turcos até depois da sua morte em 1468.

    Pelas mãos de um poeta

    Depois de séculos de domínio otomano, a Albânia recuperou a sua independência em 1912. Três anos antes, em Korçë, uma pequena cidade do interior a dois passos da fronteira com a Grécia, Hilë Mosi, um poeta e político, fundou um clube de futebol com o nome de Vllazëria. O autor de «A Voz da Terra Natal» e «Canções Albanesas» era um nacionalista apaixonado que tinha viajado pelo estrangeiro e que descobrira a prática desportiva nas suas viagens. Enquanto vivia em Korçë resolveu então fundar um clube à imagem do que encontrara em Itália e na Grécia.

    Seria este clube, ao qual outros clubes se juntariam nos anos mais tarde, que estaria na génese do Klubi Futbollistik Skënderbeu Korçë, clube de futebol que nasceu a 15 de Abril de 1925. O nome do grande herói nacional era uma escolha óbvia para o grupo de jovens nacionalistas apaixonados por futebol.

    Escolheram também o seu icónico elmo e espada para o emblema, tomando o vermelho e o branco como as cores para o seu novo clube, o que lhes valeu a alcunha de Bardhekuqtë (vermelhos e brancos).

    Durante os primeiros anos, o Skënderbeu defrontava pequenos clubes locais, ou efetuava visitas aos países vizinhos - Korçë fica a cerca de 20 km da fronteira com a Grécia, e a pouco mais de 30 da Macedónia, que então pertencia ao Reino da Jugoslávia.

    Após anos de jogos amigáveis e pequenas ligas locais, o Skënderbeu participou na primeira edição do campeonato nacional albanês. Sendo o único clube da região que participava na prova, o clube conquistou uma considerável massa de apoio local e tornando-se no "representante" da região.

    Vice-campeão no ano de estreia, acabaria por conquistar o seu primeiro título nacional em 1933, voltando a ser segundo classificado na época seguinte. A liga nacional seria interrompida depois da invasão italiana em 1939 e só seria retomada em 1945.

    Novos nomes e insucesso

    Com o fim da Segunda Guerra Mundial a normalidade voltou aos poucos ao país que entretanto se encontrava debaixo de uma ditadura comunista, liderada por Enver Hoxha.

    Longe dos principais centros do país como Tirana, Escodra, Vlora ou Durrës, o clube acabou por perder importância, deixando de competir pelos títulos como antes da guerra, sem contudo perder implantação local e um orgulho muito próprio na sua região, fazendo com que os seus adeptos orgulhosamente respondessem pelo nome de juglindorët, literalmente os sulistas. 

    Por ordem do novo regime comunista de Tirana, em 1947, o Skënderbeu mudou de nome para Dinamo Korçë e dois anos depois simplesmente para Korça. Em 1951 todos os clubes albaneses foram obrigados a mudar o nome para Puna, palavra que significa «trabalho» no idioma local.

    Caindo no segundo escalão, venceria a competição em 1975/76, subindo novamente à Primeira Liga onde terminou na segunda posição no ano do regresso. Histórica seria a presença na final da Taça de 1975/76, quando o clube militava no segundo escalão. Já antes, em 1958 e 1965, os Ujqërit e Dëborës (lobos da neve) chegara à final da Taça, sem conseguir vencer o jogo decisivo.

    Chegar ao topo

    Durante os anos 80 e 90 os sulistas voltaram a atravessar por diversas descidas e subidas de divisão, nunca estabilizando no primeiro escalão até ao novo milénio.

    Seria só em 2009/10, que perante a possibilidade de mais uma despromoção, uma nova direção tomou posse no clube. Agim Zeqo, diretor da Red Bull Albania tomou posse como presidente e os «lobos da neve» sofreram uma transformação radical, com efeitos quase imediatos.

    Mirel Josa foi o treinador encarregado de salvar a equipa, contratando um conjunto de jogadores para ajudar os sulistas a garantir a permanência. No final da época, por culpa do 10.º lugar, o Skënderbeu teve de disputar, com sucesso, um play-off contra o KS Kamza.

    Reforçada com alguns dos melhores jogadores nacionais, o Skënderbeu assumiu o objetivo de lutar pelo título na época seguinte.

    Shkëlqim Muça substituiu Josa e trouxe para Korçë diversos internacionais albaneses como Orges Shehi, Ditmar Bicaj, Endrit Vrapi, Jetmir Sefa e Bledi Shkëmbi que transformaram a nova equipa num caso de sucesso.

    Campeões em 2011, começariam uma histórica caminhada para o Pentacampeonato, batendo o recorde do tetracampeonato conquistado pelo Dinamo de Tirana nos anos 50. 

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