«Espinho, Espinho, Espinho luta sempre vai em frente. Espinho, Espinho, Espinho tens aqui a tua gente. Espinho, Espinho, Espinho luta sempre vai em frente. Espinho, Espinho, Espinho tens aqui a tua gente. Somos o Espinho, somos o Espinho, gente do mar que exulta e sofre, almas a vibrar em emoções, gargantas roucas de tanto sofrer. Somos o Espinho, somos o Espinho, gente do mar que exulta e sofre, almas a vibrar em emoções, gargantas roucas de tanto gritar. Força, força campeões».
É com estas palavras que começa o hino do SC Espinho, emblema histórico do futebol português, clube de uma cidade do distrito de Aveiro, mas mais ligada sentimentalmente ao grande vizinho do norte, a Cidade Invicta, que na verdade fica bem mais próxima de Espinho que a capital do Distrito a que pertence.
Cidade famosa pelo mar, pela praia, pelo casino, pela linha de comboio que rasgava a cidade a meio, assim como pelas ruas numeradas, Espinho é uma cidade do Desporto, com forte ligação ao voleibol e à sua variante de praia. Mas dentro das quatro linhas, em campos pelados ou relvados, o ##Sporting de Espinho também fez história, sendo presença recorrente entre os grandes da década de 70 à década de 90.
Tudo começou a 11 de novembro de 1914, numa altura em que a Europa estava num caos com o início, quatro meses antes, da Primeira Guerra Mundial, na qual ##Portugal participaria ao lado dos Aliados a partir de 1916. Mas para já, ##Portugal ainda não participava no conflito, vivendo já de si um período conturbado, com a I República (proclamada quatro anos antes) a debater-se com crises sucessivas.Até à data da fundação do SC Espinho, vários rapazes, a maioria sem grandes recursos económicos, disputavam torneios particulares com clubes do Porto. Foi graças a essa paixão que o clube nasceu, tendo Joaquim Gomes dos ##Santos como primeiro presidente. O SC Espinho nasceu para ficar e Alberto Valente, jornalista que foi atleta do clube, escreveu palavras precisamente nesse sentido em 1931, apenas 17 anos após a fundação, no número único que foi impresso da publicação Espinho Ilustrado.
«Foi há muito tempo já que alguns rapazes falaram pela primeira vez na fundação do ##Sporting Clube de Espinho. E os velhos papás desses jovens que hoje também já são...papás, estremeceram de terror só em pensar que os meninos queriam andar, como doidos, a traz duma bola de coiro, suando por todos os poros, com joelhos à mostra, aos encontrões uns aos outros e, ainda por cima, rebentando as botas e sapatos.
Há tanto tempo que isso foi...(...) Logo nos primeiros tempos, nos tempos lendários das balizas às costas, os jogadores de camisa branca com colarinho e punhos negros começaram a fazer das suas...Principiaram a dar que falar...Vinham grupos de fora, de Ovar, do Porto, de Aveiro, etc, e a malta de então já levava a melhor.
O antigo Campo das Rolhas e um outro fronteiriço à Fábrica Brandão Gomes, foram os primeiros cartazes de sensação para a boa propaganda e glória do ##Sporting. É certo que não mereceram prémios chorudos – mas talvez por isso mesmo, foram eles que melhor reclame fizeram ao Club, à terra, à região, à praia e a....Espinho.(...) Mas o ##Sporting Clube de Espinho não é como os heróis de curta vida que se deixam adormecer nos louros conquistados. Se hoje vale dez, só pensa em valer cem. A alma desportiva é uma alma de luta.
O ##Sporting possui já, mercê dos esforços das gerações antigas, um passado honroso que o enobrece. Tem tradições que pretende defender com unhas e dentes».
Conquista da Taça de Honra após final adiada devido a corrida de touros
Apesar de em 1924 ter sido um dos sócios fundadores da Associação de Futebol de Aveiro, o SC Espinho após a sua fundação inscreveu-se na Associação de Futebol do Porto, participando nas competições por esta organizada. Assim, em 1918 participou na Taça de Honra, competição que contou também com a presença do FC Porto, Boavista e Salgueiros.
Os espinhenses eliminaram o Boavista nas meias-finais e garantiram o passaporte para a final, na qual tiveram o Salgueiros como adversário. O jogo decisivo estava marcado para o Campo de Ramalde, mas no mesmo dia ia realizar-se uma corrida de Touros na praça da Areosa, razão pela qual o Salgueiros pediu o adiamento do jogo, pedido que não foi atendido pela Associação de Futebol do Porto, que acabou por atribuir a vitória na competição ao SC Espinho, alegando falta de comparência do adversário.
Porém, os espinhenses, não satisfeitos com o desfecho apesar de terem a taça na sua posse, propuseram a realização da final contra o Salgueiros a 25 de agosto de 1918. A única alteração foi o local do encontro, a realizar-se no Campo da Avenida, em Espinho, e não no Campo de Ramalde. O SC Espinho acabou por golear o Salgueiros por 4x0 e assim conquistar na mesma o troféu. Joaquim Assis, Américo Valente, António Moreira, Mário de Castro, Velez Carneiro, Carlos Lopes, João Brito, Lopes Carneiro, Tavares Bastos, João Nunes e Artur Sebastião foram os jogadores espinhenses que atuaram nessa partida.
«Já antes da hora marcada o nosso magnífico campo de jogos oferecia um aspecto encantador tal a numerosa multidão que desejava presenciar tão sensacional encontro. Nas cadeiras, principalmente, a assistência era das mais escolhidas e constituída na sua maioria por senhoras que imprimiam à festa um certo cunho de distinção.O Campeonato de ##Portugal, prova organizada pela Federação Portuguesa de Futebol e que reunia anualmente os campeões distritais, foi a primeira competição de âmbito nacional em que o SC Espinho marcou presença.
Melhor marcador na 1.ª Liga | Vítor Maia (27 golos) |
Mais jogos na 1.ª Liga | João Carlos (174 jogos) |
Mais jogos como titular na 1.ª Liga | Raúl (156 jogos) |
Mais minutos disputados na 1.ª Liga | Raúl (13922 minutos) |
Mais jogos como suplente utilizado na 1.ª Liga | Vitorinho Belinha (38 jogos) |
Mais amarelos na 1.ª Liga | Marcos Antônio (20 amarelos) |
Mais duplos amarelos na 1.ª Liga | Filó (3 duplos amarelos) |
Mais vermelhos na 1.ª Liga | Lino e Marcos Antônio (2 vermelhos) |
Os tigres, na condição de campeões da Associação de Futebol de Aveiro, fizeram parte dos participantes na competição em 1925, tendo tido uma estreia feliz, ganhando à Académica por 2x1, na primeira eliminatória. Joaquim Simplício e António Rodrigues foram os marcadores dos golos espinhenses no encontro que decorreu no Campo de S. Domingos, em Aveiro.
Ultrapassados os estudantes, o sorteio ditou o confronto com o FC Porto, mas aí os dragões levaram a melhor, ganhando por 4x1. Júlio Cardoso, com um golo na própria baliza, apontou o tento de honra do SC Espinho frente àquele que iria sagrar-se vencedor do Campeonato de ##Portugal nesse ano, ganhando ao Sporting na final.
Refira-se que o SC Espinho participou por mais oito ocasiões na prova antecessora da Taça de ##Portugal, tendo no total da competição alcançado dez vitórias e 15 derrotas nos 25 encontros disputados (45 golos marcados e 80 sofridos).
O Ciclone de Espinho
Em 1925, as obras decorriam a bom ritmo, mas a passagem de um ciclone por Espinho tornou o sonho de um campo melhorado num pesadelo. A natureza tinha pregado uma partida ao SC Espinho, mas o clube conseguiu mesmo concluir as obras, graças à ajuda conseguida de diversas partes.
Através da imprensa da época, de donativos da Associação de Futebol do Porto e da Comissão de Turismo, da receita conseguida com um jogo da seleção nacional e de um empréstimo junto da Federação Portuguesa de Futebol, as obras no Campo da Avenida avançaram e ficaram concluídas dentro do prazo estabelecido.
«(...) Em 1925 apressavam-se as obras no Campo da Avenida para que a sua utilização se fizesse com brevidade por motivo dos jogos do campeonato distrital de futebol que, já nessa altura, trazia tudo e todos em alvoroço. A vedação do terreno encontrava-se quase concluída e o edifício dos vestiários, balneários, secretaria, dependências do guarda do campo, etc, - dos melhores daquele tempo, léguas em redor, - também viam muito próximo o fim da sua construção.
Quem estas linhas escreve regressava de Aveiro onde fôra por motivo de uma reunião da Associação de Futebol, tendo por companheiros de viagem dois desportistas que tinham ido àquela cidade com o mesmo fim. Enquanto o comboio ia comendo quilómetros - a sua chegada a Espinho dava-se por volta das treze horas – falamos do nosso campo e com uma vaidade aceitável dizíamos: - Vocês vão ver se lhes falou ou não verdade. Quando éramos chegados à antiga Fábrica Brandão Gomes, chamamo-los à janela para apreciarem o nosso sonho de tantos anos.
Segundos depois, ficamos petrificados! O edifício e a vedação das proximidades estavam por terra! Paredes, travejamentos, janelas, portas, tudo constituía uma amálgama que os nossos olhos não queriam ver e que a nossa razão se recusava a acreditar como sendo verdadeiro tal espectácuço. Infelizmente assim era: um tufão – o ciclone de 1925 como ficou pelos tempos fora – atingiu Espinho e incidira mais sobre o bairro piscatório, tendo causado aquela destruição! E agora, como há-de ser?
O Campo da Avenida, demasiado pequeno para a receção ao União de Lamas, festejou e de que maneira o feito do SC Espinho, algo que no início da época parecia quase impossível. Francisco Andrade foi o treinador responsável por subir de divisão, sendo o clube nessa altura presidido por Lito Gomes de Almeida.
A equipa do SC Espinho já não era constituída apenas por jogadores que dedicaram a vida ao clube, tal como acontecia antes, e Telé, avançado brasileiro, foi o melhor marcador na temporada de 1973/1974, com 26 golos.
A estreia
Foi a 8 de setembro de 1974 que o SC Espinho teve a estreia no principal escalão do futebol português. Na primeira jornada, os tigres deslocaram-se a Guimarães para medirem forças com o Vitória e foram goleados por 5x0. Rui Rodrigues, Jeremias, com um bis, Tito e Abreu foram os marcadores de serviço dos minhotos.
Após ter sido goleado pelo Vitória de Guimarães, o SC Espinho estreou-se nos jogos em casa para a primeira divisão na jornada seguinte frente ao Vitória de Setúbal.
Os comandados de Fernando Caiado conseguiram garantir o primeiro triunfo diante dos sadinos. O resultado final foi o 1x0 e Augusto foi o autor do tento da vitória, entrando para a história do clube como o marcador do primeiro golo dos tigres no principal escalão do futebol português.
Refira-se que o SC Espinho alinhou com Aníbal, Washington, Gonçalves, Valdemar, Simplício, Júlio, Bené, Augusto, Bernardo da Velha, Telé e Malagueta.
A época de 1979/80
A temporada de estreia do SC Espinho no principal escalão do futebol português não correu de feição, pois os tigres acabaram por descer à segunda divisão. No entanto, regressaram em 1977/1978, tendo sido novamente despromovidos no final dessa época.Só em 1979/1980, quando voltaram ao convívio dos grandes, é que se conseguiram manter-se pela primeira vez no principal escalão, garantindo também a melhor classificação de sempre na primeira divisão, o 7.º lugar. Sob o comando de Manuel José, o SC Espinho realizou uma temporada tranquila, com 11 vitórias, seis empates e 13 derrotas nos 30 jogos disputados.
Durante cinco épocas consecutivas o SC Espinho conseguiu manter-se no principal escalão, mas acabou por ser despromovido ao fim da temporada 1983/1984, na qual terminou o campeonato como 16.º classificado.
Foram três anos de ausência, pois os espinhenses regressaram à primeira divisão em 1987/1988, garantiram a permanência com o 8.º posto alcançado, mas acabariam por descer novamente em 1988/1989. A partir daqui o SC Espinho nunca mais conseguiu ficar mais do que uma época entre os grandes. Regressou em 1992/1993, mas desceu na mesma época, voltando pela última vez em 1996/1997, caindo ao fim dessa temporada para iniciar um longo período de ausência entre os grandes.
O adeus ao primeiro escalão
Bolinhas e Caetano foram os marcadores de serviço do SC Espinho no seu último encontro na primeira divisão e o último treinador a sentar-se no banco num jogo ao mais alto nível foi Edmundo Duarte.
Para a despedida, o técnico fez alinhar um onze composto por Dagoberto, Paulo Pires, Duka, Carvalhal, Joilton, Besirovic, Márcio Luís, Pedro, Carlos Pedro, Bolinhas e Artur Jorge Vicente. Entraram ainda Caetano, Soeiro e Peter Lipcsei.
A Taça de Portugal
O SC Espinho voltou a ser falado nos últimos dias a nível nacional por receber o Sporting para a quarta eliminatória da Taça de Portugal. Será a oitava vez que os dois conjuntos vão medir forças para a prova rainha do futebol português e nas sete anteriores verificaram-se apenas triunfos dos leões.
Tal como vai acontecer recentemente, em duas das sete partidas disputadas o SC Espinho jogou na condição de equipa visitada, mas isso de nada valeu para conseguir contrariar o favoritismo da turma de Alvalade.
A segunda vez que chegou tão longe na prova foi em 1988/1989, embora nessa edição já tenha disputado mais jogos. Primeiro começou por eliminar o Santacombadense ao fim de dois encontros (2x2 no primeiro e 7x0 no segundo que serviu de desempate), seguindo-se vitória sobre o Câmara de Lobos (1x4), Boavista (2x1) e Estrela da Amadora (1x0). A derrota acabou por surgir frente ao Belenenses (2x1).
Por fim, foi em em 1991/1992 que o SC Espinho chegou pela derradeira vez aos quartos-de-final. Eliminou o União de Tomar (0x0 e 1x2), União de Leiria (3x1), Vitória de Guimarães (2x0) e Chaves (0x0 e 1x1), tendo sido goleado pelo Benfica por 6x0.