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Germano: O Esteio Encarnado

Texto por António Ferreira Dias
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Foi no Benfica (1960/61 até 1965/66) que atingiu os píncaros da fama. Era um verdadeiro comandante da equipa, com visão exata da melhor estratégia a seguir.

Defesa central de excelente domínio de bola, distribuía-a aos médios e avançados com admirável rapidez e precisão e a elegância de quem sabe o que faz e o que deve fazer.
 
Logo a 5 de janeiro de 1961, a revista inglesa “Football Magazine” considerava Germano o 3º melhor defesa da Europa. O Record, no seu livro “100 Melhores do Futebol Português”, entende que Germano foi “o mais completo jogador de futebol que Portugal conheceu."
 
No entanto, Germano trazia consigo um coração todo feito de amargura. Tinha 11 anos quando o pai faleceu. Três anos depois, a morte da mãe. Para cúmulo, a saúde de Germano fora-lhe madrasta. Uma pleurisia líquida e problemas pulmonares obrigaram-no a interromper o futebol e a albergar-se no Hospital do Caramulo. Em 1956/57 não houve futebol para Germano. Na altura, era jogador do Atlético desde 1951/52.
 
O sol brilhou e Germano Figueiredo regressou curado. Em 57/58 voltava a jogar no Atlético, mas encontrou o clube na II Divisão. Germano dava nas vistas e, em 58/59, o seu Atlético sagrava-se campeão da II Divisão.
 
Entra no Benfica em 1960/61 e, logo nessa época, faz parte dos vencedores da Taça dos Campeões Europeus, tal como em 1961/62.
 
A 27 de maio de 1965, em San Siro, tarde de glória para Germano. O Benfica jogava com o Inter de Milão numa final da Taça dos Campeões Europeus. Lesionou-se o guarda-redes Costa Pereira que, momentos antes, consentira um golo, vulgo “frango”. Aos 57 minutos, Germano foi para a baliza.
 
Até ao fim brilhou entre os postes e defendeu tudo. O Benfica fora derrotado, mas apenas derrotado por um golo do brasileiro Jair.
 
Na Seleção Nacional fez 24 jogos. Germano era um senhor. Ao terminar a carreira no Salgueiros, em 1967/68, há um episódio curioso que vale a pena recordar. Era seu treinador o célebre Frederico Barrigana, ex-guarda-redes do FC Porto. No balneário, Barrigana, eufórico, dissera: «Ó Germano, lembras-te quando estávamos na Selecção...?»
 
Germano, muito sereno, atalhou de imediato: «Ó senhor Barrigana, Germano não, senhor Germano! Nós nunca estivemos juntos na Seleção. O senhor Barrigana é mais velho do que eu...»
 
Era assim o senhor Germano: um filósofo do futebol, sempre de livro debaixo do braço, pronto para ler, olhar distante fora do relvado, muito confiante nas suas ideias, não dando nenhuma confiança ao mundo que o rodeava, dialogando silenciosamente com o seu íntimo.
 
Germano: um excelente praticante de futebol, um introvertido cheio de simpatia.
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