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    Rivalidade
    Rivalidades

    À sombra da Giralda: Sevilla x Betis

    Texto por João Pedro Silveira
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    Se há um lugar no mundo onde a paixão faz parte do modo de vida das suas gentes, onde a vida e a morte se cruzam, a religião e a fé, caminham de mão dada com sensualidade e a virilidade, essa terra é a Andaluzia. Terra de lendas, de boa mesa, campos a perder de vista, verdes no inverno e queimados debaixo da canícula inclemente do verão.
     
    Señas de identidad

    Falamos de uma terra de cultura e arte, tradições seculares como o flamenco e a tourada; berço de revolucionários, poetas, guerreiros, católicos empedernidos, artistas celebrados em todo o mundo...
     
    E se há um local que consiga reunir todos os encantos andaluzes e ser a definição da própria Andaluzia, a sua quintessência, esse lugar só pode ser Sevilha, a sua capital, cidade banhada pelo Guadalquivir e pela história. 
     
    Tradição e História: Uma sevilhana posa junto ao Guadalquivir com o traje típico. O rio a que os romanos um dia chamaram Baetis e a quem o Bétis foi buscar o nome.
    Símbolos, ou señas de identidad não faltam em Sevilha: a Semana Santa, com as suas procissões de uma intensidade sem paralelo no mundo cristão; o flamenco, lamúria da alma andaluza; as touradas, com o sangue na arena; a Giralda, torre imponente que evoca a todos os que visitam a cidade do Guadalquivir, a secular presença árabe naquelas paragens...
     
    Entre os mais reconhecidos símbolos hispalenses conta-se também o Derbi Sevillano, o histórico embate entre os dois maiores da capital andaluz: Real Bétis Balompié e Sevilla Fútbol Club, que desde o primeiro encontro oficial em janeiro de 1910, alimentam uma rivalidade sem par na vizinha Espanha.
     
    Uma rivalidade centenária
     
    Los Del Rio, sevilhanos que imortalizaram a «Macarena», foram autores de uma canção-declaração de amor à «Jóia do Guadalquivir», a famosa «Sevilla tiene un color especial», mas a verdade é que se perguntarmos em Sevilha, aos sevilhanos, quais são as cores da cidade, a resposta que vamos obter estará dependente se estamos a falar com rojiblancos ou verdiblancos.

    Benito Villamarín engalanado para mais um dérbi jogado sob o sol generoso da Andaluzia.
    Contudo, ambos juram que a rivalidade pelo outro existe desde sempre. Desde sempre não será verdade, porque o primeiro dérbi foi há pouco mais de cem anos...
     
    A 28 de novembro de 1909, béticos e sevillistas enfrentaram-se pela primeira vez na história, no Prado de San Sebastián em Sevilha, o sucesso sorria aos balompédicos, que então ainda eram conhecidos por Sevilla Balompié, estando os espetadores que presenciaram a partida, longe de imaginar a importância do que tinham acabado de presenciar. 
     
    O actual Real Betis Balompié é o resultado da fusão ocorrida em 1914, entre o Sevilla Balompié e o Betis FC; Já por sua vez o Sevilla FC pode reclamar ser mais antigo que o vizinho, remontando a sua origem a 14 de outubro de 1905, não obstante alguns historiadores locais defenderem a fundação de um antepassado do Sevilla FC no fim do século XIX.
     
    Títulos e conquistas
     
    Betis e Sevilla são os únicos clubes andaluzes que podem se gabar de já terem ganho o Campeonato de Espanha e a Taça do Rei. Além dos títulos nacionais, o Sevilla ainda se pode gabar das conquistas europeias (Taça UEFA e mais tarde a Liga Europa, mas também a Supertaça europeia). Pelos troféus conquistados, pelo número de presenças na primeira divisão e pelas numerosas massas associativas, são de direito próprio, dois históricos do futebol espanhol.
     
    Béticos e sevillanos lado-a-lado, uma rivalidade centenária.
    Os rivais partilham contudo um facto indesmentível: ambos os clubes são alvo de um apoio inexcedível dos seus adeptos. No novo milénio, a média de espectadores, tanto no Benito Villamarin, como no Sánchez Pizjuán nunca fica abaixo dos 30 mil espectadores por jogo, números que só foram superados normalmente por Barcelona, Real Madrid, Atlético Madrid e Valencia.
     
    Décadas de dérbies
     
    Não há consenso sobre o resultado do primeiro jogo disputado pelos clubes com as suas atuais denominações. Se os sevillistas lembram uma vitória por 3x0 em outubro de 1914, já os béticos falam de uma vitória verde-e-branca em janeiro de 1915 (1x0).
     
    Ao longo da história e particularmente nos últimos anos, o Sevilla conseguiu um ligeiro ascendente de resultados sobre o rival.
    Resultado que não deixa duvidas foi o conseguido pelo Sevilla em 1918, um histórico 22x0 a contar para Taça da Andaluzia, recorde que ainda perdura. Todavia, convém recordar que o béticos apresentaram uma equipa totalmente composta por juniores, como protesto, pois dois dos seus melhores jogadores - Artola e Canda - não puderam participar no jogo, pois foram obrigados a permanecer no quartel onde cumpriam o serviço militar.
     
    Se o Betis foi o primeiro a chegar ao primeiro escalão, e o primeiro a ser campeão de Espanha (1934/35), é o Sevilla contudo que tem mais presenças no primeiro escalão, conseguindo até aos nossos dias mais de vinte presenças na Liga do que os vizinhos e rivais. Outra coroa de glória blanca y roja, é o fantástico período entre 2005 e 2007, com duas vitórias na Taça UEFA, além de vitórias na Taça do Rei, Supertaça de Espanha e Europeia, deixando o rival, consideravelmente para trás, no que toca ao número de troféus conquistados... Em 2014 e 2015, o Sevilla venceu a Liga Europa por duas épocas consecutivas, assumindo-se como um especialista na prova, celebrando nos grandes palcos europeus, enquanto o rival se arrastava pela segunda divisão...
     
    Memória de dérbies passados...
     
    Toda a gente que já assistiu ao dérbi sevilhano, sabe que o confronto entre os dois, é bem mais que uma questão de vida e morte. A rivalidade é feroz e o ódio move os adeptos, como em poucas partes do mundo. 
     
    Sevillistas festejam mais um golo contra o «eterno» rival.
    Os primeiros dérbis disputados nos novos estádios do Sevilla, sorriram sempre às cores visitantes, mas o Betis não se pode rir, porque o primeiro dérbi no Benito Villamarín sorriu ao Sevilla. O gosto particular de estragar a festa do rival corre no sangue de ambos...
     
    Em 2004/05 pela primeira vez um árbitro achou que os equipamentos das duas equipas eram parecidos por ambos terem riscas brancas e como o jogo era no Ramón Sánchez Pizjuán, o Betis teve de trocar a camisola. Los verdones não gostaram, mas Los Palanganas não se incomodaram e venceram por 2x1. 
     
    Os primeiro dérbies para um campeonato nacional aconteceu em 1928/29, então na Segunda, com as duas equipas a vencerem os jogos em casa, enquanto o primeiro dérbi na Primera Liga ocorreu em 1934/35, com um vitória dos béticos na casa do rival por 0x3. A 17 de Janeiro de 1943 o Betis foi goleado em casa do rival por 5x0, naquele que foi o resultado mais pesado entre ambos no primeiro escalão.
    Se conoce por derbi sevillano a los enfrentamientos entre los dos clubes de fútbol principales de Sevilla, Andalucía: los actuales Real Betis Balompié y Sevilla Fútbol Club. Sus disputas a lo largo de la historia le han convertido en el enfrentamiento más reñido del fútbol español.
    A lo largo de su historia se han enfrentado en partidos oficiales correspondientes al Campeonato Regional del Sur, la Copa de Sevilla, Liga española —tanto en Primera como en Segunda División— y en la Copa del Rey, habiendo disputado además numerosos encuentros amistosos. El primer partido oficial entre ambos se produjo el 5 de enero de 1910 en un encuentro válido por la primera edición de la Copa de Sevilla, con un resultado final de empate a cero goles,1 mientras que jugaron por primera vez el 28 de noviembre de 1909, saliendo victoriosos los balompédicos.2
    Como particularidad, cabe señalar que son los únicos equipos andaluces que han sido vencedores de las más antiguas y prestigiosas competiciones de España, la Copa del Rey y la Liga, además de encontrarse entre los veinte equipos que han militado en más ocasiones en la Primera División, motivos por lo que son considerados como dos de los clubes históricos del fútbol español.
     
    There is a popular Spanish song which features the lyric “Sevilla tiene un color especial” (Seville has a colour all of its own). Yet, in footballing terms, that colour very much depends on who you ask: green-and-white for followers of Real Betis and white-and-red for fierce city rivals Sevilla.
     
    Famous the world over for the celebrations during Semana Santa (Holy Week) and the Feria de Abril (April Fair), the atmosphere in the Andalusian city can be equally vibrant in the days and weeks prior to a meeting between the two sides, while the banter and taunting afterwards is no less lively. 
     
    The origins
    Sevilla, in the guise of Sevilla Foot-Ball Club, were founded in 1905, while Real Betis can trace their roots back to 1907. Contradictory information abounds with regard to the first clash between the two fledgling outfits, with some sources claiming a 3-0 Sevilla win in October 1914 and still others going with a 1-0 victory for Betis in January 1915. 
     
    Said controversy helped set the tone for an always fiercely contested derbi, one in which, at least in the pair’s 84 La Liga encounters, Los Sevillistas enjoy an edge over Los Béticos. Victors on 38 occasions to their neighbours’ 27, Sevilla have also scored 116 derbi goals compared to 100 for Betis.
     
    The latter outfit, however, can point to being the first Andalusian club to play in the top flight (in 1932/33) and the first to win the league title (34/35). Sevilla, for their part, have enjoyed 68 years in Spain’s first tier compared to Betis’ 47, also have one league crown to their name and have won the Copa del Rey five times to their rivals’ three. Adding particular lustre to Los Blanquirrojos’ trophy cabinet was a spectacular period between 2005 and 2007, which featured back-to-back UEFA Cup triumphs as well as victories in the Copa de Rey, the Spanish Supercopa and the UEFA Super Cup. 
     
    To date, the most emphatic win for either side came about in the 1918 edition of the Copa de Andalucia, when Sevilla thumped Betis by the astonishing score of 22-0. Nevertheless, it must be noted that their opponents had sent a youth team to the meeting as a form of protest, given that their two best players – Artola and Canda – had been forced to miss the match to do guard duty at the local barracks, as part of their military service. 
     
    Fortunately for the team in green-and-white, there have been no such mismatches in league clashes between the teams. Sevilla’s biggest win was a 5-0 home success back in 1943, while the high point for Los Verdiblancos was a 4-0 humbling in 1980.
     
    Tales of derbies past 
    As anyone who has attended the Seville derby will know, they customarily feature lively, not to mention piquant, verbal jousting and chanting between the rival fans. Adding to the fervour and animosity over the years are the duo’s tendencies to rain on their foes’ parade, such as Betis emerging victorious in Sevilla’s first official game in Nervion as well as their first competitive encounter in Sevilla’s current home: the Estadio Ramon Sanchez Pizjuan. Los Sevillistas also tasted a similarly sweet success themselves, when winning Betis’ first encounter on their own home patch.
     
    Trivia fans will also enjoy a curious incident from the 2004/05 campaign, which provided a notable first in the 75-year history of the derbi sevillano. Though the teams had always previously gone head-to-head with both wearing their traditional first-choice jerseys, the referee that day in the Sanchez Pizjuan felt there was a kit clash – thus making visitors Betis change into their second strip.  
     
    What's more, fans of Los Verderones (Betis) and Los Palanganas (Sevilla), have also witnessed many cases of players and coaches working on both sides of the divide – such as the cases of well-respected bosses Luis Aragones and Juande Ramos.
     
    More intriguing, however, was the story of Antonio Barrios, who in 66/67 guided Betis to promotion from the second division before making the switch to Sevilla. Yet things quickly went sour in Nervion for Barrios, who was removed from his post before the end of a 67/68 campaign that ended in relegation for Los Blanquirrojos. With Los Béticos also dropping down to the second tier that season, the call went out to their former boss, who soon guided Betis back into the top flight.
     
    The roll call of players tagged as traitors by one or other set of fans is certainly lengthy, but one highly unusual case stands out. In 1945, in the midst of a serious economic and sporting crisis, Betis sold their star player Francisco Antunez to their eternal rivals. As soon as the transfer became public, however, a groundswell of rage erupted from the Betis fans, a reaction which forced the club’s then President to rapidly back-pedal and try to block the player’s sale.
     
    And though the courts eventually found in Los Verdiblancos’ favour, it was not before Antunez had helped Sevilla to victory in the 1945/46 league championship race – which remains their one and only La Liga title to date. Moreover, the player’s return to Betis was conditional on the repayment of Sevilla’s original transfer fee, funds that were no longer in the club’s coffers. So with the threat of bankruptcy looming, and after Antunez had already made the move across town, the player found himself heading back to the team in white-and-red.
     
    The rivalry today
    Though there are four teams from Andalusia currently in Spain’s Primera Division, the Betis-Sevilla clash remains by some distance the highest profile of the region’s derbis. The first of two encounters in the 2011/12 campaign comes after a five-month delay, having originally been scheduled for the opening match of the season only for a players’ strike to push the game back to the penultimate weekend of January.
     
    Betis’ relegation to the Segunda Division after the 08/09 campaign has meant that Seville has been without its biggest footballing fiesta since February 2009. That game at the Sanchez Pizjuan was won by the hosts, though this weekend’s edition will be on Los Béticos’ home patch. And having enjoyed a flying start to the season on their return to the top tier, Betis are now sitting comfortably in 11th spot – just three points behind their seventh-placed neighbours, who have yet to fully recover from failing to qualify for the group stage of this term’s UEFA Champions League.

    Comentários

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    motivo:
    SP
    Confirmo
    2014-03-19 17h13m por Sphynks
    Estou em Sevilha em trabalho desde Fevereiro, e confirmo essa rivalidade.

    Ainda na semana passada, depois do jogo no Sanchez Pizjuan para a Liga Europa, ouviram-se foguetes na rua pela vitória do Bétis (estou alojado perto do Benito Villamarin)
    Bom artigo
    2014-03-18 09h45m por Dachau_
    Fica a recomendação para fazerem, um dia, o artigo sobre o derby do Minho. . . pode ser mais pequeno que muitos por esse mundo fora mas tem uma intensidade muito alta!
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