A Dinamarca foi a primeira, e até hoje a única, equipa a sagrar-se campeã europeia apesar de não se ter apurado para a fase final. Os dinamarqueses tinham ficado em segundo lugar num grupo dominado pela Jugoslávia, que era à época uma das melhores seleções do mundo.
O Brasil da Europa
Eliminada dois anos antes, nos quartos-de-final do mundial pela Argentina de
Maradona, após o desempate por grandes penalidades, a grande equipa da Jugoslávia era formada maioritariamente por jogadores do Estrela Vermelha de Belgrado que liderados pelo goleador Pancev e a magia de Savićević e Stojković, se havia sagrado campeã europeia de clubes em 1991, a geração de Boban, Šuker, Mijatović, Prosinečki, Jarni, Campeã do Mundo de Juniores em 1987, ameaçava conquistar a Europa, com a magia do seu futebol, levando a imprensa mundial a alcunhar a Jugoslávia como o «
Brasil da Europa».
A Guerra na Jugoslávia iniciara-se a 26 de junho de 1991, um dia depois da declaração unilateral de independência da Eslovénia, quando o exército jugoslavo atacou a Eslovénia. Seguiu-se a proclamação unilateral de independência da Croácia, que fez alastrar o conflito. Em 1992, a guerra chegou à Bósnia-Herzegovina, com o exército jugoslavo a apoiar as milícias sérvias afetas a Radovan Karadžić, no combate a croatas e bósnios-muçulmanos.
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A preocupação com a escalada do conflito, levou as Nações Unidas a votarem um conjunto de resoluções, com o objetivo de parar a máquina de guerra sérvia, apelando a um cessar-fogo, constantemente não respeitado por ambos os lados.
A resolução 757
A 30 de maio de 1992, fruto de prolongadas discussões, e após reiteradas violações de anteriores resoluções do Conselho de Segurança da ONU por parte das autoridades dos países envolvidos no conflito, os quinze membros do Conselho votaram a resolução 757, que entre as diversas medidas, proibia na alínea g) a todos os membros da ONU a participação em eventos desportivos onde estivessem presentes equipas de qualquer um dos países beligerantes.
Ainda no mesmo dia, a FIFA suspendia a Federação Jugoslava e proibia o intercâmbio desportivo com o país, obrigando a UEFA a excluir a seleção balcânica, que se havia qualificado no campo, de participar na fase final do Euro 92.
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Horas depois, chegava à sede da Federação Dinamarquesa o convite, já há alguns dias esperado, para a Dinamarca tomar o lugar dos jugoslavos na fase final.
Os jogadores dinamarqueses que tinham partido de férias, com o pré-aviso de convocatória, sacudiram as toalhas e guardaram as chinelas, era tempo de voltar a treinar, fazer as malas e apanhar o avião para estarem presentes na Suécia no torneio das suas vidas.