A naturalidade e, até mesmo, a descontração com que se assiste, na NBA, a uma paragem para avaliação da arbitragem a determinado lance é um excelente paralelo para se abordar esta questão. Como poderia ser o ténis ou o râguebi.
Está na hora de as novas tecnologias se instalarem no futebol, onde fazem notória falta. Cada vez mais. E esta coluna de opinião nem terá nenhum acrescento argumentativo para o assunto. É apenas uma espécie de reforço. E uma constatação.
A tal questão de «não faz sentido um adepto que veja o jogo em casa ter mais e melhores meios de avaliação do que o árbitro» encaixa na perfeição. É desigual, injusto e um atestado de incompetência que não tem nexo, num futebol que é jogado cada vez de forma mais intensa, meticulosa e pormenorizada.
E há dois exemplos opostos que detalham bem a relevância desta questão. Tem ouvido falar de Daniele Orsato? Provavelmente não, mesmo sendo internacional (esteve no Borussia Dortmund x Mónaco). E sabe porquê? Porque, no último sábado, o relógio o avisou, ao minuto 97 de um escaldante dérbi de Milão, que a bola de Zapata entrou na baliza do Inter, num 2x1 que passou a 2x2 ao cair do pano, com o Milan a manter o ponto de avanço sobre o grande rival. E conhece Viktor Kassai? É bem mais provável, sobretudo depois da noite de ontem no Bernabéu, com os vários lances que pudemos assistir.
Longe estarei eu de enveredar por qualquer teoria conspirativa. Bem pelo contrário.
Fui árbitro num torneio de futebol de amigos na minha terra e... enfim. Todos o deviam experimentar, nem que fosse nesse contexto, para se perceber a impossibilidade que existe de acertar tudo. Mas houve, no meu caso, um instinto não correspondido: o meu subconsciente adiava-me a decisão à espera das repetições.
Voilà! Tragam as tecnologias para o futebol. Mesmo que isso signifique uma reinvenção de alguns dos programas televisivos mais vistos do cabo, tragam-nas que só existe benefício. Garantindo que haverá celeridade nas decisões com recurso à repetição, não há como fugir desta enorme solução.